Nós aprendemos. Aprender nos permite sobreviver. Aprender permite que perpetuemos hábitos e transmitamos uma cultura comportamental ao longo dos anos e das gerações.
O problema acontece quando aprendemos coisas que, ao invés de nos ajudar, podem nos prejudicar e retroalimentar círculos e mais círculos de atos vãos e que não permitem que abracemos mudanças que nos fariam mais felizes.
Desde antes do nascimento, uma criança é bombardeada pelas expectativas dos pais. O seu próprio nascimento já pode gerar uma decepção na família caso não aconteça como imaginado e satisfaça as fantasias criadas durante a espera do bebê: ele tem a cor dos olhos desejada? Ele aprende tão rápido como gostaríamos? Ele dorme durante a noite toda? E assim por diante.
Da mesma maneira, as expectativas para a criança podem ser negativas como quando ela cresce ouvindo frases como: “Todos os meninos dessa casa são burros”. “Você puxou a sua irmã e não leva jeito para os números.” “Essa criança sempre fica doente.”
Além da escuta, a criança também aprende a se comportar e se ajustar no mundo copiando os modelos das pessoas mais próximas. E, se esses modelos forem negativos, elas podem também repeti-lo como quando a filha de um pai alcoólatra escolhe um marido alcoólatra sem, durante o namoro, nem tomar total consciência de que está escolhendo alguém que lembra o próprio pai.
Embora, em casos como esses, a aprendizagem pelo exemplo pudesse ser um norte para mostrar que aquilo não é bom, ela costuma perder para outra característica humana também ligada a aprendizagem que é a tendência a repetição daquilo que aprendemos- mesmo que ruim.
O mair problema disso, entretanto, é que a aprendizagem que totalmente ligada ao emocional e, conforme as coisas acontecem em nossas vidas, memorizamos aquilo como familiar não só em nossas mentes, mas também em nosso emocional. E, quanto mais aquilo acontece, maior a chance que entendamos que aquilo é normal. Nesse momento, a pessoa começa a achar que é normal que todos os homens da sua vida sejam alcoólatras e que, por exemplo, que todas as mulheres façam más escolhas.
“Mas, e se esta não for a vida que eu quero? Quer dizer, e se eu não quiser viver do jeito que você vive?”- frase do filme “O Diabo veste Prada”
Se a felicidade foi algo raro, a pessoa compreende que a felicidade não lhe pertence e esse estranhamento pode gerar culpa e uma sabotagem, na maioria das vezes também pouco ou nada consciente, da própria felicidade.
Tendo em vista essa pequena e simplificada introdução sobre como as coisas podem ter acontecido com as pessoas que repetem círculos destrutivos, pensemos em algumas saídas para a libertação:
Revisitar o passado e a história pessoal vivida até hoje:
Tentar perceber quais foram as frases de infância que mais marcaram, a história familiar ao longo das últimas gerações, e, depois de adultos, quais as “cabeçadas” que continuamos tendo- aquelas que sempre acontecem “de novo, de novo, de novo” e que só percebemos que são repetidas depois de um longo tempo.
Nesse ponto, é importante entender que “aceitar” não é sinônimo de “concordar”.
Quando percebemos que as coisas não são da maneira como gostaríamos isso pode trazer revolta porque não “aceitamos” aquilo como certo. A primeira tendência é que procuremos um culpado pelo que somos hoje. Nesse momento de raiva, frustração e ressentimento podem fazer morada em nossos olhares algum dos pais que não nos amou como gostaríamos, a falta de recursos financeiros, a falta de estímulos educacionais que esperávamos ter tido, mas que não tivemos.
“A ruína é a estrada para a transformação.”- frase do filme “Comer, Rezar e Amar”
Essa avaliação, entretanto, ao contrário do que pode parecer, é boa pois permite que nós vejamos a realidade a partir de novas perceptivas e cheguemos ao entendimento de que a vida não é feita do ideal e sim do possível- e é aí que entra o “aceitar”.
Quando aceitamos a realidade que tivemos, o amor que recebemos (ou a falta dele), as escolhas que fizemos- e que fizeram por nós- aí, então, somos capazes de assumir a responsabilidade pelas nossas próprias escolhas.
Identificarmos o que veio do outro e o que ficou de nós mesmos após a construção de nossa história- que é fruto do todo- não é uma tarefa simples.
Quando percebermos que, independente do passado, hoje nós somos os únicos responsáveis pela mudança a coisa não fica mais simples. Entretanto, o fato da mudança ser pessoal não significa que não podemos (e até devemos) aceitar ajuda.
E assim por diante…
“Ela encontrará novos muros para derrubar e ideias para substituí-los. Nem todos que vagam não têm rumo. Especialmente os que buscam verdade além de tradição, definição e imagem.”- Frase do filme: “O sorriso da Monalisa”
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IDENTIFICAR A QUESTÃO QUE NOS AFETA
SENTIR E ELABORAR O LUTO PELA PERDA DE ALGUMAS IDEIAS ILUSÓRIAS
ACEITAR O PASSADO COMO REALIDADE POSSÍVEL NAQUELE MOMENTO
ASSUMIR A RESPONSABILIDADE PELO FUTURO
CONSTRUIR NOVAS HISTÓRIAS
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FINALMENTE:
Você se lembra que toda aprendizagem significativa só acontece quando envolvida de sentimentos? Então, mudar a rotina, as escolhas e mesmo a maneira de encarar o passado permitirá que novas escolhas sejam feitas.
Ao agir diferente possibilitamos mudanças, novas aprendizagem e novos sentimentos.
A quebra do círculo vicioso, então, é possível: através da identificação, aceitação e mudança.
A mudança levará a novas experiências, novos sentimentos e novas aprendizagens.
A mudança necessária pode ser grande e depende de uma decisão fortemente pessoal.
A ajuda pode ser aceita.
A quebra do círculo será efetivada quando histórias diferentes forem construídas, novos registros mentais e sentimentais forem registrados e a história “parar de se repetir”
“Se deixar passar sua chance, com o tempo, seu coração vai se tornar seco e quebradiço.”- frase do filme: “O fabuloso destino de Amelie Poulain”
Desejo sucesso nessa jornada!
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