Com a velocidade do mundo em que vivemos hoje, onde as informações circulam rapidamente, onde “precisamos” estar sempre conectados, onde tudo “precisa” ser exposto e compartilhado, até mesmo em tom competitivo, torna-se cada vez mais difícil nos desconectarmos dessa correria do cotidiano, pois acabamos acompanhando o ritmo acelerado no qual o mundo se apresenta a nós, de modo turbulento, exaustivo e estressante, seja no trabalho ou até mesmo no aconchego do nosso lar.

Mas acompanhar esse ritmo não é o problema, e sim quando este acaba nos afetando de tal maneira que acabamos também não tendo paciência em situações que exigem de nós o mínimo de calma, como por exemplo, esperar na fila do supermercado ou do banco, no trânsito ou até mesmo ao caminhar pelas ruas ou em tantas outras situações que demandam tempo e um pouco mais de dedicação e tolerância.

Aliás, a tolerância é “prima-irmã” da paciência. Devido a isso, acabamos por desenvolver baixa tolerância às frustações, nos tornamos mais agressivos ao tratar o outro (ou até a nós mesmos), seja no trânsito ou nos outros exemplos citados, visto que estamos sempre “correndo” atrás do tempo.

Aparentemente estamos sempre “em dívida” com o tempo. Estamos em um lugar, mas com a cabeça conectada nas mil coisas que temos para fazer, e de fato, parece que nunca damos conta de tudo, pois sempre surgem mais e mais tarefas a serem cumpridas, seja em casa ou no trabalho.

Passamos assim, a viver essa “corrida maluca” atrás do tempo, sendo que os dias passam, a semana passa, o mês passa e quando vimos o ano também já se passou. A questão que se apresenta, é que de fato, a sensação que nos remete é que não conseguimos aproveitar de fato, o tempo, com mais calma, tranquilidade, paciência e leveza.

Sendo assim, a paciência não é algo dado, pronto, pelo contrário, é algo que se constrói aos poucos dentro de nós, algo que exige um processo de maturação, é uma habilidade a ser desenvolvida, onde vamos aprendendo a ter controle de nossas emoções. Em meio ao turbilhão de informações que até nós chega diariamente, é preciso que saibamos desconectar, para assim conectarmo-nos com o que realmente é importante: com nós mesmos.

Somente assim aprenderemos a ter mais paciência e tolerância nesse mundo que exige de nós toda essa velocidade. Acima de tudo, somos humanos e não máquinas, temos nosso próprio tempo, nosso próprio ritmo, e diferentemente das máquinas, temos sentimentos e emoções e precisamos aprender a lidar com elas de modo saudável, exercitando a paciência ao ouvir, ao falar, ao esperar, ao aprender e principalmente ao amar, contribuindo com nossa saúde emocional.

Sara Kronbauer

Psicóloga, gaúcha e acompanhada de um enorme desejo pela escrita, suas provocações e nuances. Para mim, a escrita possui múltiplos sentidos, ao passo que ela me permite analisar, constatar, indagar e perceber situações de modo diferente do habitual, saindo do "clichê" e habitando paisagens e caminhos ainda não desbravados, percorridos ou sentidos e isso vale também para a leitura. Escolhi também a Psicologia, justamente por ela me ofertar a possibilidade de ampliar o olhar frente às questões da vida. Trabalho atualmente em Consultório, onde realizo atendimento de crianças, adolescentes e adultos. Desenvolvo também, o Café com Psicologia, que trata-se de um projeto que busca aproximar as pessoas da Psicologia, a partir de encontros em diversas instituições e estabelecimentos, discutindo temáticas pertinentes à profissão. Busco assim, propagar ideias, desfazer certezas e construir caminhos.

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