Quase com certeza, cada um dos leitores deste artigo conhece a sensação de se sentir angustiado, preocupado, nervoso, assustado ou em pânico. Em outras palavras, todos nós sabemos o que é sentir ansiedade.
A ansiedade, essa temida reação de nosso corpo e de nossa mente que às vezes nos prega peças. Como dissemos outras vezes, sentir ansiedade é normal e nos ajuda a manter a atividade para nos protegermos e executarmos algumas tarefas.
No entanto, às vezes ela pode nos incapacitar e nos impedir de viver e desenvolver como pretendemos. Para saber se ela está nos afetando e, assim, encontrar uma solução, devemos conhecer, primeiro, quais são as formas que ela adota.
A primeira coisa devemos saber para começar a perder o medo da ansiedade é que ela pode usar diferentes máscaras. Uma vez compreendida, a ansiedade já não poderá mais usar a estratégia de se esconder, pois já a teremos descoberto.
Vejamos, então, quais são suas máscaras:
A ansiedade pode dar as caras através de uma preocupação incessante sobre a família, a saúde, as metas acadêmicas ou profissionais, a situação econômica, etc. É provável que diante dessas preocupações sintamos que nosso estômago está se revirando e tenhamos a sensação de que algo ruim vai acontecer, mesmo que não saibamos o quê e por quê.
Um medo excessivo de agulhas, de sangue, de procedimentos médicos, de altura, de elevadores, de dentistas, de água, de animais como as aranhas ou os répteis, de cachorros, de tempestades, de lugares fechados, etc. Esse tipo de máscara é outra dura imagem que a ansiedade escolhe para se mostrar.
Às vezes a ansiedade faz com que nos paralisemos diante de um exame acadêmico, uma apresentação, uma competição esportiva ou qualquer outra situação que implique o bom desempenho na execução de uma tarefa.
O medo desproporcional de falar em público é outra das “formas favoritas” que a ansiedade tem de se mostrar. Sentimos que o mundo dá voltas a mil quilômetros por hora, trememos, ficamos nervosos e acreditamos que “dará um branco” em nossa mente naquele momento, no qual as coisas mais ridículas que fizermos ficarão mais evidentes.
Sentir-se nervoso, tenso e incapaz de articular palavras em reuniões sociais é outra máscara que a ansiedade usa para nos cumprimentar. Por nossa mente passam coisas como “não tenho nada interessante a dizer”, “não posso falar com ninguém”, “vão pensar que sou uma pessoa estranha e fracassada”, “não mereço que ninguém se interesse por mim”, etc.
Transpiração, tonturas, bloqueio, rigidez, fortes palpitações, medo intenso… Já sentiu isso alguma vez, de repente, e achou que iria morrer? Se sim, nessa ocasião a ansiedade colocou um disfarce cruel: o ataque de pânico.
Você tem medo de ficar fora de sua casa? Tem a clara convicção de que algo horrível pode acontecer com você na rua, na fila do supermercado ou no transporte público? Sente que vai sofrer, por exemplo, um ataque de pânico e que ninguém poderá lhe ajudar? A ansiedade vestiu a agorafobia, ou o medo intenso de estar em locais públicos.
Existem pensamentos que o acometem de maneira incessante e que você não consegue tirar da cabeça. Ao mesmo tempo, algo em seu interior o obriga a realizar constantes rituais supersticiosos com o objetivo de controlar seus medos.
Por exemplo, você pode sentir a necessidade de lavar as mãos constantemente, de verificar, várias vezes, se trancou a porta, ou de rezar 10 Pais-nossos para proteger sua família. A ansiedade se disfarçou de obsessões e compulsões, um de seus trajes mais obscuros.
Você viveu um acontecimento traumático (abuso sexual, maus-tratos, presenciar um assassinato, etc.) há meses ou anos e as imagens dessa situação horrível voltam, vez ou outra, à sua cabeça? Não dorme bem e não se sente seguro diante disso? Consulte um especialista de saúde mental porque pode ser que a ansiedade esteja se manifestando como transtorno de estresse pós-traumático.
Sua aparência física parece extremamente anormal, mas só você vê o que sente, as outras pessoas que o cercam dizem “que não é para tanto”, que seu nariz, seu corpo ou seu cabelo são normais.
É provável que sinta a necessidade de se colocar nas mãos da cirurgia estética e que se olhe no espelho constantemente, com a intenção de corrigir seu defeito. Pode ser que a ansiedade se manifeste na forma de transtorno dismórfico corporal. Tenha isso em mente e procure um especialista em saúde mental para se consultar.
Dores, fadiga, tonturas, incômodos… Você tem certeza de que existe alguma doença que afeta a sua saúde, mas o médico não vê nada nos exames realizados. Pode ser que, inclusive, nem as explicações dele o tranquilizem.
É possível que você esteja sendo vítima da ansiedade em modo de hipocondria, e para que você fique seguro sobre sua saúde, procure um bom profissional da psicologia que examine suas crenças e a maneira como você pensa sobre sua saúde.
Notas ao leitor
De nenhuma maneira o conteúdo desse artigo deve ser visto como um diagnóstico. A ideia é aproximar o leitor da possibilidade de a ansiedade estar presente em sua mente sem que você tenha se dado conta. É essencial que, diante de qualquer suspeita, você entre em contato com um profissional da saúde que faça uma avaliação e defina um tratamento, se for necessário.
Fontes de consulta: “Manual diagnóstico dos transtornos mentais” e “Adeus, ansiedade” de David Burns.
Imagem de capa: Shutterstock/Marcos Mesa Sam Wordley
TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA
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