Por Gema Coelho
Cada vez mais pessoas falam de estresse quando lhes perguntam sobre sua atividade profissional. Embora existam muitas pessoas para quem o trabalho acrescenta significado à vida e contribui de forma positiva para o desenvolvimento da sua identidade, há outras que consideram sua ocupação um conjunto desagradável de obrigações. Tarefas que qualificam como irrelevantes, monótonas e muito exigentes, o que fazem com que sejam vítimas do estresse ocupacional.
Além das preferências que cada um de nós temos a nível profissional, o estresse pode aparecer tanto em certas ocasiões como em outras, causando um impacto na saúde: especialmente se o estresse é contínuo ou com picos de intensidade muito fortes.
“O que os seres humanos precisam não é viver sem tensões, mas sentir e responder com energia ao chamado desse trabalho que nos espera para podermos nos realizar.”
-Victor E. Frankl-
O que é o estresse ocupacional?
Nem todas as pessoas apresentam a mesma capacidade de adaptação às circunstâncias estressantes. Esta capacidade está condicionada por diferentes fatores genéticos, pelos traços da personalidade e pelas condições físicas e mentais de cada um de nós.
O estresse relacionado com o âmbito profissional pode ser definido como o conjunto de reações emocionais, cognitivas, fisiológicas e comportamentais relacionadas com certos aspectos negativos da empresa, conteúdo ou ambiente de trabalho. Este estado é caracterizado por elevados níveis de excitação e angústia e com uma frequente sensação de não ser capaz de lidar com a situação.
O estresse ocupacional é um estado de tensão física e psicológica produzido pelo desequilíbrio existente entre as exigências colocadas pela empresa e o meio profissional, e os recursos dos trabalhadores para lidar com elas.
Um fator que a cada dia merece mais importância e atenção é o desequilíbrio entre as expectativas sobre o que deve ser o trabalho e as realidades no mundo laboral; às vezes há um grande abismo entre as crenças ou o ideal representado e a realidade. Assim, quanto mais inalcançáveis ou menos realistas forem as aspirações, mais altas serão as probabilidades de nos sentimos decepcionados e vulneráveis aos efeitos nocivos do estresse.
Sintomas frequentes do estresse ocupacional
Os sintomas mais frequentes que indicam que uma pessoa pode estar sofrendo com estresse ocupacional são:
- Sintomas fisiológicos: sudorese, tensão muscular, dificuldade respiratória, palpitações, dores de estômago, tonturas, náuseas, boca seca, etc.
- Sintomas psicológicos: preocupação, medo, dificuldade para pensar, se concentrar ou tomar decisões, pensamentos negativos, medo, insegurança, etc.
- Sintomas motores: evitar situações temidas, roer as unhas, inquietação motora, ir de um lugar para outro sem finalidade específica, etc.
Para reduzir os nossos níveis de estresse, é importante colocarmos em prática algumas estratégias básicas, tais como as que iremos indicar abaixo. Se a situação persistir ao longo do tempo e formos incapazes ou estivermos com dificuldade para enfrentá-la, é melhor ir a um profissional, de modo que com a sua ajuda possamos superar o nosso problema.
Tratamento do estresse ocupacional
O tratamento do estresse ocupacional é estabelecido, sobretudo, em função dos sintomas e desconforto que a pessoa apresenta, assim como sua intensidade. Portanto, ele será adaptado de maneira individual, favorecendo sua evolução se o início do tratamento for precoce. No entanto, também existem tratamentos a nível grupal e empresarial.
Normalmente, as intervenções utilizadas se caracterizam por ser de tipo cognitivo-comportamental, como o enfrentamento do estresse, a reestruturação cognitiva, a terapia racional emotiva e o ensaio comportamental. A partir da perspectiva cognitiva, o foco será no trabalho das cognições errôneas, das expectativas irreais e das falsas esperanças.
Entre as técnicas e os programas que visam combater o estresse no trabalho, podemos também destacar as estratégias de enfrentamento de controle ou focadas no problema, o treinamento de resolução de problemas, o treinamento de assertividade e o treinamento da gestão do tempo.
Assim, os recursos de proteção ou de resistência a nível individual serão melhorados para otimizar a forma de enfrentar as causas do estresse típicas do ambiente laboral e melhorar a percepção de controle, a autoestima e o nível de autoeficácia pessoal.
Chaves para reduzir o nível de estresse
A seguir listamos algumas dicas para reduzir os níveis de estresse elevados no âmbito profissional:
- Planejar atividades gratificantes fora do trabalho. Desconectar-se assim que sair do âmbito laboral, tanto interna quanto externamente, e dedicar algum momento do dia para fazer algo que favoreça o relaxamento.
- Definir objetivos realistas e possíveis de serem alcançados.
- Não deixar tudo para a última hora. Aprender a gerir o tempo e planejar a nossa atividade de forma flexível.
- Cuidar do ambiente onde se trabalha (limpeza, ordem, luminosidade, etc).
- Fomentar relações sociais no trabalho e se comunicar de forma assertiva.
- Aprender a reduzir a tensão através de técnicas como a meditação, o relaxamento e a ioga.
- Evitar os pensamentos catastróficos e a desqualificação pelos erros cometidos. Às vezes, os erros são uma parte inevitável da realização de uma tarefa, podendo ser uma fonte valiosa de aprendizado e aperfeiçoamento.
- Ter hábitos como dedicar um tempo para dormir e manter uma alimentação adequada. Também podemos incorporar à nossa rotina diária o exercício físico de forma regular e adaptado às nossas capacidades, pois melhora o humor em geral, aumentando a autoestima e diminuindo o nível de estresse.
Imagem de capa: Shutterstock/Adam Supawadee
TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA