Por Gustavo Alves Pereira de Assis
A temática sexualidade ainda causa reações preconceituosas, fazendo-se necessário uma desmistificação sobre tal tabu. A sexualidade é algo inerente ao ser humano desde sua vida intrauterina até a morte, sendo definida pela Organização Mundial da Saúde ( OMS, 1975 ) como uma energia que motiva o indivíduo a buscar amor, ternura, contato e intimidade e que irá influenciar pensamentos, sentimentos e interações. Seguindo uma perspectiva freudiana pode-se definir a sexualidade como toda atividade pulsional que busca satisfação, prazer e bem-estar, sendo importante para a estruturação da personalidade.
Há também na sexualidade uma construção social e cultural, que irá contribuir para a aprendizagem de padrões, preconceitos e mitos, papéis sexuais e outros elementos, que podem ter efeitos positivos ou negativos no desenvolvimento psicossocial e psicossexual. A compreensão da sexualidade humana deve ser vista de forma integral, tanto no aspecto sociocultural quanto no físico e psíquico, referindo-se ao físico aos aspectos anatômicos, biológicos e fisiológicos, e no psíquico ás emoções, sentimentos, pensamentos e demais fenômenos psíquicos presentes na vivência da sexualidade. A expressão da sexualidade envolve a experiência do todo, como biopsicossocial, sendo uma dimensão da identidade e da autopercepção.
Discorrer sobre sexualidade envolve a subjetividade, ou seja, o que é próprio do indivíduo, sua singularidade, seu ”mundo interno”, a forma como este ser busca a satisfação. É importante que o indivíduo vivencie suas experiências de forma consciente, que se descubra nesta relação de estar no mundo, levando-se á um movimento autêntico.
Se buscar bem-estar e satisfação é uma tendência humana, pode-se inferir que a sexualidade é uma tendência natural, que precisa ser compreendida e respeitada nas suas diversas formas de expressão, formando uma heterogeneidade, que nos faz seres distintos e especiais, como parte da proposta do humanismo. Ao discutir sobre a sexualidade é necessário vê-la como um direito, um modo de ser e existir, um modo de estar no mundo, considerando-a parte da subjetividade humana, assim pode-se considerar que existam sexualidades. Existem várias perspectivas a se adotarem para desdobrar os temas relacionados á sexualidade, portanto vê-se necessário uma proposta humanística, que veja o individuo como ser único, como centro, como capaz de fazer-se e realizar-se. Assim, acredita-se que cada indivíduo seja capaz de autogerir-se, tomando consciência de sua existência e de sua sexualidade.
A sexualidade envolve três conceitos básicos a serem destacados: o sexo, a identidade sexual e de gênero e a orientação sexual. O sexo é referente ao aspecto físico, á genitália e cromossomos existentes, enquanto a identidade sexual e de gênero é a forma como o indivíduo se caracteriza, é parte da autopercepção, é sua autoidentidade. A orientação sexual diz respeito ao desejo e erotismo de um indivíduo para outro, é a atração e o vínculo emocional existente. Embora tais definições sejam simplistas e limitadas, é preciso ver o ser humano existente, sem rótulos, porque nós não somos, nós estamos.
Referências bibliográficas
- ALFERES, V. R. Encenações e comportamentos sexuais: para uma psicologia social da sexualidade. Porto: Edições Afrontamento, 1997. 320 p.