Algumas mídias têm mostrado a história de uma mulher que foi flagrada pelo marido fazendo sexo com um morador de rua dentro do carro no Distrito Federal. Ele achou que sua esposa estava sendo abusada, então, surrou o sem teto.
Esse mendigo se tornou um “mito sexual”, que concede entrevistas com os detalhes sórdidos sobre o episódio. Mas um diagnóstico médico assegurou que a mulher possui um quadro de doenças psíquicas, numa fase maníaca psicótica, que necessita de internação.
Aliás, os surtos psicóticos são comuns em nossa sociedade, visto que os avanços tecnológicos, o aquecimento global, as transformações sociais e outros fenômenos estão provocando mudanças bruscas no estilo de vida atual, afetando a psicodinâmica das relações humanas.
Durante os episódios de surtos psicóticos, os sintomas predominantes são alucinações e delírios. Em outras palavras, é uma sensível perda de conexão com o mundo real, resultantes de comportamentos e pensamentos desordenados, que é incompatível com o princípio da realidade.
É uma história que virou um evento midiático, que não está nem aí se a mulher e o mendigo são pessoas com sofrimentos mentais. Porém, o que importa é expor ao ridículo um homem feio e sujo que teve relações sexuais, numa situação esdrúxula, com uma mulher bonita e sarada.
Isso, portanto, viralizou nas redes porque estimula o princípio do prazer, trazendo à tona os desejos recalcados no inconsciente dos sujeitos, que curtem casos espetaculares que revelam traços perversos do voyeurismo, do exibicionismo e do sadomasoquismo.
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Jackson Buonocore
Sociólogo e psicanalista
foto: Divulgação/Redes Sociais