“O casamento não se compõe apenas de uma comunhão espiritual e de abraços apaixonados; compõe-se também de três refeições por dia, lavar a louça e lembrar de pôr o lixo pra fora” (Joyce Brothers, conforme citado por Ruy Castro).
“A tragédia do casamento é que enquanto todas as mulheres se casam pensando que seu homem irá mudar, todos os homens se casam pensando que sua mulher nunca mudará. Ambos invariavelmente se desapontam” (Lei Deighton, conforme citado por Ruy Castro).
Durante o namoro os casais fazem projetos maravilhosos para a vida a dois. Após o casamento, alguns passam a viver uma fase cheia de carinho, compreensão; outros, passam a ter problemas no relacionamento devido problemas na comunicação. Outros ainda, começam uma fase difícil, cheia de brigas, ciúmes e rancor.
As dificuldades após o casamento fazem parte da necessidade de adaptação à nova realidade que se configura. Durante o namoro, cada um tinha sua liberdade e independência para administrar sua vida. Após o casamento, toda a rotina começa a ser compartilhada: os horários, tomadas de decisões, espaços, hábitos, interesses, dentre outros. E tudo envolve diálogo, é preciso haver negociação. A arte de negociar é imprescindível e deve ser aprendida por todos os casais.
As dificuldades de comunicação desencadeiam sérios problemas no relacionamento do casal. Por isso, para viver bem a dois, é necessário ser capaz de conversar de uma maneira “leve” e produtiva. É preciso saber falar, mas também, saber ouvir o outro. Pois ser assertivo é saber dizer o que se quer, respeitando a si e ao outro. E também, saber ouvir com atenção e respeito quando for a vez do outro falar.
Em um casamento é necessário haver intimidade, cumplicidade e amizade. É preciso manter uma certa estabilidade na relação conjugal, já que a união para viver sob o mesmo teto foi realizada com a intenção de passar “um bom tempo” juntos.
Às vezes, o que ocorre na vida dos casais é que um vai perdendo a apreciação pelo outro e, com isso, se perde o carinho para expressar os sentimentos positivos ou as discordâncias. Desta forma, devido a uma “familiaridade permissiva”, os desejos e sentimentos são expressos sem que haja o respeito pelos direitos do outro. Em alguns casos, por medo de desfazer o relacionamento (porque juraram ficar juntos para sempre), os desejos e sentimentos não são expressos e somente o direito do outro é que conta.
A comunicação entre os casais contêm tudo o que cada um aprendeu em sua história de vida: o jeito de se expressar, calmo ou agressivo; o respeito ou desrespeito; a consideração ou a desconsideração; a reflexão ou a impulsividade, etc. Em cada diálogo de um casal estão presentes diferentes interpretações, diferentes formas de pensar. E isso influencia a qualidade da conversa entre os parceiros. As palavras são carregadas de significados de acordo com as interpretações de quem houve: elas podem acariciar ou machucar; temporária ou definitivamente, uma pessoa ou um relacionamento a dois.
Muitas vezes, os parceiros não têm clareza sobre como interagem, não se conhecem o suficiente e não sabem porque são do jeito que são! Outras vezes, percebem e não conseguem descobrir uma maneira diferente de agir. Vez por outra têm consciência do que fazem. Embora seu jeito seja interpretado como ruim pelo e para seu parceiro, discordam da avaliação explicitada. Acreditam que a maneira como vivem seja o jeito “certo” de ser.
De toda a nossa história de vida trazemos os ingredientes que nos tornaram mais ou menos assertivos nas nossas relações amorosas. Refletir sobre isso, sozinhos ou com a ajuda de um psicoterapeuta, faz-nos “abrir os olhos” e enxergar como o nosso modo de ser está influenciando nosso relacionamento e, a partir daí, podemos mudar nossas atitudes e aprimorar nossas interações.
Neno, S., Tourinho, E. Z. (2007). In: F. C. S. Conte e M. Z. S. Brandão. Falo? ou não falo? Expressando sentimentos e comunicando ideias. 2 ed. ver. ampl. Londrina: Mecenas, 2007.
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