Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência química é uma doença que se refere ao uso de qualquer substância psicoativa, ou seja, maconha, cocaína, LSD, crack, etc, que altera o comportamento e gera transtornos mentais, resultantes da utilização constante dessas substâncias.
É uma doença que atinge crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos de todas as classes sociais, sejam eles anônimos ou famosos. Em geral, a porta de entrada para uso de psicotrópicos começa com o consumo de “drogas lícitas”, que são de fácil acesso, como álcool, tabaco, calmante, anfetamina, etc.
A dependência química faz com que os usuários percam o controle de sua saúde mental e física, que os tornam incapazes de resistir à vontade de usar drogas. É por isso que a dependência química deve ser encarada como uma doença, que tem tratamento e possibilita aos doentes se manterem sóbrios.
No entanto, a dependência química não é mau-caratismo, nem falta de vergonha ou falha moral, pois qualquer pessoa pode desenvolver essa doença. Apesar disso, os dependentes são vistos por uma parte da sociedade como gente fraca e sem força de vontade para abandonar o vício.
Há uma série de motivos de origem social, emocional e psicológica que levam à dependência de psicoativos, que vão desde mudar algo em seu interior, ceder à pressão de grupos, resistir a certas formas de relação, fugir dos problemas, etc.
Freud mencionou que o uso de drogas é um modo de fugir do mal-estar, diante da impossibilidade de fazer durar a felicidade. Hoje, o consumo de drogas é a busca – imediata – de prazer e alívio, como forma de evitar as aflições da vida.
Isso tem levado, inconscientemente, a associar o uso de drogas ao dinheiro e ao sucesso, já que certas celebridades são usuárias de álcool e drogas, o que é um paradoxo que exibe sedução, mostra poder e ao mesmo tempo adoece e mata.
A dependência química não causa só adoecimento aos usuários, mas produz sofrimentos aos seus familiares e problemas à sociedade, como o tráfico de drogas, violência, roubos, mortes e a propagação de HIV, hepatites, etc.
Esse cenário contribui para aumentar o estigma contra os dependentes químicos. Contudo, existem muitas ações de apoio para reverter tal situação, como a internação em clínicas, hospitais, comunidades terapêuticas e o tratamento com psiquiatras, psicoterapeutas e o auxílio de assistentes sociais e religiosos.
Porém, os sujeitos para manterem-se livres da dependência química devem ter consciência que possuem uma doença crônica, que não tem cura e precisa de tratamento à vida toda. Assim, eles podem viver com sobriedade e paz.
Jackson César Buonocore é Sociólogo e Psicanalista
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Imagem de Capa: O ator Fábio Assunção é um dos grandes exemplos tanto de como a dependência química pode afetar negativamente a vida de uma pessoa quanto de recuperação e luta pela sobriedade. Leia também: “A droga mais pesada que conheci”, diz Fábio Assunção sobre dependência alcoólica