Quando fazemos referência à superação, indiscutivelmente estamos vivenciando momentos de desafios, envoltos em meio a perdas, desilusões e frustrações.
Todo processo de superação perpassa ocasiões de intenso aprendizado, por crises que desnorteiam as nossas emoções. Temos a sensação de impotência, de confusão mental, desesperança, aperto no peito, vazio, de que perdemos o controle das coisas e em alguns casos do tempo que poderia ter sido investido em uma outra relação, em outra situação ou em um outro projeto de vida.
Na tentativa de se reerguer, de juntar os cacos, geralmente pensamos que naquele vínculo que investimos o melhor de nós e que esperávamos o melhor do outro, as raízes pareciam fortalecidas num campo que era aparentemente fértil. Mas estas raízes estavam secas, desgastadas, mortas, mas que nos passaram despercebidas. E nessa dinâmica relacional escorregadia caímos juntos, restando-nos somente curar o coração, nos reerguermos, nos renovarmos e reiniciarmos uma nova jornada na vida, de se dar uma nova chance para o novo que ali se apresenta.
Estes pontos de reflexão não têm o intuito de esgotar o tema, tampouco em aprofundar questões complexas e delicadas e que o ideal é que sejam investigadas em um processo psicoterapêutico. O objetivo é que estas reflexões possam te trazer uma pequena luz, um norte de partida caso se sinta perdido e não saiba o que fazer neste momento.
A vivência do luto apresenta uma dinâmica própria, subjetivada, particularizada. Em outras palavras, não existe uma receita pronta para todas as perdas que temos, visto que cada uma é única, mesmo que estas aconteçam com a mesma pessoa. Cada perda tem a sua história a ser contada e um contexto subjetivado.
O importante é respeitar este momento, se permitir experienciar cada fase do luto.
Não adianta decidir procrastinar, negar, dizer que está tudo bem, que você não está em sofrimento.
É muito doloroso fazer o funeral de quem ainda está vivo, porém é necessário, caso queiramos manter a nossa saúde mental.
Em algum nível as pessoas sofrem e tem algo (ou muito) a trabalhar quando a perda é significativa, pois ninguém tenta superar algo que perdeu e que não tinha um valor afetivo algum. Lembrando que a dor afetivo emocional estará ali viva por mais que se negue ou que se esconda no porão da mente ou debaixo do tapete de falsas esperanças.
O importante é aceitar as mudanças da vida, tentar se readaptar à nova realidade que se apresenta, se auto apoiar ou mesmo pedir um suporte, pois muitas vezes o sofrimento pode ser intenso e portanto necessitando de uma ajuda externa. Cuide de sua dor emocional com carinho e respeito, pois esta somatiza em dores físicas. Cuide-se!
No início, é esperado que as feridas recém abertas sangrem, mas certamente irão cicatrizar.
Você precisa recomeçar, se dar uma nova chance, mas respeite o tempo de elaboração da sua dor. Este tempo de pausa é imprescindível para seu autocuidado, bem como para uma reavaliação, uma reflexão de tudo o que foi vivido, do que você errou ou acertou, mas sobretudo do que aprendeu neste relacionamento. Em suma, é necessário um tempo para avaliar as experiências e principalmente sanar o coração.
Quando as questões de um relacionamento não foram resolvidas principalmente dentro do próprio coração, existe um risco exponencial de que estas pendências sejam levadas para um relacionamento posterior, repetindo-as.
Primeiro busque se reconectar com sua paz interior para que você inicie uma nova história regenerado e mais fortalecido. A partir deste ponto, então você poderá voar para novas experiencias, pois a vida apresenta uma riqueza infinita se tirarmos o foco daquilo que acabou, que resolveu ir embora e olhar a vida sob uma nova perspectiva, contemplando novos horizontes.
Algumas pessoas não aceitam a finalização do relacionamento a que estavam tão apegados. Quando uma das partes envolvidas decide empreender uma nova estrada, geralmente não sabemos administrar o que o outro deixou no vazio de sua ausência. Neste momento, podemos nos apegar aos aspectos positivos da relação, aos bons momentos para fundamentarmos a esperança em um possível retorno.
Mas, e se o outro não voltar?
Você vai estacionar sua vida?
