A brutalidade da cultura do estupro
Sad young woman sitting on the bed

Há poucas semanas, uma adolescente de 17 anos foi estuprada por 33 homens adultos no Rio de Janeiro, causando protestos pelo estupro coletivo ser a expressão radical da cultura machista. O Brasil é um País ameaçador para as mulheres, pois tem uma taxa de 4,8 homicídios por cada 100 mil mulheres, a 5ª maior do mundo, conforme a Organização Mundial da Saúde. O 9º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que uma mulher é estuprada a cada 11 minutos, indicando que cerca de 50 mil mulheres por ano são estupradas no País.

A cultura do estupro é, uma prática que no decorrer da história serviu para consolidar várias experiências de dominação: os conquistadores europeus estupraram mulheres indígenas na conquista do Novo Mundo e no Brasil não foi diferente: portugueses estupraram índias durante a ocupação da antiga colônia, senhores brancos estupravam suas escravas nas senzalas, filhos da classe média alta estupravam suas empregadas domésticas como um modo de iniciação à vida sexual.

Os indícios antropológicas mostram que os estupros surgiram com as guerras. Os estupros eram um dos principais motivos das primeiras guerras. Estupros foram usados como tática militar na Segunda Guerra Mundial, os abusos sexuais também ocorreram em larga escala nas guerras do Vietnã, Bósnia, Gongo, entre outros países.

A manipulação psicológica por traz disso é terrível: os estupros só trazem humilhação. Aniquilam vidas, destrói a dignidade de um povo. Hoje existe gente que pensa que as mulheres estupradas têm algum tipo de desequilíbrio emocional e por isso se sujeitaram aos estupros.

Não é apenas quem comete abusos que sãos culpados pela cultura do estupro. Estão nessa cultura pequenas atitudes do dia a dia que podem perpassar alheias, como aconselhar às meninas e mulheres que não saiam de casa à noite, ou sozinhas, ou que usem roupas regatadas. Além disso, essa cultura coisifica o corpo da mulher que se manifesta na propaganda, nas músicas, livros, filmes e novelas que glamorizam os abusadores.

Não há como negar a existência da cultura do estupro, insinuando que é uma invenção das feministas, isso não é somente um atestado de ignorância histórica, mas uma falta absoluta de respeito com a dor das vítimas. Afinal, para mudar esse quadro de brutalidade contra as mulheres é imprescindível a educação não sexista para formar relações igualitárias entre homens e mulheres, eliminando na origem a violência de gênero.






Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista