A sociedade de consumo estabeleceu a ditadura da beleza, impondo a magreza, o corpo perfeito, a pele mais lisa, os cabelos maravilhosos, os dentes brancos etc, que são metas quase inatingíveis. Isso pode induzir a distúrbios psicológicos, esgotamentos físicos e transtornos alimentares.
Hoje, o corpo das mulheres estão expostos à pressão, onde é o alvo principal de uma gama de produtos e serviços a fim de, supostamente, melhorar a performance feminina. Portanto, para ter um corpo esguio como sinônimo de saúde, a indústria da beleza cria a necessidade de como adquirir uma silhueta de sucesso.
Esse conceito de beleza tem gerado sofrimento à coletividade, uma vez que transforma em obsessão a busca do corpo perfeito, que ao invés de promover a qualidade de vida causa mais dúvida e ansiedade nas pessoas. Não é por acaso que muitas delas aprendem como passar horas sem se alimentar, para conseguir o corpo ideal.
A modernidade líquida produz no imaginário social, que a beleza deve ser jovem, útil e sensual. E para alcançar esses objetivos homens e mulheres praticam exercícios em excesso e seguem dietas milagrosas. Porém, tais exageros podem ocasionar anorexia, bulimia e vigorexia, que associados a realização de cirurgias estéticas, já levou à morte de gente famosa e anônima.
No Brasil, 50% das cirurgias plásticas são feitas por motivos estéticos em adultos e até adolescentes. Contudo, os pacientes antes de fazer essas intervenções sofriam de doenças psicossomáticas, como cansaço, coração acelerado e diarreias, porque não atingiram os rígidos padrões de beleza.
Além disso, a sociedade exige das mulheres uma sobrecarga mental e física, ou seja, trabalhar fora e em casa, elas ainda sofrem cobranças para exibirem uma boa aparência e um corpo em forma, o que significa lutar contra a balança, cortar calorias nas refeições diárias, diminuir as estrias, sumir com as celulites e obter uma barriga de tanquinho.
Por isso é importante entender que o envelhecimento é um processo inexorável, que pode ocorrer com saúde e dignidade. No entanto, devemos ignorar os apelos midiáticos da ditadura da beleza, que fixa a magreza e o rejuvenescimento como metas sobre-humanas.
Assim, é possível buscar de modo equilibrado o bem-estar do corpo, sem descuidar da saúde mental e espiritual, pois cada ser humano possui sua singularidade que precisa ser vista com respeito e admiração. Afinal, ter saúde não é apenas ser belo e esbelto, mas sentir-se feliz com si mesmo, sem recorrer às promessas da sociedade de consumo.
Jackson Buonocore
Sociólogo e psicanalista