“Somos balões num mundo cheio de espinhos”

Às vezes, somos violentados e nem temos consciência disso. Até percebemos, mas, ficamos sem reação, com receio de ser coisa da nossa cabeça. De tanto a nossa cultura nos ensinar a engolir o choro, aprendemos a guardar os nossos desconfortos por receio de estarmos fazendo tempestade em copo d´água, assim, vamos pisando em ovos, enquanto sangramos por dentro.

Somos balões num mundo cheio de espinhos, mas, não nos enganemos, nós também ferimos os outros. Contudo, se algo serve de consolo, é ter a consciência de que não saímos por aí, ferindo as pessoas de propósito. Verdade seja dita, o mundo se transformou nesse amontoado de vítimas, fazendo outras vítimas.

A empatia virou artigo de luxo em nosso cotidiano. Encontrar um bom ouvinte, é tirar a sorte grande. As pessoas não têm mais paciência de ouvir ninguém, e, quando ouvem, já pensam em retrucar, em dar sermão, fórmulas prontas ou, em lhe empurrar goela abaixo as “certezas” delas. Está viralizando a mania de rotular as pessoas. Qualquer um se acha capacitado a dar diagnóstico psicológico. Em cinco minutos de conversa com uma pessoa, ela se sente apta a lhe “diagnosticar” como depressiva, bipolar, ansiosa, ou algo do gênero.

Por todos os lados, somos apontados por dedos de pessoas que insistem em vender uma imagem de perfeitas, corretas, cheias da moral e bons costumes. É aquela velha história do macaco que senta sobre o próprio rabo para puxar o rabo do outro.

Estamos cansados de lidar com tanta hipocrisia, tanto riso forçado. Recebemos tapinhas nos ombros enquanto somos fuzilados na ausência. Andamos desconfiados porque há uma incoerência entre a fala e a energia de muitas pessoas. Quem ouve a própria intuição, sabe do que estou falando. Muitas nos sorriem e, nos dizem coisas lindas, mas, o nosso coração trava quando elas se aproximam.

Engana-se quem pensa que o desrespeito, a agressão e a hostilidade são sempre explícitos. Há situações em que eles chegam embrulhados num lindo pacote, a gente demora perceber que está sendo feito de trouxa. Ainda assim, eu venho exercitando a prática de me proteger e lhe recomendo também.

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Imagem de Jonny Lindner por Pixabay






Sou uma mulher apaixonada por tudo o que seja relacionado ao universo da literatura, poesia e psicologia. Escrevo por qualquer motivo: amor, tristeza, entusiasmo, tédio etc. A escrita é minha porta voz mais fiel.