O termo húbris é um conceito grego que significa “excesso,” que traduzimos como tudo aquilo que passa da medida, como arrogância exagerada ou insolência em demasia, que na mitologia grega eram atitudes consideradas afrontosas contra os deuses e acabavam em punição.
Assim, para os antigos gregos os portadores de húbris que tinham uma posição de poder e agiam com descaso com os deuses e com os outros eram castigados e podiam ter um fim trágico. Na civilização romana a húbris era vista como “petulância” de homens que sucumbiam ao um desfecho desonroso.
Hoje, a húbris é conhecida pela síndrome da presunção, uma patologia pouca discutida. Porém, um texto publicado pelo médico David Owen juntamente com o psiquiatra Jonathan Davidson, defendeu a existência da doença de húbris, ocasionada pelo o exercício do poder.
Segundo os autores, portadores da Síndrome de Húbris apresentam uma desordem psíquica, onde se destacam os transtornos de personalidade narcísica, antissocial e histriônica, que tratam seus semelhantes com desprezo e vêem o mundo como um lugar de autoglorificação.
Aliás, os doentes de húbris falam como se fossem “semideuses,” que estão revelando uma verdade absoluta. Mas, de fato, são homens e mulheres impulsivos e imprudentes devido aos seus arroubos autoritários e desequilíbrio emocional.
Essa síndrome não está relacionada exclusivamente aos cargos políticos, entretanto, se manifesta no comportamento de diretores, gerentes, chefes, líderes religiosos, etc, que se acham melhores e superiores de que seus colaboradores.
Para Owen e Davidson, os doentes de húbris perdem o equilíbrio moral e mental, pois são sujeitos que falam de si mesmo de modo majestático. Por esse motivo, eles acreditam que não podem ser responsabilizados por um tribunal mundano e acham que só devem ser julgados por Deus.
O filósofo Bertrand Russell identificou esse processo como “a intoxicação pelo poder.” Também era um fenômeno que atingia cidadãos comuns que serviam os narcisistas malignos, como Hitler, Mussolini e Stalin, que aniquilavam corpos e mentes que ousassem discordar deles.
Portanto, estamos assistindo no século 21, a ascensão de líderes que antes de chegar ao poder vendiam a imagem de “pessoas de bem,” mas agora que são autoridades se importam somente com o seu bel-prazer, mostrando que estão intoxicadas pelo poder.
Enfim, que essa síndrome sirva de lição para formar líderes capazes de pensar e agir com a razão, bom senso e empatia, lembrando que os deuses se irritavam com a presunção dos homens, contudo, na sua expressão “antropopática,” o Deus bíblico é ainda mais implacável contra a crueldade e a injustiça dos homens.
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Imagem de capa: cena do filme “A queda”
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