Em nosso dia a dia falamos da depressão em termos gerais, de forma leviana e, em alguns casos, sem um conhecimento completo sobre o tema. Esquecemos, talvez, que há muitos tipos de depressão e que cada pessoa a experimenta de uma forma única e excepcional.
Por isso, convém deixar claro que estamos diante de uma doença e não um capricho pessoal, e nunca diante de um comportamento que reflete uma personalidade fraca ou falta de solidez e coragem. A depressão é um transtorno que deve ser tratado por profissionais, que precisa de uma proximidade social autêntica e real com a qual a pessoa não se sinta marginalizada, sozinha ou incompreendida.
Por sua vez, e este dado é interessante, homens e mulheres também sofrem este transtorno de formas diferentes. Os homens hesitam mais em pedir ajuda. Não é fácil reconhecer este mal-estar interno, essa apatia ou anedonia, esta queda de energia acompanhada sempre de mau humor.
O mais comum é pensar que é apenas um período ruim e que tudo vai passar.
Por outro lado, as mulheres dispõem de mais ferramentas para poder enfrentá-la e geri-la, são mais hábeis na hora de comunicar e desabafar emoções. No entanto, são elas que, no geral, têm uma tendência maior a desenvolver este tipo de transtorno.
De acordo com a Dra. Fumiko Hoeft, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, as mães podem passar para suas filhas uma certa vulnerabilidade genética à depressão. É herdada uma estrutura cerebral similar, na qual o sistema cortico-límbico do cérebro, responsável por gerir nossa resposta diante do estresse, compartilha conexões e uma mesma arquitetura.
No entanto, e é importante ter isso claro, não é porque uma mulher sofre ou sofreu de depressão no passado que sua filha ou filhas obrigatoriamente a sofrerão em algum momento de suas vidas.
Quando uma mulher sofre de depressão, é comum que o entorno pessoal e social pense que ela “está triste”.
Bom, é importante esclarecer que, em alguns casos, este estado emocional ocupa apenas um pequeno lugar dentro da depressão. De fato, há situações em que a pessoa com depressão nem se sente triste, e sim com raiva, irritabilidade, mau humor…
A sintomatologia mais comum da depressão na mulher não é a tristeza, e sim o mal-estar físico.
Vejamos com mais detalhes:
Há certos tipos de depressão que são característicos do gênero feminino. No entanto, assim como falamos no início, cada mulher irá vivê-la de forma diferente, e se caracterizará por uma realidade muito concreta.
Detalhamos melhor a seguir.
A maioria das pessoas está familiarizada com o termo “tensão pré-menstrual”. Ela está associada às clássicas alterações de humor e irritabilidade que costumam aparecer nos dias prévios à menstruação.
A depressão pós-parto segue sendo um tema tabu para muitas mulheres.
A maternidade está associada a um momento de felicidade e de plenitude pessoal, e por isso as mulheres que sofrem de depressão neste período se sentem ainda mais incompreendidas, e até rejeitadas. A depressão pós-parto vem acompanhada de ansiedade e um esgotamento extremo, abatimento e a clara sensação de não poder lidar com todas as responsabilidades.
A perimenopausa (ou transição até a menopausa) é uma fase normal na vida de uma mulher que, às vezes, é um desafio. Surgem as mudanças de humor, os calores, épocas de irritabilidade, de ansiedade e a sensação de que já não sentimos prazer com nada na vida.
O risco de depressão se eleva nesta época.
Todos, tanto homens quanto mulheres, precisam de seu entorno social mais próximo para conseguirem gerenciar e enfrentar melhor uma depressão. Este aspecto fica muito claro. No entanto, o maior problema que muitas mulheres com depressão encontram é que muitas vezes outras pessoas dependem delas.
Este tipo de situação tão pessoal faz com que seja muito difícil que a mulher encontre o apoio ou o tempo para si mesma no qual possa se cuidar, se tratar, ir à terapia e reorganizar as feridas e vazios internos.
É muito comum que digam a elas mesmas que não se preocupem e que tomar um remédio é suficiente. No entanto, é preciso ter claro: os remédios para a dor da vida nunca são suficientes. São necessárias mais estratégias e, por sua vez, um entorno facilitador, sensível e próximo.
A depressão na mulher, assim como pudemos observar, apresenta uma série de atributos muito especiais que devemos considerar em nosso dia a dia. Seja para poder enfrentá-los melhor ou para ser a mão amiga que ajuda, consola e apoia.
Imagem de capa: Shutterstock/J Walters
TEXTO ORIGINAL DE MELHOR COM SAÚDE
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