Por Ana Maria Madeira
Muitas crianças começam a apresentar um comportamento agressivo de uma hora para a outra. Bater nos colegas de escola, xingar e bater nos pais passa a virar algo comum e desencadeado pelos motivos mais simples.
Quando é contrariada, a criança ainda não tem maturidade emocional para se controlar e pode acabar explodindo. Algumas choram, outras mais partem para a ação, estapeando ou mordendo. “Esse descontrole deve ser investigado”, alerta a psicóloga Rita Romaro. “O que acontece de fato é que toda criança tem dificuldades para controlar suas emoções, mas a maneira como ela é tratada em casa tem uma influência grande na expressão desses sentimentos”.
Nos primeiros anos de vida precisamos ser atendidos imediatamente em nossas necessidades, o que é explicado pela psicanálise: o homem, quando nasce, tem apenas a primeira estrutura da mente, que representa os instintos. Ou seja, um bebê que tem fome, chora sem pensar.
Ele não vai esperar como costumam fazer os adultos. Ao longo dos anos, vai-se formando o Ego, que é responsável por desenvolver no indivíduo a capacidade de enfrentar as adversidades ou os desejos não atendidos. “Quanto maior for a tolerância à frustração, mais o indivíduo pode se relacionar bem consigo mesmo e o mundo. No caso das crianças, os pais são parte fundamental desse aprendizado”, diz Rita Romaro.
Não podemos pensar que todas as crianças são naturalmente agressivas, pois alguns fatores externos estão envolvidos nesse processo. Um deles está ligado a alguns fatores como: o fato de a criança observar ou conviver com a violência, a culpa ou o orgulho que ela é estimulada a sentir após praticar a violência e os níveis de frustração e raiva que ela sente. “Os pais, mesmo que não agridam os filhos, podem estimulara violência quando brigam demais entre si. Os filhos amam os pais e, portanto, se espelham neles. Pais agressivos correm o risco de serem imitados pelos filhos”, explica a especialista.
Na escola, a frequência de conflitos entre as crianças pode aumentar se não houver espaço para brincadeiras. Outro motivo é quando a competição é estimulada em excesso no ambiente escolar, sem a explicação de que todos são igualmente capazes.
As frustraçõese as adversidades também entram como possíveis motivos para a agressividade. “Crianças que passaram por situações muito difíceis, podem seguir dois caminhos: ou se isolam, ou se manifestam com constantes agressões.”
Pais que usam a punição física para inibir comportamentos agressivos dos filhos também estão servindo como modelos agressivos, pois demonstram à criança que a violência tem poder e utilidade quando utilizam “tapinhas” na educação. Por outro lado, a permissividade perante a agressão (permitir à criança a expressão aberta e livre da agressão) tem o mesmo efeito de uma recompensa.
“É muito comum encontrar pais que, temendo que seus filhos se tornem crianças “submissas”, estimulam e reforçam positivamente a violência”, diz Rita. Porém, mais importante que isso é mostrar à criança que foi agredida por um colega que o erro é desse colega e que ele copiará um erro se agredi-lo de volta.
Apesar de não estarem com a personalidade totalmente formada ainda, as crianças são capazes de entender os limites que lhes são colocados. Os pais devem agir com um misto de firmeza e carinho. “Um bom exemplo para os pais utilizarem no dia a dia é reprovar com seriedade no mesmo instante em que houver a agressão, dizendo que aquilo não é certo”, afirma Rita.
Privar a criança de algo que ela goste muito também pode funcionar. Ele irá compreender que suas ações negativas provocam reações igualmente negativas. Em casos menos graves, uma boa saída é ignorar a agressão e recompensar os bons comportamentos através de atenção e elogios. De acordo com a especialista, uma das medidas mais eficientes é dizer para a criança que você compreende a raiva que ela está sentindo e que a raiva não é necessariamente algo feio, mas sim que deve ser dito com calma.
Fonte indicada: Minha Vida
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