COMPORTAMENTO

10 atitudes para trabalhar sua inteligência emocional

*Texto escrito pela psicóloga Camila Reis, colunista no Superela.

Você já ouviu sobre inteligência emocional? E como ela impacta no seu desenvolvimento, no trabalho e na vida?

Muita gente já deve ter ouvido falar, já que este é um tema que vem sendo discutido com frequência nos últimos anos. Pessoas que têm inteligência emocional (IE) comumente se destacam nas empresas, indústrias, universidades, escolas e em tantos outros lugares.

O mercado de trabalho tem exigido pessoas para além das competências técnicas e acadêmicas, tem exigido pessoas capazes de lidar com as suas próprias emoções, lidar em situações de estresse e conflito, além de um profissional que sabe se relacionar com as diferentes pessoas e funções. O psicólogo Daniel Goleman traz este conceito como maior responsável pelo sucesso ou insucesso das pessoas, já que o relacionamento interpessoal predomina em diferentes situações dentro nas organizações.

Talvez agora você esteja se perguntando, afinal de contas, o que é isso? Bem, a IE pode ser definida para além da capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros. É um conjunto de habilidades comportamentais que proporcionam o seu próprio engajamento e o do outro a objetivos e interesses comuns, tais como: motivar a si mesmo, motivar o outro, persistir mediante frustrações, saber se controlar e ser habilidoso socialmente.

Por isso, acredita-se que pessoas com bons relacionamentos, compreensão e afabilidade proporcionam mais chance de se obter sucesso. Por ser um conjunto amplo de habilidades, certamente você deve ter algumas características e outras não. Abaixo vou listar e explicar um pouco a importância de cada uma delas.

1. Conhece-te a ti mesmo

Esta é a principal chave para o sucesso. O fato de se conhecer proporciona uma conscientização sobre o que somos e o que queremos e nos permite evoluir em todos os outros pontos que descreverei em seguida. Por isso, eu trago algumas questões: você já parou para pensar sobre onde quer estar daqui a cinco anos? E que tipo de pessoa quer ser? Você sabe o porquê de ter ficado triste “do nada”? Você sabe o que te deixa feliz? E sabe quais as situações e pessoas que te deixam bravo no trabalho? E em casa? Sabe também o que faz você gostar ou não de uma pessoa?

Autoconhecimento diz respeito a tudo, absolutamente tudo o que você é e quer ser. Quais são seus anseios, objetivos, preocupações, medos, sonhos, expectativas, como se vê e como quer que as pessoas te vejam, quais são seus sentimentos e como você os demonstra.

Mais ainda, você precisa avaliar quais são as consequências das suas ações, por exemplo, quando você é ríspida, controladora, “boazinha”, ansiosa, grossa, impulsiva etc. O processo do autoconhecimento é eterno e deve ser exercitado diariamente, pois nós mudamos a cada experiência vivida, nossos sonhos e objetivos também mudam, nada é estático.

2. Controle os seus impulsos e emoções

Quando nos conhecemos, aprendemos a analisar as nossas emoções e como elas se manifestam em nós e no ambiente ao nosso redor. Quando a gente realmente aprende quais os antecedentes das nossas ações que acreditamos ser inadequadas, nós podemos começar a nos controlar.

Por exemplo, se eu sei que me irrito quando um colega de trabalho me interrompe diversas vezes no dia para tirar dúvidas e a minha irritação se manifesta com grosserias, eu posso já prever que esse colega irá me interromper e aceitar essa condição. Ou, ainda, posso criar estratégias para que ele não me interrompa tanto ao longo do dia, como combinar um horário para as dúvidas. Ações como estas evitam que nos manifestemos no ambiente de forma inadequada.

Além disso, o autocontrole está nas ações onde verbalizamos, como também no momento de tomar atitudes precipitadas por influência do sentimento imediato. Autocontrole é abrir mão de uma coisa ou atitude agora por uma consequência melhor no futuro (ou até mesmo no presente). Às vezes, é melhor a gente engolir sapo agora do que ser mal visto a médio e longo prazo, não é mesmo?