A sugestão que deixo aqui (pois no final a decisão do que fazer é sua), é que você prossiga sua vida sem expectativas e desenvolva a sua autossuficiência, não no sentido egoísta do termo, mas em não necessitar de forma exclusiva do outro para o suprimento de suas necessidades afetivo-emocionais. Isto é uma responsabilidade sua e de mais ninguém.
Este é um momento extremamente valioso para que você comece a investir em si mesmo, em seus sonhos e projetos. Aproveite este momento para cuidar melhor de si e promover realizações em sua vida; aquelas que você sempre quis. Lembre-se que a realização amorosa é apenas um aspecto da sua vida.
Então, a partir de agora, passe a focar em outras áreas que porventura estavam inclusive negligenciadas por muito tempo.
Não se engane. Caso tenha que tomar alguma decisão na sua vida, como ausentar-se de ambientes em que vocês freqüentavam juntos ou mesmo sair das redes sociais, bloqueá-lo do whattsapp deste ex-relacionamento ou de onde for, que esta decisão parta em prol da sua felicidade, da sua mudança interior, do seu bem estar, do que você precisa fazer na sua vida para que esta seja cada vez melhor, para se curar, mas nunca faça com o intuito de chamar atenção ou para que ele volte para sua vida. Não funciona ou caso funcione, será por pouco tempo.
Sim, você precisa se colocar em primeiro lugar, se apoiar e principalmente se respeitar.
Não faça joguinhos. Respeite-se, sua vida não é jogo, seus sentimentos não são brincadeira, sua vida é muito valiosa para que você perca seu precioso tempo manipulando situações que no fundo não irão se modificar através desta metodologia infantilizada.
Parece muito óbvio o que vou dizer, clichê até, mas quando queremos reconquistar o outro a qualquer custo não percebemos este pequeno detalhe: Se o outro foi embora, se deu um tempo, se terminou, se estava confuso, era porque esta relação estava desgastada, o diálogo estava ineficiente, o interesse e a admiração acabaram e são estes elementos que precisam ser trabalhados, caso houver uma possibilidade de retorno. Posicione-se de forma madura e mais uma vez reitero: não se engane!
Amplie seu universo relacional, conheça novas pessoas, construa novas amizades. Diante de um término relacional geralmente as pessoas tendem a se isolar, a se distanciar do seu grupo de apoio como família e amigos. Relatei no item 1 que você precisa vivenciar o luto. Em outras palavras, você tem direito de sentir tristeza, de chorar e de sofrer e isto é trabalhar a dor da perda. Se dê este direito. Caso não elabore todo este sofrimento no agora, a conta virá com juros depois.
Você poderá se isolar um pouco para refletir sobre esta relação, mas não se prolongue muito neste estado sozinho, sem apoio.
Após este necessário momento de introspecção, observe as possibilidades à sua volta. Freqüente bons ambientes, faça novos laços de amizades, construa novas pontes, amplie sua visão para novas oportunidades. Resumindo, reconstrua seu mundo, viva uma nova vida.
Quem sabe a retirada de campo da outra pessoa foi a sua melhor oportunidade, já que você não estava satisfeito com esta relação e este fato te abre as portas para que você encontre alguém que te ame, te respeite e te valorize de verdade. Será que de fato foi você quem perdeu? Pense nisto!
Este item é delicado e precisa ser levado muito em conta, pois sua autoestima deverá sempre estar fortalecida para o que der e vier nesta vida.
Digo isto porque em alguns relacionamentos, principalmente aqueles caracterizados como abusivos, um dos parceiros tenta se sobrepor na relação através de comportamentos inadequados, tóxicos, asfixiantes. Esta pessoa (e não é incomum), poderá tentar te convencer de que você não é nada sem ela, que não conseguirá seguir adiante num outro relacionamento, de que você não é nada sem ela.
Em meus textos sempre pontuo a importância do autoconhecimento, pois quando não sabemos quem de fato somos, o outro tentará nos definir ou nos colocará em qualquer lugar da sua vida. O parceiro abusivo é aquele que tenta destruir sua autoestima para se sobrepor e muitas vezes eliciando o que há de pior em você para a partir deste ponto te convencer de que você é chata, incompreensível, pouco inteligente, pouco atraente e desequilibrada emocionalmente. A relação é pautada no controle, na submissão, hostilização e possessividade.
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