Por Frederico Mattos
Falei semana passada sobre como desenvolver sabedoria unida ao amor para fazer boas escolhas pessoais, agora queria falar sobre aquilo que atravanca essa virtude.
Receber afago é delicioso, eu adoro dar e receber carinho, sem medo de me machucar ou de pedir, afinal não tenho nada a perder. Mas a maioria das pessoas confunde afetuosidade com mimo.
A pessoa mimada raramente se reconhece como tal, de modo geral ela se acha super madura e ponderada nos pedidos que faz em relação aos outros. Quando apontada sobre essa característica começa a esbravejar, bater o pé e até romper amizades. Muito madura.
Admitir-se infantil é muito difícil, principalmente por volta dos 18 aos 30 anos em que as pessoas se pensam super bem resolvidas. O fato é que na maior partes das vezes somos um apanhado de resquícios de nossos pais (o que há de pior neles) misturado com um percurso automático e pouco claro de nossos comportamentos. Crianças de 1,70, saca?
Ser infantil, nada mais é do que agir (em idade cronológica inadequada) de modo reativo, exclusivista, parcial, egocêntrico, pessoalista e imediatista mesmo tendo capacidade cerebral e espaço social e psicológico para agir diferente. Sua vida pessoal e amorosa é impactada diretamente pela sua infantilidade, ainda que não admita esses traços em você. Também preciso realçar que existem graus de infantilidade, você pode preencher crivos parciais deles.
– A reatividade é aquela tendência a responder aos estímulos do meio (pessoas e situações) automaticamente de forma impulsiva, sem avaliação da complexidade das situações. É o que alguns chamam de ansiedade ou ainda de espontaneidade e autenticidade.
– O exclusivismo é o hábito de travar uma luta aberta ou silenciosa por espaço pessoal assumindo que as pessoas e objetos que orbitam ao seu redor são suas posses exclusivas. O que alguns chamam de ciúme ou zelo.
– A parcialidade é a limitação cognitiva de alcançar a maior quantidade de facetas de uma realidade. É considerar uma parte mínima como o todo e ignorar que existem outras dimensões de um mesmo fato que devem ser levantadas antes de um parecer conclusivo. Você provavelmente chama isso de “mas é obvio, não?”. Não, não é.
– O egocentrismo não é só a mania de de querer tudo só para si, mas também a tentativa sutil de referenciar todos os acontecimentos do mundo em seu próprio ego. É como se todos fossem atores coadjuvantes ou figurantes da trama incrível da sua vida. Sabe quando não consegue imaginar nem de longe o que o outro está pensando ou sentindo quando algo afeta você? Pois é, chame seu descontrole de egocentrismo daqui para a frente.
– Pessoalismo é uma inclinação por achar que o mundo deve ser medido pelas suas predileções, ou seja, se você gosta e aprova (ainda que isso mude sem você perceber) é bom e o que se opõe a isso é ruim, condenável e maléfico.
– O imediatismo é aquela predisposição a achar que todo mundo é lerdo e só você é esperto e de exigir que tudo seja para ontem. Além disso é a incapacidade de considerar que ações tem consequências e que elas se desdobrarão num efeito em cadeia até o ponto de prejudicar alguém.
Espero ter ajudado você a descobrir se é mimado ou não, se é provavelmente está resmungando e dizendo que exagerei ou que não te conheço de verdade (olha lá, se achando o centro do mundo de novo), só peço a gentileza de dar um pouco mais de tempo antes de seguir julgando o texto precipitadamente. Talvez alguns anos.
TEXTO ORIGINAL DE ENTENDA OS HOMENS