A anatomia da raiva: O corpo fala, mas as emoções gritam!

Por Paulo Ratki

Inteligência Emocional – O corpo fala, mas as emoções gritam!

Digamos que alguém lhe dá uma fechada na estrada. Se seu pensamento imediato após a emoção é “Seu fdp”!, ele irá influenciar bastante na trajetória da raiva, se for ainda acompanhado de outras emoções como indignação e vingança: “Podia ter causado uma batida! Canalha! – Mas isso não vai ficar assim!”. Os nós dos seus dedos ficam brancos devido a força com que você aperta o volante, o corpo imobiliza-se para lutar, não para fugir. A testa e os lábios se contraem, as sobrancelhas se unem – você fica trêmulo, o suor corre pela testa, as batidas cardíacas aumentam, sua cara fica muito feia. Você quer matar a criatura. Então, se um outro carro atrás de você buzina porque você reduziu para evitar um acidente, você com certeza explodirá de raiva contra o inocente motorista na sua traseira.

São estas emoções que criam a hipertensão, a condução perigosa e até os assassinatos em nossas ruas e avenidas.

Compare agora essa sequência de emoção de raiva com uma linha mais caridosa de pensamento contra o motorista que lhe fechou: “Talvez ele não tenha me visto, quem sabe ele está sofrendo com algo e isso faz com que dirija tão perigosamente, talvez até seja uma emergência médica.” Isto significa temperar a raiva com piedade, ou pelo menos com uma mente mais aberta, impedindo que a emoção descontrolada cresça e torne-se um monstro.

O problema, como nos lembra o que é proposto por Aristóteles a respeito de termos apenas a raiva certa, é que na maioria das vezes nos descontrolamos. O grande Benjamim Franklin colocou a coisa muito bem: “A raiva nunca é sem motivo, embora raramente seja um bom motivo.”

Existe por certo diversos tipos de raiva. Dentre todas as emoções descontroladas que as pessoas querem se livrar a raiva é a mais intransigente. Cientistas da mente já constataram que é o sentimento mais difícil de controlar. Ela é a mais sedutora das emoções negativas, ao contrário da tristeza, a raiva energiza, e até mesmo nos exalta. O seu poder sedutor e persuasivo pode em si explicar porque alguns comentários sobre ela são tão comuns: que é incontrolável, ou que seja, seja como for, não deve ser controlada, e que dar-lhe vazão numa “catarse” faz bem. Uma outra corrente de pensamento, contrária desta anterior, afirma que a raiva pode ser inteiramente evitada.

Mas, uma cuidadosa leitura das descobertas feitas por pesquisadores sugere que todas essas atitudes adotadas em relação ao sentimento de raiva são equivocadas ou simplesmente míticas.

A cadeia de pensamentos furiosos que alimenta a raiva é também, potencialmente, a chave para uma das mais poderosas maneiras de desarmá-la: de cara, minar as convicções que a abastecem. Quanto mais ruminamos sobre o que nos deixou com raiva, mais “bom motivos” e justificativas podemos inventar para ficarmos com raiva. A ruminação alimenta as chamas da raiva. Ver as coisas de forma diferente extingue essas chamas.

Reavaliar uma situação é uma das mais potentes formas de aplacar a raiva. Como diz o bom filósofo Confuncius: “Nós somos emoções e é impossível não senti-las, elas são como pássaros que pousam em nossas cabeças, deixar que estes façam ninho, aí será sempre por nossa conta.”

(Inspirado na obra: A Teoria Revolucionária Que Redefine O Que É Ser Inteligente, por Daniel Goleman, PhD – e também Howard Gardner, Inteligências Múltiplas)

Paulo Ratki

Analista e Coach Especialista em Inteligência Emocional Six Seconds Emotional Intelligence Assessment – SEI Presidente do LIDE RS Líderes Empresarias Grupo Dória

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