“A raiva sempre foi o meu pior sintoma. Eu a tenho desde que consigo me lembrar,” diz Emily-Jane Yates. “Ela é incrivelmente explosiva. Em um minuto eu estou bem, e no outro estou gritando com todo mundo”.
“Eu me sentia violenta e minhas mãos estavam sempre fechadas prontas para atacar. Nunca machuquei ninguém, mas tinha que me controlar, o que era muito frustrante. Eu redirecionava a agressão para mim mesma ao me machucar e arrancar meus cabelos, até no meio da rua. Havia uma voz na minha cabeça dizendo que eu parecia louca, pedindo para eu parar, mas eu não conseguia. Eu não tinha controle sobre o que estava fazendo”.
Yates, de 25 anos, enfrenta estes episódios de raiva incontrolável desde os 13 anos, quando seus ciclos menstruais tiveram início. Eles começam no dia da ovulação, cerca de duas semanas antes da menstruação, e só desaparecem no dia em que ela chega.
“No dia em que eu ovulo, posso garantir que vou ficar de mau humor. Eu fico com uma sensação de raiva no peito que não vai embora durante as duas semanas seguintes. Depois, assim que o sangue desce, tudo melhora. Aquilo some e eu fico bem por duas semanas”.
Yates sofre de TDPM, transtorno disfórico pré-menstrual. Trata-se de uma forma grave de TPM que inclui sintomas como depressão, raiva extrema, ansiedade, ataques de pânico, perda do interesse em atividades normais e relacionamentos, baixa autoestima e pensamentos suicidas. Também surgem sintomas físicos que vão desde inchaço, sensibilidade nos seios, fadiga extrema, dores nas articulações e dores de cabeça até enxaquecas.
Muitas mulheres sentem alguns sintomas da TPM (tensão pré-menstrual), que variam desde chorar num filme que normalmente não as faria chorar, a sentir uma maior irritabilidade e descontar a raiva em seus parceiros. No entanto, em alguns casos, a TPM pode assumir uma forma extrema que prejudica a qualidade de vida, como a TDPM.
O Dr. Nick Panay, ginecologista e diretor da Associação Nacional da Síndrome Pré-Menstrual (NAPS), disse à Elle UK que o TDPM é uma forma severa de TPM, categorizada no Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-V).
Um estudo pioneiro, publicado no início deste ano pelo National Institute of Health, encontrou evidências que sugerem que este transtorno é genético.
“A descoberta recente de um gene do TDPM confirma a hipótese criada há muitos anos de que a TPM/TDPM ocorre não apenas por causa de anormalidades hormonais, mas também porque algumas mulheres sofrem de depressão (e outros sintomas), devido a uma vulnerabilidade genética às mudanças nos níveis hormonais que ocorrem em todas elas,” explica o Dr. Panay.
“Agora, existem provas concretas de que a TPM severa/TDPM é uma doença verdadeira, com uma base orgânica, e esperamos que isso convença aqueles que a viam apenas como uma desculpa conveniente”. Para quem vê de fora, pode ser difícil de acreditar. Como um processo natural que metade da população do planeta experimenta em algum momento de suas vidas pode causar tantas dores físicas e psicológicas?
No caso de Yates, a condição prejudicou sua vida por 12 anos, fazendo inclusive com que ela perdesse seu “emprego dos sonhos” e só conseguisse trabalhar por meio período, devido às enxaquecas agudas e à fadiga intensa que sente, o que faz com que dirigir até o trabalho seja incrivelmente perigoso. Numa ocasião, durante uma crise de TDPM, ela pegou no sono quando estava parada no semáforo.
Além da raiva, ela também sente paranoia. “Não era uma coisa relacionada a algo específico. Eu só tinha uma sensação de que as pessoas iam me atacar. Eu tinha medo das pessoas na rua”.
Ela planejou acabar com sua vida duas vezes, por causa dos pensamentos suicidas que assolam a sua mente durante aquelas duas semanas por mês.
“Na semana anterior à chegada da minha menstruação, parece que não vale a pena viver a minha vida, mesmo sabendo que aquilo vai acabar, mas também que no próximo mês vai se repetir. Eu só fui ativamente suicida uma ou duas vezes, quando eu realmente tinha um plano, mas é mais um caso de andar por aí dizendo a mim mesma que eu quero morrer. Eu pensava que isso resolveria todos os meus problemas”.
Por outro lado, durante o período entre o primeiro dia da menstruação e o início da ovulação, Yates é “uma pessoa completamente diferente”.
“Sou bastante extrovertida e falante, mais afetuosa e amável com meu namorado, proativa ao levar os cachorros para passear. Todo o meu corpo se levanta, e me sinto mais leve. Eu me sinto mais espiritual e cuido de mim mesma. Eu como, bebo, cuido melhor de mim e trato melhor os outros. Tudo é muito mais positivo”.
Imagem de capa: Shutterstock/ChameleonsEye
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