Acho que todos nós já passamos por momentos na vida….

Em que olhamos para trás e pensamos: “E se, eu tivesse …isso ou aquilo …paciência, mais determinação e se eu tivesse tido mais coragem, se eu tivesse prestado mais atenção, dado mais valor…etc.… se tivesse dado mais uma chance?” … E tantas outras culpas que carregamos pela vida a fora… e desculpas, até do que nos causa desconforto ou dor…, mas…e …se…. etc., etc…
E as vezes, por motivos tão diversos, desde a criação dos filhos, aos relacionamentos interpessoais incluindo os profissionais. Em que pese, sabermos que algo está fadado a não dar certo, seja por questões externas mais pertinentes que as internas, ou ambas, nos questionamos acerca das nossas decisões. Trazemos a responsabilidade até por situações que não estão sob nosso controle e nos cobramos por elas.
Perceba como nosso sofrimento está ligado ao apego, a falsa ideia que construímos do que seria ideal, e das interpretações que damos os acontecimentos da vida. E com base em nossas experiências ou nossas vivencias.

É provável que não alcancemos nem a sombra do que julgamos ser necessário para afirmarmo-nos aos ideais mais altos, impostos por nós mesmos. Nossas vidas, nossos sonhos, nossas metas, as vezes não nos parecem nem reflexos do que julgamos satisfatório alcançar. Nosso juízo implacável para com os outros, nosso país, o mundo em si mesmo – poderia e deveria ser o que, ou em que acreditamos que deveríamos ter sido, feito e por aí a fora…
Estamos falando sobre o modo como nós, percebemos, aprendemos, lembramos e assim estas informações em grande parte representarão também nossas concepções de realidade.
Use seu tempo para ouvir-se, traga seu pensamento para a consciência.
Ou então, seremos regidos por nossos instintos primitivos, amígdala cerebral (uma atividade totalmente irracional), sem que nossas ações e reações passem pela avaliação das estruturas cerebrais mais elaboradas de inteligência verbal (córtex cerebral).
Mas, voltando ao raciocínio inicial. Tornamo-nos ditadores críticos de tudo e principalmente de nós mesmos. Internalizados em nossa subjetividade pela figura do pai punitivo, autoritário. Onde não damos conta de agradar, não somos bons o bastante, ainda que ofereçamos o nosso melhor.
Refletir vale sempre a pena, mas sem rigor excessivo ou criticas desconstrutivas. Quer seja em julgamentos, opiniões; não valorizando suas conquistas, ou desvalorização de esforços e boas intenções alheias. É não gostar da vida que se tem. Ou rejeição de si mesmo !
São formas de pensar adoecidas, distorcidas e que geram grande sofrimento para si e para os outros com quem convive. Ocorre uma distorção cognitiva em que o resultado é fusionado com a própria identidade da pessoa. Assim sendo, se o resultado não for o pretendido, a pessoa passa a ver a si mesma como fracassada, errada, inadequada, falha, etc…
Ao aprendermos a identificar corretamente esse tipo de “pensamento sabotador”, passamos a agir de forma muito mais construtiva sobre o pensamento negativo e, ao invés de aceita-los, os refutámos. Ao refutar o pensamento negativo uma e outra vez, este gradativamente perderá sua força e automaticamente será substituído por um pensamento mais ajustado e produtivo.
A alegria nas pequenas conquistas ainda que não sejam notórias, é a valorização da sua história, da sua trajetória. Apesar dos pesares, houve certamente a superação de muitas dificuldades. Muitas histórias escritas com lágrimas e sorrisos que nos constituíram e fazem parte do que somos.
Aos amigos que estiveram e trilharam conosco nossa trajetória. Aos que hoje, andam conosco. Aos amores que deixamos e que partiram por alguma jornada e aqueles que ficarão para sempre. Aqueles que fazem parte dos nossos dias, aqueles que nos amam e deixam-se amar. Aos que nos desafiaram e nos tornaram mais fortes. São todos integrantes da nossa história. Será que a beleza não estará mesmo apenas no ponto de vista de quem vê? Aquele que reinventa e reescreve a cada superação sua nova história?

Laila Ali Wahab Morais

Advogada, psicóloga clínica e escolar

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