É impossível alcançar elevação intelectual prescindindo de leituras pertinentes ao crescimento que desejamos obter, seja em conhecimento ou habilidades.
Razão pela qual é inegável o papel da leitura em todo processo de formação.
Seja para fins de desenvolvimento humano ou no preparo profissional, precisamos de leituras que sedimentem competências cognitivas, sensíveis e práticas.
A questão é que nem toda leitura provoca impactos benéficos e duradouros, daí a importância de, de vez em quando, avaliarmos o emprego do tempo dedicado aos livros.
Seja para fins de distração ou visando à extração de informações úteis, o universo de leituras que nos interessa costuma estar reduzido a necessidades imediatas: livros cuja leitura apesar de trazer algum benefício não nos influencia de forma permanente; livros inócuos de conteúdo correto, mas superficial e textos de linguagem pobre que facilitam a leitura, mas não provocam desequilibrações cognitivas construtivas.
Some-se a isto o fato de que nem todo livro tem caráter formativo benéfico. Há livros nos quais estão embutidas intenções manipuladoras que deformam crenças e pensamentos ou instalam ideias falsas que nos levam a delirar, pensando que estamos sendo racionais ou intuitivos. E quem há de negar que a prática continuada de leitura ruim pode causar tantos estragos como a leitura constante de livros edificantes pode forjar pilares de aço para a personalidade e o caráter?
Sobre isso, Helen Exley, famosa editora inglesa e criadora dos gift-books, falando da influência dos livros no seu sucesso, declarou: ‘os livros deveriam ter um rótulo que dissesse: este livro pode mudar sua vida’. De fato, saber selecionar leituras para compor o lastro de ideias e valores fomentadores da criticidade, da autonomia do pensamento e ajudar a desenvolver compreensão, julgamento e ação sobre a realidade, por si só, já constitui um patrimônio intelectual.
Desse modo, quando escolhemos ‘leituras de formação’ é bom lembrar que há os livros que caem na vala comum da informação banal; do pensamento que não resiste ao mínimo exercício de inteligência. Em contrapartida há leituras que dão um estalo na cabeça; ajudam a encontrar o fio da meada de ideias complexas; fazem estremecer a alma; levam quentura ao coração; provocam um frio na espinha ou escancaram o riso que desvendou tolices travestidas de dogmas.
As leituras bem realizadas, além de fomentar a humanização, têm o poder de fazer a aproximação intelectual do leitor com pensadores, cientistas e poetas.
Em síntese, não devemos esquecer que as leituras também ‘nos fazem’. Então, escolha bem. E se surgirem dúvidas quanto às leituras a realizar, nada de rigidez. Faça simplesmente o que Santo Agostinho aconselhava: ‘pegue o livro, leia e firme seu julgamento’.