Existem realidades que doem e nós preferimos ignorá-las. Fingimos que não existe e temos a esperança boba de que eles sumam, enquanto tentamos pensar em outra coisa. No entanto, quando “não pensar!” se torna a regra, criamos um problema. Como disse Sócrates, só existe um bem e é o conhecimento, e apenas um mal é a ignorância.
Pawel Kuczynski, um ilustrador de origem polonesa com 92 prêmios nacionais e internacionais por seu trabalho, é uma daqueles que não olham para o outro lado. Suas ilustrações não deixam indiferentes quem têm um mínimo de sensibilidade para capturar o que acontece na sociedade.
Com traços extremamente reveladores que trazem os mesmos demônios internos dos quais não queremos tomar nota. A dependência da tecnologia, as formas sutis e terríveis de manipulação social a que estamos sujeitos, às vezes sem perceber, às vezes com um consentimento sutil.
Talvez o que mais impressiona em seu trabalho seja suas imagens serem tão reais quanto a própria vida, são aquelas outras faces que normalmente não vemos ou que não queremos ver. De fato, o próprio artista disse: “Eu me considero um observador de tudo que acontece ao meu redor”.
- Pense sozinho. Pesquise, investigue, leia … Se você não fizer assim, alguém fará em seu lugar, ensinando o que pensar, dizer e até mesmo sentir. Lembre-se de que educar não é encher a mente, mas libertá-la de seus vínculos e que, muitas vezes, o aprendizado mais duradouro e profundo são aqueles que fazemos sozinhos.
- Mais e mais conectados, mas também mais sozinhos. As redes sociais “satisfazem” nossa imperiosa necessidade de companhia, mas, contraditoriamente, fazem de nós uma ilha trancada em nós mesmos.
- “A televisão pode nos dar muitas coisas, exceto o tempo para pensar”, disse Bernice Buresh e Fellini.
- Existem relacionamentos tóxicos que nos prejudicam muito, mas mesmo assim continuamos a mantê-los. Talvez por hábito, por medo de não encontrar mais ninguém, por simples dependência…
- “Quem detém o celular como símbolo de poder está declarando ao mundo inteiro sua condição desesperada como subordinado”, disse Zygmunt Bauman.
- Há um novo Deus e uma nova verdade, que é compartilhada na Internet e impõe tecnologia, em torno da qual acabou transformando nossas vidas.
- Albert Einstein disse: “A pessoa que acompanha a multidão normalmente não vai além da multidão, a pessoa que anda sozinha provavelmente chegará a lugares onde ninguém esteve antes.”
- A falsa sensação de liberdade alimentada pela sociedade que o escritor Étienne de La Boétie já havia nos alertado no século XVI, explicando que o princípio supremo dos novos tempos era que as pessoas tinham a “liberdade” de fazer o que queriam.
- “A Internet é projetada para nos dar mais do mesmo, seja qual for o mesmo, independentemente do que é mais importante, e também para nos fecharmos ao que é diferente, a tudo o que é diferente”, disse Bauman.
- A sensação de falsa segurança alimentada pela sociedade. Bauman já havia nos alertado quando disse: “A incerteza, a principal causa da insegurança, é o instrumento mais decisivo de poder”. A segurança é vendida como um remédio, enquanto nos roubam nosso verdadeiro valor, deixando-nos a enfrentar riscos sem estarmos preparados.
- Relacionamentos líquidos. O Amor que nos conectamos e desconectamos com extrema velocidade e com a mesma facilidade com que trocamos camisas.
- O cerco de tecnologia, chamadas, mensagens recebidas, notificações e e-mails se tornam perigos que nos assediam, colocando nossa atenção sob controle, impedindo-nos de relaxar.
- Carlos Catañeda disse: “Enquanto você se sente a coisa mais importante do mundo, você não pode verdadeiramente apreciar o mundo ao seu redor, você se torna como um cavalo com vendas: você só se vê um ponto, fica alheio a tudo o que te cerca.”
- O confessionário das redes sociais, onde a ruptura entre o privado e o público é clara. Para dizer de Bauman: “Espaço público é onde ocorre a confissão de segredos e intimidades particulares”.
- “A vocação do político de carreira é tornar cada solução um problema.”
Texto traduzido e adaptado de Rincón Psicologia.