Este hábito dos acumuladores compulsivos até 2013, era considerado um sintoma do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), mas a partir deste ano, por ser uma doença tão específica e que gera tantos prejuízos ao indivíduo, ela foi considerada uma entidade, ou seja, uma doença isolada.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da TV Bahia, a Dra. Fabiana Nery, psiquiatra da Holiste, falou sobre como identificar possíveis acumuladores e o tratamento adequado para estes indivíduos.
Os acumuladores compulsivos são caracterizados por guardarem grandes quantidades de objetos, em geral, sem muita importância ou sem utilidade, e por terem dificuldade ou impossibilidade de se desapegarem daqueles itens. As pessoas que sofrem desta perturbação, maioritariamente idosos, acumulam tudo o que podem para mais tarde conseguirem dar uma resposta eficaz a uma eventual emergência. “O acumulador não considera que é apegado aqueles objetos, porém ele tem uma dúvida patológica que é: “e se um dia eu precisar? ”, por isso a dificuldade de se desfazer de tantos itens”, explica a psiquiatra.
Esta síndrome impede a pessoa de realizar tarefas do dia a dia, diminui a mobilidade, interfere nos hábitos alimentares e da saúde, sua casa é desorganizada e cheia de objetos sem função. “Quem sofre deste transtorno começa a ter um prejuízo familiar e funcional, ao passo que o acúmulo de objetos pode vir a ocupar cômodos inteiros, fazendo com que a pessoa tenha que sair do próprio quarto e dormir na sala por falta de espaço, por exemplo”, comenta.
É uma doença que inicia de forma lenta e vai evoluindo progressivamente, os pacientes ficam isolados, deprimidos e muitas vezes não conseguem cuidar de si.
Na fase avançada, os indivíduos acumulam objetos sujos com odores fétidos, facilitando a entrada de roedores e insetos na residência, colocando em risco a saúde de si próprio e de sua família, mas também de quem mora na vizinhança. O problema passa a se tornar também uma questão de limpeza e de higiene sanitária.
Para o acumulador compulsivo não existe nenhum erro ou problema com o seu comportamento. No entanto, esse sintoma faz parte da doença.
Para Fabiana é importante que quando os familiares detectarem que o acumulador necessita se desfazer daqueles objetos por já estarem atrapalhando a vida funcional daquele indivíduo, busquem auxílio com uma equipe de saúde. “ É necessário preparar o paciente antes de tentar retirar os objetos de qualquer maneira, pois ele pode ter um ataque de ansiedade, um ataque de pânico, tornando-se até agressivo. A gente recomenda entrar em contato com órgãos competentes que saberão como abordar e intervir nesta situação.
O tratamento deve ser orientado por um profissional da área de saúde mental que indicará qual o melhor tratamento que o paciente deve seguir, pois a tendência da doença é evoluir cada vez mais. O diagnóstico rápido e correto evita um acúmulo maior de objetos e/ou animais.
TEXTO ORIGINAL DE HOLISTE
Imagem de capa: Shutterstock/nikolay100
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