O desencantamento religioso do mundo começa com o profetismo judaico contra a idolatria e o uso em vão do nome de Deus. Moisés, uma figura central do judaísmo que libertou o povo hebreu da escravidão no Egito, ensinava: “Não invocarás em vão o nome do Senhor teu Deus”.
Para nós cristãos é mais do que evidente que não devemos abusar do nome de Deus. Apesar disso, a segunda carta aos Coríntios nos advertiu que haveria lobos em pele de cordeiro, que usarão o nome de Deus: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo”.
Na época de Jesus e atual certos líderes religiosos estão apenas interessados em ganhar dinheiro, usando o nome de Deus. Talvez eles sofram de delírio místico, pois a palavra delírio vem do latim e significa “sair do trilho”, que propaga o cúmulo do absurdo de que eles subiram ao céu e desceram ao inferno e no retorno à Terra expulsão demônios, a fim de apavorar e extrair vantagens dos fiéis.
Aliás, depois do show abrem-se as maletas para vender objetos: rosas do amor, cimentos da casa própria, águas ungidas, martelos da justiça e outras bizarrices. No entanto, diz na primeira carta do apóstolo Paulo à igreja em Corinto: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.”
Por isso que eles se aproveitam de pessoas desesperadas por uma cura, afirmando que Deus os ungiu para curar o câncer ao coronavírus. O livro de Mateus narra que aqueles que se julgavam merecedores do Reino de Deus falavam: “Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos, expulsamos demônios e fizemos tantos milagres?” Jesus responderá: “Nunca conheci vocês. Afastem-se de mim, vocês que praticam a maldade”.
Essa teologia do dinheiro instrumentaliza o nome de Deus, por meio de uma devoção mercantilista. O dízimo não deve ser uma troca com Deus, mas uma doação altruísta de quem o ama sem interesses. É como está escrito na primeira carta que o apóstolo Paulo remeteu a Timóteo: “Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por cujo desenfreado desejo alguns se afastaram da fé, e a si mesmos se afligem com múltiplos tormentos”.
Os argumentos evangélicos revelam que a teologia do dinheiro é um engano, já que seus defensores garantem que o sucesso financeiro pressupõe “negociar com Deus”. E foram eles que se tornaram adeptos de “Mamon”, termo bíblico, que descreveu a cobiça como a personificação de uma divindade: o “deus dinheiro”.
Portanto, a teologia do dinheiro se pauta em uma lógica maniqueísta, em que seus líderes se intitulam mediadores do altar que se digladiam o Diabo e Deus. Então, precisamos retornar a teologia da gratuidade, que é o amor incondicional de Deus pela humanidade e que não espera nada em troca.
Enfim, alguns grupos que se denominam de cristãos, nos dias de hoje, têm se desviado das mensagens de Cristo, que nunca ensinou que o Evangelho pudesse ser uma fonte de enriquecimento e de exploração dos fiéis, contudo, ele não foi contra a riqueza lícita que deve ser utilizada para o bem comum e de si mesmo.
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Jackson César Buonocore é Sociólogo e Psicanalista
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