Em recente entrevista à revista Época, a escritora Lya Luft, 81 anos, falou sobre o livro que acabou de lançar, o 31º de sua carreira, intitulado ‘As coisas humanas’. A obra é dedicada a seu filho André, que faleceu em 2017, aos 52 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória enquanto surfava em Santa Catarina.
Desde o falecimento do filho, Luft não tinha publicou nenhuma obra. Em setembro, teve um infarto, decorrente, os médicos acreditam, de efeitos emocionais causados pela perda do filho.
Sobre a perda do filho, a escritora disse: “É a coisa mais indizível, intraduzível. Fica a imagem dele, que era um homem muito grande, muito bonito. Olhos impressionantes. Azul-claros impressionantes. A voz, a fala, ele tocava e cantava muito bem. Chegava e dizia “E aí, dona Lya” (ela engrossa a voz, como se imitando). Passou os últimos anos na África com a mulher, administrou uma imensa fazenda em Moçambique, eu o chamava de gigante gentile, por ser muito alto. Muito amoroso comigo, com a família.”
Luft também falou sobre como se refez após a perda do filho: “Nos primeiros meses, fiquei catatônica. Depois, com o tempo, tenho filhos, Susana, médica, e Eduardo, professor de filosofia, netos, meu companheiro, Vicente, engenheiro e escritor. A vida chama. Há o que escrevi no livro O lado fatal, poemas de quando o Hélio se foi. A melhor coisa que você pode fazer para homenagear quem se foi é tentar viver direito de novo sua vida. Não pode deixar que uma perda destrua tudo que tem de bom. Voltei a ser uma pessoa ligada na vida.”
Apesar de dizer que hoje está “quase normalzinha”, Lya Luft revelou que algo se apagou com a perda do filho. “Eu era mais alegre antes. Sempre fui… Eu tenho um olho alegre que vive e convive e outro triste que observa e escreve. Você não passa impunemente por uma experiência dessas. Mas, enfim… Tenho minha vidinha, minhas coisas.”
A escritora ainda falou sobre ‘As coisas humanas’. Ela conta que a obra reúne algumas coisas da infância do filho, como o dicionário que ele escreveu quando criança. “Tentei fazer um livro que não fosse uma lamentação, sombrio, mas que tivesse alguma coisa da realidade, que fosse a presença dele. No dia 29 de abril, ele teria feito 54 anos. No dia 2, fez dois anos e meio que ele morreu. Chamávamos ele de Alemão. Pessoa muito presente, muito intensa, era o nosso Alemão. Eu resolvi reunir esses textos e fazer novos e dedicar o livro a ele.”, disse Lya Luft.
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Época Globo.
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