3. Acredite em você

A autoconfiança é um sentimento em relação às coisas que fazemos e como nos posicionamos. Estar relacionado ao sentimento de coragem, capacidade enfrentamento, interesse pelo novo e proporciona a emissão de comportamentos bem sucedidos. Você já deve ter notado que pessoas autoconfiantes estão sempre fazendo muitas coisas e é exatamente isso que você precisa fazer para melhorar a sua autoconfiança: você precisa se expor, tentar, fazer coisas diferentes do que já faz, afinal, “ações iguais, resultados iguais, ações diferentes, resultados diferentes”.

Entretanto, é preciso chamar atenção para uma coisa: você precisa DOSAR a sua alta expectativa e seu alto padrão de exigência. Quando você se cobra demais para fazer uma coisa que ainda é difícil para você, só de pensar em começar, você geralmente já desiste. Por isso, é preciso ficar atento e se predispor a fazer aquilo que você realmente dá conta. Se for uma tarefa/objetivo muito complexo, quebre em etapas para ir se fortalecendo aos poucos e se sentindo capaz.

4. Sinta o sentimento do outro

A empatia é a capacidade de sentir e se colocar no lugar do outro, como se estivesse vivenciando a situação pelo olhar dele. É fundamental para o convívio coletivo em qualquer lugar. Muitas vezes temos dificuldade em entender e ouvir, parece que só existe a nossa verdade e ela é a única resposta. Mas, o que a gente esquece é que cada um de nós temos uma vida, com nossos valores, paradigmas e história, por isso, algumas vezes, o que parece certo para um é muito errado para o outro. Dessa forma, precisamos pensar antes de sermos intolerantes com a opinião ou postura do outro e buscar compreender e acolher os sentimentos e emoções do outro de forma objetiva e racional.

5. Se reconstrua mesmo diante das maiores dificuldades

Resiliência pode ser entendido como a capacidade de se reconstruir, regenerar e se adaptar diante de situações adversas. Isso quer dizer que, mesmo diante de frustrações, decepções e dificuldades, você precisa seguir em frente. O sofrimento e as dificuldades são inerentes à vida humana e nós precisamos aprender a lidar com eles e tirar todos os ensinamentos destas situações. Recentes estudos mostram que aprender a lidar com sentimentos negativos é a chave para se sentir bem, por isso, se conhecer é fundamental para nos tornamos mais resilientes, pois, quando nos conhecemos, aprendemos a sentir autoconfiança e, consequentemente, sabemos que, mesmo com as dificuldades, nós conseguiremos nos reerguer e reconstruir.

6. Procure a energia que você tem guardada

Relacionado com os itens autoconhecimento, autoconfiança e resiliência, a automotivação, como o próprio nome já diz, é a capacidade de se motivar. A importância de se conhecer, confiar em si mesmo e saber que será capaz de superar as dificuldades são fundamentais para que aprendamos a nos automotivar. Crie estratégias que te ajudem a chegar aos seus objetivos, assista vídeos relacionados o que você quer, desenvolva pequenas metas e comemore cada passo dado e cada conquista. Ainda que esteja difícil se motivar, procure fazer coisas que gosta, conversar com pessoas sobre esses assuntos, troque ideias, se movimente… Tudo isso nos ajuda a correr atrás e focar no que almejamos.

7. Se posicione na hora certa e do jeito certo

Você deve ter ouvido falar muitas vezes do termo assertivo. Sim, você precisa treinar essa habilidade social de se posicionar e expressar o que você pensa ou gostaria na hora certa, com a pessoa certa e do jeito certo. A assertividade é a habilidade de expressar pensamentos, sentimentos, crenças e os seus próprios direitos de um modo honesto, claro e apropriado, sem violar o direito dos outros. O assertivo não é nem agressivo e nem submisso, ele expressa o sim e não quando for preciso. Geralmente pessoas assertivas são menos ansiosas, tem uma boa autoestima e autoconfiança.

