Por Rosangela Tavares
Quando a gente começa no atendimento de pacientes no consultório, não é só a questão da experiência que conta.
Vou citar três pontos muito significativos para quem começa.
Receber um paciente é e sempre será um desafio. Porque cada caso é um caso (e esse aspecto é uma coisa muito bacana na nossa área: a diversidade de casos e mundos pessoais que vamos conhecendo). E cada caso poderá parecer menos ou mais complexo, depende da sua identificação e experiência com ele.
Por exemplo, se eu já passei por uma fase de depressão por luto, ao receber um paciente nessa mesma situação, pode ser mais fácil de compreender e intervir, já que saberei na pele como é viver uma perda assim. Eu sempre explico para os estudantes que mesmo que você não tenha vivenciado o que o paciente lhe expuser, se você se sente preparado e seguro, é isso que transmitirá.
E é isso que lhe dará meios de prosseguir com precisão e tranquilidade no caso. Porque a verdade é que receberemos os mais diferentes perfis e casos no consultório. Não temos como ter vivenciado cada um deles.
Eu bato muito na tecla da empatia. Porque se não entendermos exatamente o que é ser empático tendemos a dar um atendimento mais superficial. Aprender a entrar no mundo do outro com total compreensão e neutralidade é essencial para nosso trabalho. Eu diria que sem isso não seremos um bom ouvinte e não trataremos com a profundidade que o paciente precisa.
Então, aprenda a entrar na história do outro, a olhar as verdades dele como se fossem suas, e entenderá o que ele quer dizer e o que diz que sente. Deixe-se de lado enquanto faz isso, para que possa realmente ajudar.
Pode parecer óbvio que no consultório já sabemos que não podemos julgar os casos e as atitudes relatadas pelos pacientes, mas será que se você se vir diante de um caso que coincida com algo revoltante que já viveu na sua vida, você conseguirá realmente atender com imparcialidade e naturalidade?
É claro que em casos extremos temos que ter a clareza e consciência de que não daremos conta, somos humanos, então encaminhamos, não precisamos atuar num caso com sofrimento, até porque não fluiria. Mas podemos receber pacientes em muitos contextos que nos mobilizam tantas coisas, que se não estivermos atentos, treinados e até acostumados, poderemos não ajudar, e não realizar um bom trabalho.
A posição do terapeuta tem que ir sendo construída de forma que “sejamos um terapeuta”, e não apenas “estejamos” ali, no momento, como terapeutas. Então, se você deseja viver o trabalho no consultório, aprenda desde já.
Treine desde já o não julgamento.
Seja com os colegas, com a família, com as notícias da TV…
Aprenda a se neutralizar, a não dar corda para julgamentos.
Você precisará E MUITO desse traquejo.
E que ele seja espontâneo, pois o terapeuta tem que SER assim.
Imagem de capa: Shutterstock/Jacob Lund
Rosangela Tavares
Psicóloga clínica – CRP 06/64149
www.rosangelatavarespsicologa.com.br
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