Por Ana Carolina Leonardi
A internet oferece um terreno gigantesco para que as pessoas se “reinventem”.
Hoje em dia, a presença das redes sociais nas nossas vidas é tão constante que é fácil pensar nos perfis dos seus amigos e na sua própria página como extensões das suas personalidades reais.
Isso não necessariamente é verdade: a cada vez que você se cadastra em uma rede, escolhe como montar seu perfil, que pode ou não agir como você agiria offline.
Pesquisadores da Universidade da Tasmânia, na Austrália, quiseram entender melhor o processo de ser “autêntico” na internet e suas consequências psicológicas. Eles recrutaram 164 pessoas para participar de um estudo.
Primeiro, os voluntários respondiam um questionário sobre seu “eu verdadeiro”, ou seja, as características que consideravam mais importantes na própria personalidade, que definiam quem elas eram.
Depois, elas eram apresentadas a outro formulário, que perguntava como reagiriam no Facebook a determinadas situações. Com as respostas em mãos, os cientistas foram capazes de calcular o quão “congruente” era a pessoa offline e a persona que ela criou nas redes sociais.
Os participantes responderam ainda a perguntas que avaliavam o quanto se sentiam conectados socialmente, estressados, deprimidos e ansiosos.
Ao tabular os resultados, os cientistas perceberam que as pessoas mais autênticas se sentiam mais conectadas e menos isoladas.
Já aquelas que criaram personas mais diferentes das suas versões offline tendiam a sofrer com mais estresse.
Vale lembrar que o estudo é baseado naquilo que as pessoas acreditam que é importante na própria personalidade. Uma pessoa tímida, por exemplo, pode ser mais expansiva na internet – mas considerar que as características definidoras da sua personalidade continuam as mesmas.
Os pesquisadores acreditam que o efeito positivo de ser autêntico vêm de sentir que aquilo que você é de verdade está sendo apreciado pelos seus amigos do Facebook (através de likes, por exemplo).
Já para quem prefere ser uma pessoa diferente, existe um esforço emocional para mudar a forma de agir – e aí surgiria o estresse.
No entanto, as explicações por enquanto são só hipóteses: Os cientistas só conseguiram garantir que há uma correlação entre estresse e inautenticidade online, mas não sabem se um é a causa do outro.
Pode ser que pessoas já estressadas prefiram evitar sua realidade na internet, mudando a forma de agir, enquanto os mais felizes e integrados socialmente se sintam mais confortáveis sendo eles mesmos.
TEXTO ORIGINAL DE BRASILPOST
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