Quando o assunto é educação não faltam polêmicas e controvérsias uma vez que decisões consideradas corretas dentro de uma família podem ser avaliadas como errôneas dentro de outra. Na maioria das vezes é preciso analisar o contexto e os valores de cada espaço. A tarefa é complicada, pois exige escolhas e decisões. Fora isso, podemos dizer que o trabalho completo exige anos de dedicação e, ainda por cima, nunca tem garantias de sucesso.
Existem alguns ajustes, entretanto, que podem facilitar a vida dos responsáveis a médio e longo prazo. Pensando nisso o site espanhol Hacer Familia publicou uma lista de possíveis “erros” que os pais comentem. A lista foi baseada no livro Corazón de padre (“Coração de pai”) do psicólogo e psicoterapeuta italiano Osvaldo Poli e foi traduzida originalmente pelo site Tribuna. Vamos conferir?
Sem dúvida, esse é o erro mais comum da maioria dos pais. O hábito de estipular consequências que nunca são aplicadas ou então prometer algo da boca para fora, por exemplo, demonstra que os pais têm uma autoridade fraca. E não pense que as crianças não percebem isso. Então, quando decidir que um mal comportamento do seu filho terá uma determinada consequência, aplique-a todas as vezes que esse mal comportamento acontecer. O mesmo princípio deve ser adotado para as promessas que você faz ao seu pequeno.
Se você é daqueles que, para evitar um mal comportamento do seu filho, faz ameaças como “cuidado que o bicho papão vai vir te buscar à noite”, é melhorar refletir sobre as consequências que isso pode trazer ao seu filho. O medo nunca é boa ferramenta para fazer uma criança aprender o que deve ou não fazer. Esse tipo de ameaça pode até fazer com seu filho te obedeça em um primeiro momento, mas além de não ser efetivo a longo prazo, o medo usado como uma forma de intimidação pode favorecer o desenvolvimento de outros medos irracionais ao longo da vida de seu filho.
Às vezes, no calor do momento, os pais impõem punições exageradas e desproporcionais ao comportamento da criança, como por exemplo: “Se você fizer isso, nunca mais vai no parquinho” ou então “nunca mais vai comer doce”. É claro que você vai levar seu filho ao parquinho novamente. E é claro que ele vai comer doce de novo. Essas punições irreais não ajudam a criança a desenvolver a virtude da obediência porque jamais serão cumpridas.
Um outro grande erro de muitos pais é estabelecer uma consequência para um determinado comportamento, mas não dar nenhuma explicação sobre porque a punição escolhida foi aquela. Por exemplo, se seu filho bateu em um amiguinho e você decidiu deixá-lo longe de seu brinquedo preferido por uma semana sem dar nenhuma explicação, isso não vai fazer sentido algum para ele. O ideal é que você converse, explique porque aquele comportamento terá uma punição e, de preferência, escolha uma consequência que seja diretamente relacionada ao mal comportamento.
Quando você grita com seu filho, ele – automaticamente – para de ouvir o que você está “dizendo” e, mesmo que pare de fazer o que estava fazendo de errado, faz isso por medo e não porque entendeu que aquilo era errado. Além disso, se o grito é usado com frequência na hora de tentar corrigir a criança, com o tempo, ela passará a não reagir mais a eles.
Sabe aquela história de “por mim, eu não deixo, mas pergunta para sua mãe”. Incoerências e desencontros no exercício da autoridade dos pais transmitem aos filhos uma mensagem de desunião na família e isso deixa a criança confusa em relação ao que ela deve ou não fazer. A falta de um critério comum entre o pai e a mãe definitivamente dificulta muito o trabalho educativo. Para evitar isso, é fundamental que os pais conversem muito sobre a educação dos filhos e jamais tirem a autoridade um do outro na frente das crianças, permitindo o que o outro já negou, por exemplo.
“Não grite”, “não corra”, “não pule”, “não pegue”. Assim como os gritos frequentes perdem o efeito desejado com o tempo, a palavra “não” usada de forma excessiva também passa a ter o efeito oposto na criança. Ela passa a não reagir mais aos “nãos” que ouve. Isso não significa que, a partir de agora, você deve ser permissivo. Explicar cada proibição e não somente responder com um “porque não” já é um bom hábito a se adotar. Claro, no caso de pais neuróticos demais, a sugestão é relaxar e deixar os filhos mais livres.
O que funciona para um filho pode não funcionar para o outro. Cada criança é única e quando você não se esforça para conhecer bem o seu filho – seu temperamento, suas limitações, seus pontos fortes e fracos, etc. – pode cometer o erro de aplicar técnicas de disciplina que não irão funcionar bem com ele. E pior, depois ainda acreditar que seu filho é que é uma “criança difícil”. Converse com seu pequeno e mergulhe na pessoa que ele é e no coração que ele tem. Conhecendo-o verdadeiramente será mais fácil tomar decisões mais assertivas em sua educação.
Educar em liberdade não significa que você deve permitir que as crianças façam o que querem, quando querem e onde querem. Isso não é respeitar sua liberdade individual. Se assim fosse, qual seria o problema em deixar a criança colocar o dedo na tomada, por exemplo? Ela está sendo livre, não está? Uma criança experimenta uma liberdade saudável quando pode tomar suas decisões com base nas diferentes possibilidades que lhes são apresentadas e sempre entendendo as consequências que essas decisões terão em sua vida. Promover e apresentar essas possibilidades é papel dos pais.
Atualmente, é normal ver crianças que, enquanto comem com suas famílias, estão usando seus smartphones para assistir vídeos, interagir nas redes sociais ou enviar mensagens. Permitir que isso se torne um hábito sem qualquer penalidade pode contribuir para o desaparecimento da comunicação em família e, consequentemente, da união entre pais e filhos. Além disso, o uso excessivo de telas prejudica o desenvolvimento das crianças.
Imagem de capa: Photo by Aaron Burden on Unsplash
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