Durante a gestação, muitos são os medos e anseios que passam pela cabeça da mulher: a saúde do bebê, a mudança na própria vida, da dinâmica familiar e a preparação para este novo papel psíquico materno, que passará a desempenhar. Junto com um novo bebê, nasce também uma nova mãe. E com isso, sentimentos de ansiedade podem aflorar.
A construção do vínculo com o bebê não é automática e imediata, pelo contrário, é gradativa e deve ser estabelecida, preferencialmente, desde a gestação, no ambiente intrauterino. Trata-se de um processo de comunicação tão complexo quanto sutil e que torna possível esta troca íntima e profunda.
O vínculo é de importância vital para a criança que está se formando, pois ela precisa se sentir desejada e amada para ter um desenvolvimento saudável. O amor e a rejeição repercutem sobre a criança muito precocemente mas, para que possa dar significado a estes sentimentos é preciso maturidade neurofisiológica.
À medida que vai evoluindo, o feto torna-se capaz de registrar e de dar significado às emoções e sentimentos maternos. É quando começa a se formar sua personalidade, por volta do terceiro trimestre de gestação. Para se livrar desse desconforto (ansiedade materna), ele começa a elaborar progressivamente técnicas de defesa como dar pontapés, mexer-se mais ativamente, que funcionam como uma mensagem de que está sendo perturbado. Se houver sintonia materno-fetal, a futura mamãe capta esta mensagem e começa a passar a mão delicadamente em seu ventre, o que é percebido e decodificado pelo feto como atitude de compreensão, carinho e proteção, tranquilizando-o.
Com a maturação e desenvolvimento do embrião dentro do útero materno, a experiência de desconforto transforma-se, aos poucos, em emoção e tem início a formação de ideias sobre as intenções maternas em relação a si mesmo.
Se a mãe for amorosa e tiver uma relação afetiva com seu bebê, poderá contribuir para que nasça uma criança confiante e segura de si. Mães deprimidas ou com ambivalência emocional (dúvidas quanto a desejar ou não a gravidez e o bebê), acabam privando-o de seu amor e apoio, podendo favorecer futuros problemas emocionais, uma vez que sua personalidade foi estruturada num clima de medo e angústia.
Mesmo a gestante que rejeita seu filho, comunica-se com ele através do fornecimento do alimento. Entretanto, a qualidade desse vínculo é bastante diferente da mãe que o deseja. O bebê percebe as emoções negativas maternas como um ataque a si próprio.
O consumo excessivo de álcool, tabaco e medicamentos pela gestante são altamente prejudiciais ao desenvolvimento físico e psíquico do embrião, acarretando em sofrimento. No entanto, um fator importante a ser considerado é quando a gestante faz uso de medicações psicotrópicas. A supressão total pode deixá-la extremamente ansiosa, o que prejudica a criança e o vínculo estabelecido com ela. Nesse caso, o médico deve analisar a relação risco/benefício de retirar ou não a medicação.
A atividade sexual não traz qualquer malefício. Ao contrário: o orgasmo, especialmente na mulher, é altamente benéfico física e emocionalmente. O feto capta o bem-estar geral e a tranquilidade maternos e sente-se seguro e protegido.
Os acontecimentos graves e estressantes como perdas significativas ou situações de brigas conjugais ou com pessoas mais próximas, são causas de grande sofrimento fetal. Para diminuir os efeitos nocivos ao feto, a futura mamãe deve aumentar os períodos de descanso, oferecer-lhe apoio afetivo e conversar com ele, esclarecendo-o dos acontecimentos. Embora não haja compreensão das palavras, o feto capta o sentido do que lhe é dito e se tranquiliza… Assim, o vínculo mãe-bebê pode ser mantido, desenvolvido e fortalecido!
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