Soraya Rodrigues Aragão

A falta de respeito pela Psicologia e a banalização da Saúde Mental

Você sabe em que consiste o trabalho de um psicólogo? Você acredita que ter uma consulta psicológica é o mesmo que desabafar seus problemas com um amigo ou com aquela tia mais velha? Quem procura um psicólogo é quem está ficando louco?

Quem é o psicólogo?

O psicólogo é um profissional da saúde habilitado e com inscrição na Ordem dos Psicólogos, possuindo conhecimento e domínio de competências específicas para trabalhar determinadas queixas ou necessidades apresentadas por indivíduos, grupos e organizações, tendo por objetivo a melhoria da qualidade de vida e do bem estar biopsicofísico, social, relacional e espiritual do paciente ou cliente.

Seu trabalho abrange todas as esferas da vida: individual, familiar, profissional e social, bem como em todos os contextos e fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, adultez e velhice. Abrange também situações especificas de prevenção e de crise já deflagrada.

A intervenção profissional do psicólogo e seu campo de atuação específico englobam também condições de reabilitação, prevenção, diagnóstico e suporte psicológico em diferentes situações e contextos, sejam estes individuais ou comunitários, utilizando instrumentos específicos de avaliação, tais como os testes e técnicas psicológicas que somente os profissionais da Psicologia podem utilizar.

O psicólogo e o processo de autoconhecimento

Não há nada mais valioso do que descobrirmos quem de fato somos, mas muitas vezes não estamos dispostos a isto, pois temos medo do que precisamos afrontar e modificar. Aprendemos a estar em uma zona de conforto, onde já consolidamos as ideias que nutrimos sobre nós mesmos, da nossa autoimagem e do nosso autoconceito, através das nossas vivências e idealizações que também são reforçadas por nosso meio ambiente.

A banalização da Psicologia

O trabalho do psicólogo vem sendo banalizado e confundido, inclusive até realizado de forma “ilegal” por pessoas que não são capacitadas para este exercício, visto que não apresentam arcabouço teórico, tampouco prático, além de disseminar “teorias” de senso comum onde o único prejudicado será a população desavisada.

Chegamos ao ponto onde pessoas que não possuem nenhuma formação em Psicologia ou Psiquiatria querem tratar através de meditações guiadas, processos de luto, traumas e até transtornos psiquiátricos, inclusive a própria Depressão através de práticas totalmente infundadas. Isto pode redundar na piora da doença e no caso específico da Depressão, em suicídio.

Sendo assim, é preciso que a população esteja muito atenta a estas práticas sem nenhum critério. Quando a pessoa traumatizada ou depressiva se suicida, quem responde por isto? As pessoas que passaram as meditações guiadas com “voz mansa” dizendo que seu problema se resolverá como num “toque de mágica” ou o blogueiro que falou sobre bipolaridade e de como resolver seus problemas existenciais? E enquanto isto, sua doença vai se cronificando.

Quando procurar um psicólogo?

Infelizmente a Psicologia tem sido banalizada. Não se trata somente do respeito aos profissionais de saúde mental, mas principalmente e sobretudo do respeito e das conseqüências que o senso comum propaga como verdades absolutas e que não são questionadas por quem delas se utiliza.

Culturalmente, existem algumas crenças que permeiam a figura do psicólogo, tais como: “quem procura um psicólogo é porque não é normal” ou “a pessoa não tem a capacidade de resolver os seus próprios conflitos”, sendo portanto, classificada como pessoa “incompetente”, conflituosa, problemática, frágil ou com poucos recursos internos.

Outra questão que dificulta a “cultura do psicólogo” é que a acessibilidade deste profissional é restrita a alguns grupos sociais com determinadas condições socioeconômicas, enveredando-os por outros procedimentos sem nenhuma credibilidade.

Infelizmente boa parte da população não tem condições econômicas de ser acompanhada por um profissional da Psicologia, mas com certeza, todos precisam, visto que o interessante seria mesmo um trabalho preventivo, além do autoconhecimento para uma vida mais satisfatória e feliz e não apenas quando o problema já foi deflagrado. Infelizmente não temos ainda uma cultura preventiva no tocante às questões psicológicas.

***

Imagem de cvpericias por Pixabay

Soraya Rodrigues de Aragão

Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Escritora e palestrante.Autora dos livros Fechamento de Ciclo e Renascimento, Supere desilusões amorosas e pertença a si mesmo, Liberte-se do Pânico e viva sem medo e Talita e o portal. Site: www.sorayapsicologa.com Email: contato@sorayapsicologa.com

Share
Published by
Soraya Rodrigues de Aragão

Recent Posts

Estudante viajava toda semana para um país diferente porque é ‘mais barato’ do que morar perto da universidade

Ele preferiu cumprir uma jornada semanal de quase 8.850 quilômetros até a universidade: "Dinheiro melhor…

18 minutos ago

Filha emociona Leandra Leal com vídeo sobre nascimento do irmão: ‘Quase desmaiei’

A atriz Leandra Leal usou as redes sociais para compartilhar uma emocionante história envolvendo sua…

19 horas ago

Romário se emociona com discurso de formatura da filha: ‘A síndrome de down não me impediu de conquistar o meu espaço’

Ivy Faria, filha caçula do ex-jogador e atual senador Romário, emocionou a todos durante sua…

20 horas ago

Filme na Netflix baseado em uma extraordinária história real vai mudar a forma como você vê os problemas

Um filme maravilhoso e inspirador que já fez muitas pessoas refletirem sobre a maneira como…

2 dias ago

Influenciadora se casa com namorado que sofreu concussão e esqueceu término: ‘Eu fui tão má’

Jenna Brotherson, de 27 anos, viralizou nas redes sociais ao contar a sua inusitada história…

2 dias ago