COMPORTAMENTO

A Chegada: filme dialoga sobre a importância de sermos mais humanos

Por Guilherme Moreira

Sem maiores explicações, doze naves surgem em pontos aleatórios do globo. Como de praxe na maioria dos filmes do gênero, caos, intolerância e medo alastram-se entre os cidadãos de diversos países. Na forma de um joguete político, algumas nações exacerbam os seus próprios limites culturais e sociais tentando compreender o motivo dessa força extraterrestre. Ingredientes mais do que suficientes para um clássico blockbuster, não fosse o comando ímpar de um dos maiores cineastas da atualidade, o canadense Denis Villeneuve.

Em A Chegada (Arrival), Villeneuve flerta de forma poética com o desconhecido e ainda presta homenagens claras para clássicos do nosso tempo, como Isaac Asimov e Arthur C. Clarke. A estética concebida do diretor é uma das mais completas hoje no cinema. Villeneuve consegue, sem muito esforço, fazer lembrar obras do passado – Contato, e ainda romancear paisagens e diálogos no melhor estilo Terrence Malick.

Tudo isso para apresentar a dupla que viria a ser responsável por responder a pergunta principal feita aos invasores: “o que vocês querem?”. Vividos por Amy Adams e Jeremy Renner, as personagens precisam desvendar esse mistério ao mesmo tempo que criam uma ligação incomum em relação aos seres longínquos.

A discussão da produção derrama-se, em planos e nuances, sobre a comunicação. É um processo árduo de identificar e traduzir possíveis mensagens entregues pelos habitantes das naves. Mas adentrando nas relações internacionais, várias personagens acabam se vendo envolvidas numa espécie de ruído. Na verdade, o grande escopo de A Chegada é mostrar o quanto podemos ser distantes de nós, na maioria das vezes, quando não sabemos usar do diálogo e do afeto para encontrarmos um denominador comum.

O filme expõe a falsa concepção de tempo que alimentamos. Ele tira o curativo daquelas angústias sentidas por escolhas que fazemos. Não é para qualquer coração encontrar-se diante tantos questionamentos afetivos e complexos. Ainda mais perante um longa que tinha tudo para ser uma simples experiência cinematográfica de entretenimento.

A Chegada é, em sua essência, uma jornada de autoconhecimento. Denis Villeneuve arrisca, mais uma vez, nas arestas sutis do que significa sermos humanos. A diferença é que aqui ele usa de uma narrativa ficcional e impensável (até quando?) para elucidar as nossas maiores indagações. Mas, acima de tudo, é uma tentativa legítima de sacudir o emocional e, quem sabe, despertar o nosso reconhecimento e atenção para laços menos hostis e mais afetuosos.

TEXTO ORIGINAL DE CONTIOUTRA

Psicologias do Brasil

Informações e dicas sobre Psicologia nos seus vários campos de atuação.

Recent Posts

Série de 3 episódios na Netflix dá destaque global a caso real que chocou os EUA

A série documental que estreou na Netflix em fevereiro tem atraído muita atenção ao redor…

14 horas ago

Mulher que já se “divorciou” de dois brinquedos de parque de diversões “se casa” com montanha russa

A francesa Gaëlle Engel, de 47 anos, se identifica como objetofílica — condição em que…

15 horas ago

Após divórcio, médico exige que esposa devolva o rim que ele doou a ela

Richard Batista quer que a ex-esposa lhe dê o rim de volta ou lhe pague…

3 dias ago

O que significa quando uma pessoa pisca muito enquanto conversa com você?

Você já notou que, durante uma conversa, algumas pessoas piscam mais do que o normal?…

3 dias ago

George Clooney e Julia Roberts brilham muito na nova comédia romântica preferida dos assinantes da Netflix

Um filme delicioso que resgata vários elementos das charmosas comédias românticas que alçaram Julia Roberts…

3 dias ago

Mecânica dos caça-níqueis: comparação do Balloon Casino com outras máquinas caça-níqueis

Os caça-níqueis ocupam uma posição de liderança entre todos os jogos de cassino on-line devido…

3 dias ago