Alguém já parou e se perguntou o que é existir? Dentre as melhores respostas achei esta da Mentora Espiritual Joanna de Angelis: “Existir significa ter vida, fazer parte do Universo, contribuir para a harmonia do Cosmos.”
A existência humana é uma síntese de múltiplas experiências evolutivas, para muito além desta vida, trabalhadas na noite dos séculos através de automatismos que se transformam em instintos e mais tarde nas elevadas expressões da emoção, do sentimento e da razão.
À medida que nossos automatismos biológicos, o viver pelo instinto, se convertem em impulsos mais nobres e dirigidos — ressalvados alguns que permanecerão sem a contribuição da consciência — o ser maduro psicologicamente passa a sobressair, conduzindo, de início, a carga daqueles comportamentos repetitivos que deverão ser modificados, desfazendo-se daqueles de natureza perturbadora e aprimorando aqueloutros que se transformarão em fontes de alegria, de prazer e de paz, pois estarão impressos como novos paradigmas de ação em nossa memória cerebral e espiritual.
Posteriormente, a razão abandona as sombras da ignorância que por vezes a entorpece e infelicita e se delineiam objetivos novos, metas a alcançar de maior e mais significativo sentido existencial. Enquanto não surge essa necessidade, o instinto primário domina, as necessidades físicas, puramente animais, tornam-se a expressão de vida, e o ser, não obstante que se encontra em estágio de humanidade, não pensa, apenas reage, sem saber agir, ou melhor discernir para depois agir; agride ou deprime-se, por desconhecer o valor da verdadeira luta, saudável, sempre desafiadora para a conquista do progresso do homem. Somente então, após uma imensa gama de sofrimentos e dores acerbas, surgem as principais interrogações que fazem parte da busca do sentido existencial, como por exemplo: Por que ainda vale a pena viver? Por que lutar se nada dá certo? Como desenvolver a paciência, resiliência e coragem, essas capacidades indispensáveis e necessárias para perseverar até alcançar a meta? Como fazer a vida valer novamente a pena?
A vida está acima de tudo, e tentar explicar-lhe a causa, o motivo do Primeiro Movimento que lhe deu origem, é perder-se em teses filosóficas e religiosas desnecessárias. Nós é que precisamos torna-la prazerosa e com sentido para nossa existência. Aceitar-lhe a realidade como é, sem emoções perturbadoras, sem fugas psicológicas, sem vitimização ou transferência de responsabilidades. Enfrentamento, este é o primeiro passo. Coragem, a gente acaba alcançando no caminho, eis o segundo. Gratidão, por tudo que vier e alcançar, este o mais importante, e eis o terceiro.
Vive-se, e isso é incontestável. Tentar negar isso é fugir da luta, significa anular-se, entorpecer a capacidade de pensar, diminuir-se como ser humano.
Viver da melhor forma possível, com o que se tem, com aquilo que se é, aceitando-se com nossos acertos e erros para podermos melhorar e corrigi-los, é o desafio imediato. Aprender a Viver bem — desfrutando dos recursos que a Natureza e a inteligência proporcionam — realizações íntimas superiores, buscar o “ter” mas aprender a conquistar o “ser”, com o desenvolvimento ético e moral adequado, que proporcionam paz e bem estar interior —, eis uma grande razão por que lutar.
A mentora ainda afirma que tal conquista sempre se consegue mediante o esforço da não aceitação comodista, partindo-se para a luta de crescimento pessoal e de transformação ambiental, que facultam a existência feliz.
O próprio esforço, na mínima realização vitoriosa, contribui para o favorecimento da capacidade de se prosseguir conquistando as metas que, ao serem alcançadas, oferecem outras novas, que podem proporcionar melhores condições de plenitude e de integração na família, em sociedade e com a Consciência Cósmica.
Cada etapa vencida, portanto, mais capacita o ser para as próximas que lhe cumpre conquistar. Experimentada uma vitória, surgem motivações especiais para o prosseguimento das lutas que acenam conquistas ainda mais significativas, particularmente no íntimo, quando o ser psicológico desabrocha e predomina sobre o conjunto fisiológico, instintivo.
Quando somos visitados pela perda do sentido existencial deveríamos considerar este momento como um presente da divindade, que nos leva a reflexionar sobre nossa vida atual, sobre o que não serve mais, o que está errado e o que precisamos mudar com urgência. Não se pode ser feliz vivendo apenas por processos automáticos. O mundo gerou no último século um sistema de vida para sermos totalmente infelizes, para acumularmos, adoecermos, perdermos a razão de viver e no final usufruirmos muito pouco ou nada do que conquistamos. A vida é muito mais que essa montanha de lava líquida de satisfações do ego, ela é uma sinfonia de bênçãos que aguarda-nos como seus maestros para que em perfeita comunhão e conexão, possamos viver, aprender a viver.