Talvez a consciência de que algumas pessoas não são felizes ao nosso lado seja muito difícil de alcançar, mas ela nos poupa de muito sofrimento e também de que causemos sofrimento na vida de outrem. Ninguém é unanimidade e é por isso mesmo que teremos que nos distanciar de certas pessoas, para o bem delas. Para o nosso bem.
E, aqui, não se trata da ausência de carinho e/ou de amor, mas sim aos casos em que, mesmo havendo afeto entre duas pessoas, elas não conseguem ficar juntas. Por mais que se amem, por mais que queiram conviver, acabarão se machucando, inevitavelmente. E nada, então, poderá fazer com que consigam permanecer juntas. O amor, nesses casos, irá se manifestar na forma da distância forçada. E não será fácil.
Talvez por amarmos de uma forma egoísta, sufocante, ou por sermos sinceros demais com essas pessoas, não conseguiremos nos conter na intensidade de tudo o que lhes ofertamos, no bom e no mau sentido. Não seremos capazes de deixar que sigam seus voos, de exercitar o amor em liberdade e a empatia afetiva de que os relacionamentos necessitam. E é assim que a tristeza se demorará, junto à dor de um amor que machuca – e amor nem é isso.
E como machuca a gente ver o outro se divertindo, respirando com serenidade, sendo ele mesmo, quando longe de nós. Como dói amar a ponto de ter de expulsar alguém de nossas vidas, para que possamos vê-lo finalmente feliz e liberto, ainda que ele relute e insista em ficar. O amor tem disso: forçar-nos a perceber que o afastamento de quem nos é especial pode ser o melhor, ainda que a saudade nos consuma e nos castigue.
Como se vê, nem sempre o erro está no outro, mas sim em nós. Algumas vezes, nossa mudança de comportamento salvará os nossos relacionamentos, no entanto, existirão uniões que não poderemos manter, amizades que não conseguiremos segurar, por mais que nos esforcemos, porque algumas pessoas somente serão felizes quando não estiverem perto de nós. Aceitar isso dói, mas liberta e nos permite prosseguir em paz.
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