8. Interaja com as pessoas

Ser comunicativo é fundamental para o seu desenvolvimento em qualquer organização. Transmita quem você é, o que você pensa e o que sente. Sabe aquele ditado “quem não é visto não é lembrado”? É bem por aí… Mas nunca esqueça do item anterior: você precisa saber falar na hora certa pra não ficarem com uma má impressão sua. Além disso, se comunicar não é só falar, como digo no próximo item.

9. Você sabe ouvir?

É isso aí gente, falar é fácil, né? E ouvir? Muita gente por aí tem dificuldade de ouvir e, quando eu falo isso, não estou falando de um problema auditivo, (aliás, pessoas com problemas auditivos geralmente são MUITO boas em ouvir os outros, pois elas treinam durante a vida e são capazes de captar uma ampla variedade de sinais da comunicação) eu falo de prestar atenção a mensagem que o outro quer passar.

Algumas pessoas estão tristes e sensíveis e, às vezes, somos incapazes de ouvi-los (compreender o sentimento deles). Outras vezes, alguém no trabalho está com dificuldade e somos incapazes de “ouvir” o pedido de ajuda. Sem falar da dificuldade que a gente vê por aí de se ouvir críticas. Às vezes, você dá um feedback negativo para a pessoa e ela inventa mil justificativas (até para ela mesma) pelo que ocorreu. Vamos ouvir mais, se veio uma crítica do outro lado, ainda que você não concorde no primeiro momento, ouça. Você pode ter feito alguma coisa que fez com que a pessoa entendesse isso.

10. “O importante não é justificar o erro, mas impedir que ele se repita” (Che Guevara)

Desde que existe humanidade, existe erro. A natureza “erra”, sofre mutações e se transforma. O princípio deve ser o mesmo: todos nós já erramos diversas vezes e vamos errar muito mais. O que nós precisamos aprender é o que fazer com esse erro. Precisamos aprender a nos transformar. O erro nos traz muitas possibilidades, novos caminhos e horizontes, novos aprendizados. Seja mais tolerante consigo mesmo, pegue leve e reflita o que esse erro trouxe pra você. Um caminho ele já nos mostra: o do não fazer aquilo de novo.

E quando o erro é do outro?

Não é fácil, mas se nós erramos, por que não os outros? Aprenda a respeitar as limitações de quem está ao seu lado. Ninguém será igual a você e nem vai pensar com a sua lógica porque cada um de nós tem uma história de vida completamente diferente da outra, o que nos faz sermos singulares. Seus pais vão errar, seu namorado (a), seus irmãos, seus chefes, colegas, amigos… É assim a vida. Se foi algo que te atingiu diretamente, por que não conversar sobre isso e entender como são as coisas para o outro? Se é no trabalho, vamos entender e analisar o que aconteceu, para então tomar medidas de redução das falhas.

Essas são as principais características que englobam o conjunto de habilidades para você desenvolver a sua inteligência emocional, afinal, ser inteligente apenas academicamente não é o suficiente para o nosso crescimento e destaque. O equilíbrio entre as habilidades sociais e acadêmicas é o que favorece o nosso sucesso.

Em RESUMO:

Pratique o autoconhecimento. Se observe, se ouça, escreva sobre o que quer e sobre o que sente;
Crie estratégias que te ajude a desenvolver o autocontrole nas diferentes situações;
Seja autoconfiante. Acredite em você. Não tenha medo de agir;
Se coloque genuinamente no lugar do outro. Dizem que a empatia é um medidor eficaz da maturidade humana;
Seja resiliente, persista. Muitas vezes a vida é dura conosco, mas nunca esqueça tudo que já conquistou e continue batalhando que isso servirá de grande aprendizado;
Busque se motivar, assista vídeos, troque ideias, só não fique parado;
Aprenda a ser assertivo. Expressar os seus pensamentos e sentimentos no momento ideal traz muitos benefícios.
Seja comunicativo, converse com as pessoas, transmita quem você é;
Aprenda a ouvir, principalmente aquilo que você não quer;
Aceite que você vai errar e as pessoas ao seu redor também. Use o erro para sinalizar uma nova direção.

TEXTO ORIGINAL DE BRASILPOST

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