Abraham Lincoln, 16º Presidente dos Estados Unidos, afirmou “se você quer testar o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Essa máxima traz uma intensa relação com a síndrome do pequeno poder, que se expande por meio de suas técnicas de dominação nas relações sociais, causando danos psicológicos e morais nas pessoas e grupos.
O termo síndrome vem do grego “syndromé”, que significa “reunião.” É um conceito utilizado para caracterizar os sintomas que definem alguma doença ou condição. Nesse contexto, a síndrome do pequeno poder se refere às atitudes autoritárias de indivíduos, quando lhes sãos conferidos uma menor parcela de poder, que mesmo assim geram medo e sofrimento em suas vítimas.
Trata-se de um problema psicossocial, sendo que essa síndrome quer controlar a liberdade de outrem, abusando de sua autoridade na convivência humana. Poder é uma palavra que se originou da expressão latina “possum”, que representa “ser capaz de”, um conceito que é aplicado em diversas áreas.
Não é que o poder seja ruim, já que nem todos usam para fins perversos. Mas, na síndrome do pequeno poder ele é usado com soberba por aqueles que possuem chefias em órgãos públicos, empresas, famílias, escolas, igrejas, partidos políticos etc, azedando o relacionamento interpessoal.
Na família tal síndrome exerce a violência doméstica, que desrespeita os direitos fundamentais de mulheres, crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência. Isso se deve a concepção patriarcal de que os homens são seres superiores e detêm a força física, econômica e verbal.
É como se o poder fosse uma droga, impulsionando os sujeitos a ficarem mais egoístas, mais cínicos e mais dispostos a praticar atos imorais, uma vez que acreditam que as suas prerrogativas lhes dão o direito de pisar em seus “subordinados”.
Na verdade, os portadores da síndrome do pequeno poder escondem o seu complexo de inferioridade. Essa síndrome não é propriamente uma patologia, contudo, pode provocar um perturbador sentimento de culpa, visto que nenhum ser humano consegue viver desse jeito o tempo todo.
O grande erro está em colocar gente desqualificada em funções de liderança, que utiliza o seu comando para dificultar ou prejudicar a vida dos que se obrigam a conviver com elas por necessidade laboral, financeira e afetiva.
Livrar-se das ações de sujeitos com a síndrome do pequeno poder não é fácil, pois eles fazem qualquer coisa para se manterem nos cargos e ainda não se importam se forem lembrados como maus-caracteres.
Sempre que esses líderes extrapolam os limites do pequeno poder, é porque se tornaram políticos ou executivos, entretanto, continuam indivíduos arrogantes e indiferentes com o bem-estar dos outros e não sentem empatia ou culpa, só que agora ocupam altos cargos públicos ou são CEOs de grandes empresas.
Porém, é como diz o provérbio: “A Justiça tarda, mais não falha” e têm revelado que essas criaturas não dispõem de tanto poder como acreditam. Não é à toa, que ouvimos que determinados fulanos decaíram ou cometeram suicídios por não suportarem a perda do poder.
Jackson César Buonocore é Sociólogo e Psicanalista
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