Por Joanna Myers
É difícil ver seu filho errando quando você sabe que poderia simplesmente usar sua varinha de condão para corrigir tudo. Não gosto de vê-lo passando por dificuldades quando meu desejo é intervir e ajudá-lo a ter sucesso, mesmo sabendo que no longo prazo isso mais atrapalha que ajuda. Então decidi que não vou mais ficar ajudando tanto meus filhos. Das coisas pequenas às grandes, eis algumas situações em que vou dar a chance de que eles encontrem soluções sozinhos.
1. Quando eles deixam a bateria do tablet a 1% e esquecem de colocá-lo para carregar. OK, sou totalmente culpada neste caso. Não consigo não plugá-lo na tomada. Mas a melhor maneira de fazê-los aprender é deixar que eles encontrem o tablet sem bateria.
2. Quando eles deixam a roupa suja no chão do banheiro ou não tiram a louça da mesa. É claro que é muito mais fácil recolher tudo e colocar para lavar. E, se eles já estão na cama, é difícil para mim deixar a bagunça ali. Mas o que estou ensinando se arrumo tudo o tempo inteiro? Estou ensinando que é OK fazer bagunça – e não é.
3. Não fazê-los “terminar” o trabalho. Infelizmente, cheguei a um ponto em que aceito o “bom o suficiente”. Por exemplo, fico com pena deles no dia de arrumação do quarto e faço eles pararem quando está “bom o suficiente”. Não olho embaixo da cama, para onde muita coisa foi empurrada, porque quero facilitar as coisas para eles. Mas mais fácil não significa melhor, necessariamente.
Quando meus filhos têm um problema, minha vontade é intervir e resolver, ou pelo menos dizer exatamente o que eles têm de fazer.
4. Quando recebo um e-mail do professor dizendo que um dos meus filhos não está indo tão bem em alguma matéria, preciso deixar de ser defensiva. Meu primeiro instinto é ser a mãe-urso, superprotetora. Mas aprendi a me acalmar e esperar um dia até que a notícia assente. O professor está lá para ajudar, não para complicar.
5. Ficar do lado do meu filho automaticamente. É difícil não ser assim, certo? Na nossa cabeça, apesar de saber que nossos filhos não são perfeitos, ainda achamos uma afronta quando algo contraria nossos filhos, seja em relação aos amigos dele ou à escola. Mas às vezes eles são perfeitamente capazes de se virar, então por que virar um Rambo antes de saber toda a história? Tenho de parar.
6. Achar que tudo o que meus filhos fazem é incrível. E dizer isso para eles. Alguns de nós realmente somos melhores que os outros em certas coisas. Não é diferente com nossos filhos. Mas elogiá-los por algo medíocre só diminui o valor dos elogios por algo verdadeiramente incrível. Tenho de parar de me derreter o tempo todo.
7. Resolver os problemas deles. Quando meus filhos têm um problema, minha vontade é intervir e resolver, ou pelo menos dizer exatamente o que eles têm de fazer. Mas estou começando a achar que é melhor deixá-los fazer um brainstorm sozinhos, assumir a responsabilidade pelas coisas. Isso vai ajudá-los a ser mais confiantes.
8. Amarrar os sapatos deles, ou qualquer outra coisa que nos faça sair de casa mais rápido. Quando eles eram menores, sem dúvida fui culpada disso, e mesmo agora, com eles mais velhos, às vezes é mais fácil se eu arrumar tudo para eles. Mas assim eles nunca vão aprender a se arrumar rápido.
9. Levar para a escola as coisas que eles esqueceram. Depois de lembrá-los quatro vezes de levar um agasalho, acho que passar um pouco de frio na hora do recreio vai ser um ótimo lembrete para o dia seguinte. Se eles esquecem o projeto de ciências em casa e é o dia de entregá-lo, levo para a escola? Com certeza é minha vontade. Mas o que dura mais? Uma nota mais alta no trabalho ou a lição de vida de ser responsável por suas coisas?
É difícil observar seus filhos tomando tombos, sofrendo com coisas que seriam muito simples para mim. Mas tenho de dar esse passo para trás. Tenho de deixá-los saber o que é fracassar. E fracassar de novo. E, talvez, de novo. E no fim das contas… ter sucesso.
Imagem de capa: Shutterstock/LightField Studios
TEXTO ORIGINAL DE BRASILPOST