9 passos para desenvolver a verdadeira resiliência e viver melhor

 Por Soraya Rodrigues de Aragão

A palavra Resiliência, também chamada resilência, é derivada do latim resilientia, do verbo resilio (re + salio) que significa “saltar para trás”, recuperar-se, voltar ao “normal”.

Foi utilizada pela primeira vez pelo físico Thomas Young em 1807 e que a definiu como a capacidade de um objeto, material ou corpo de sofrer pressão ou impacto e, depois, voltar à forma original, nao perdendo, deste modo, suas propriedades. Por exemplo, um elástico, uma vara que se verga, uma borracha, etc.

Psicologicamente, a resiliência é a capacidade de psicoadaptação de indivíduos, grupos e/ou de organizações, de voltar ao seu estado “normal”, após alguma situação traumática ou crítica, ou seja, é a capacidade de superar adversidades. A resiliência demonstra se uma pessoa sabe ou não “funcionar” bem sob pressão, se sabe superar desafios, ter flexibilidade e postura otimista, com projetos de vida claros e definidos, o que não quer dizer ser irrealista, fantasioso ou “não-efetivo”.

Como dito anteriomente, é uma palavra “emprestada” da Física, mas que não se aplica adequadamente para nós, indivíduos contextualizados, visto que nunca voltamos a ser a mesma pessoa de antes, pois somos atravessados por nossa experiência pessoal e relacional e a esta damos sentido(s) e significado(s).

A fênix é um pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em auto-combustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas. Outra característica da fênix é sua força que a faz transportar em voo cargas muito pesadas, havendo lendas nas quais chega a carregar elefantes. Podendo se transformar em uma ave de fogo.

A resiliência é inata ou adquirida?

Existem pessoas mais resilientes, e outras, menos. Até em irmãos gêmeos neonatos observamos comportamentos diversificados. No entanto, a resiliência psicológica nao é inata, mas desenvolvida através de processos dinâmicos de aprendizagem, bem como de nossas escolhas em busca do autoconhecimento, do auto questionamento e da autoavaliação, da busca de sentido e significado que na maioria das vezes fazemos em momentos de crise e que uma vez superada a dificuldade, saimos de cada experiencia fortalecidos, se tivermos a compreensão dos obstáculos vivenciados e superados e de darmos sentido as dificuldades como oportunidade de mudança e crescimento.

Ser resiliente é muito diferente de ser uma pessoa resistente, ou seja, aquela que suporta a pressão, a crise e os estresses da vida. Ser resiliente é muito mais que suportar as intempéries, é aprender a visualizar a crise como uma oportunidade de crescimento e mudança. Em outras palavras, é “dar a volta por cima”.

Podemos desenvolver a resiliência em nove passos. Vale a pena ressaltar que uma pessoa pode ser mais resiliente em um determinado aspecto da vida, mas em outro, nem tanto. Vale a pena refletir e verificar aqueles que precisam ser desenvolvidos:

1-Melhor administração das emoções:

As emoções fazem parte do ser humano, ou seja, não adianta negá-las ou reprimi-las e sim, reagir de maneira harmoniosa e equilibrada diante das situações. Se você não souber administrar as emoções, sua vida pessoal, social e profissional vai ser dificultada. Seja onde for, em casa, com os amigos, ou no trabalho é necessário desenvolver e utilizar sua inteligência emocional.

2- Controlar impulsos:

Este item é ponto crucial e está diretamente relacionado com o anterior. Tenha muito cuidado! Quando sentir raiva, respire fundo, pense muitas vezes (conte até 10…conte até 1000). Nunca se esqueça: em um momento de raiva voce pode, por exemplo, destruir sua imagem, um projeto ou uma relação que levou muito tempo para construir. Como disse Friedrich Schiller: “Breve é a loucura e longo o arrependimento.” Seja responsável por suas atitudes, pense e repense antes de tomar uma decisão ou de fazer algo que lhe trará consequências a curto ou longo prazo.

3- Cultivar o otimismo:

O otimismo é a crença ou perspectiva de um futuro melhor. Acreditar que as coisas melhorarão nos fortalece e nos revigora. Não se esqueça que do “fundo do poço” também podemos ver as estrelas, basta olhar para o alto. Mude sua postura, mude de foco, olhe para a frente, visualize e acredite em um futuro melhor e faça por onde.

4- Aprimorar-se:

A autoeficácia é a utilizaçao de seus recursos internos, a chamada “luz interior”. A autoeficácia anda de mãos dadas com o otimismo e o autoconhecimento.

5- Analisar o ambiente:

Aprender a analisar o ambiente é verificar através de uma leitura ambiental quais são as contingências ameaçadoras ou de risco e a partir desta leitura, desenvolva estratégias de enfrentamento para estas situações. Muitas vezes, através de uma observação sensível de determinados aspectos, encontramos respostas e soluções para os problemas. Entre em receptividade com o ambiente, desenvolva a sensibilidade e analise-o antes de atuar.

6- Alcançar pessoas:

É a busca de auxílio externo, de suporte afetivo e emocional que são provenientes da família e dos grupos de apoio eficazes.

7- Buscar um sentido para a vida:

Tenha propósitos, metas e objetivos de vida específicos.

8- Ser empático:

A empatia é a capacidade de compreender a partir da perspectiva do outro, de colocar-se no lugar do outro. O desenvolvimento da empatia melhora substancialmente a qualidade de sua vida e de seus relacionamentos interpessoais.

9- Buscar e aceitar ajuda externa:

Gostaria de corroborar aqui uma questão importante: Ninguém é resiliente sozinho; ninguém é autossuficiente. Busque ajuda externa. O ser humano é atravessado pela dimensão pessoal (subjetiva), interpessoal (comunitária), cultural, política e espiritual. O homem foi feito pra viver em comunidade e procurar auxílio, auxiliar, bem como encontrar soluções dentro de um contexto social que beneficie a todos.

PARA REFLETIR:

Como disse Tim Hansel: “A dor é inevitavel, o sofrimento é opcional”

Situações críticas de dor e tragédia, como separações, rupturas, conflitos, luto, perdas, decepções, doenças, bem como dos desafios que fazem parte da nossa vida cotidiana, são importantes para o nosso processo de desenvolvimento psíquico e emocional, embora nos tragam sofrimento.

Saber lidar com nossa condição humana de sofrimento e mudanças contínuas, é o ponto chave a ser trabalhado para lograr uma vida mais harmoniosa e feliz, pois na vida estamos sujeitos a tudo.

Desejo-lhes toda felicidade, prosperidade e bom renovo.

Veja também: O milagre da Rosa de Jericó em um dos mais lindos exemplos de resiliência da natureza

A rosa de jericó, também conhecida como flor da ressurreição, é uma planta do deserto que cresce no Oriente Médio e na América Central. Durante longos períodos de tempo estas plantas vivem em regiões desertas, crescendo e reproduzindo-se como qualquer outra planta, até o meio ambiente deixar de lhes favorecer uma existência saudável. Quando chega essa altura, as flores e as folhas secas caem e os galhos secos encolhem-se, formando uma bola. As plantas retiram as suas raízes do solo e permitem ao vento transportá-las pelo deserto, até chegarem novamente a um sítio úmido onde podem continuar a crescer e a propagarem-se. A bola volta a abrir-se totalmente e a soltar as suas sementes, que germinam. Assim que entram em contacto com água, as jovens plantas de aspecto seco começam rapidamente a florescer.
Pode dizer-se que estas plantas “sentem” o que fazem durante este processo, visto que não se mantêm necessariamente no primeiro sítio onde param, mas investigam o local para verificarem se é adequado ao crescimento. Ali podem ficar, e crescer, ou então mudam-se várias vezes.

Soraya Rodrigues de Aragão

Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Escritora e palestrante.Autora dos livros Fechamento de Ciclo e Renascimento, Supere desilusões amorosas e pertença a si mesmo, Liberte-se do Pânico e viva sem medo e Talita e o portal. Site: www.sorayapsicologa.com Email: contato@sorayapsicologa.com

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