O episódio ocorrido no dia 13 de março jamais será esquecido na E. E. Raul Brasil, em Suzano (SP). E mesmo que os alunos e funcionários da escola assim quisessem, isso não seria possível, afinal, logo na entrada da escola os muros estão preenchidos por grafites homenageando as vítimas, com seus nomes e pedidos por paz.
Hoje, mais de seis meses após a tragédia, há pouco movimento na Rua Otávio Miguel de Sena, endereço da instituição. Em horário de aulas, os portões frontais ficam fechados, e quem precisa entrar – exceção feita aos estudantes – só consegue a autorização após se anunciar no interfone.
“Continua [um clima diferente] pela rua, até mesmo a vizinhança está assim. Tem vizinhos que às vezes saem na porta e olham, mas apesar da segurança fica todo mundo com aquele pé atrás”, relatou Eric Vando enquanto esperava a filha na saída da escola.
Com a companhia de alguns pais e a presença de policiais militares da rota escolar, os estudantes saem da escola e em cerca de dez minutos a rua volta a ficar pouquíssimo movimentada. Da mesma forma, quem estuda no turno seguinte também não perde tempo nas calçadas, que após o fechamento do portão para as aulas vespertinas se esvaziam novamente.
O clima que se vê nos arredores da escola, no entanto, se distingue da atmosfera entre os alunos: apesar da tragédia de exatos seis meses atrás, os estudantes se uniram e hoje demonstram resiliência para encarar a rotina no local onde presenciaram as piores cenas de suas vidas.
Para Fernando*, de 16 anos, “a escola está aconchegante, porque todo mundo está mais junto. Um apoiando o outro. Parece que criou mais união. Teve gente que até saiu da escola e voltou, porque não dá pra ficar longe daqui”.
Já Mário*, 13, observa que o comportamento dos alunos em relação à instituição também mudou. “Sinto que tem mais respeito à escola, mais dedicação aos estudos. Alguns saíram da escola, mas muita gente entrou também. Nunca quis sair. Penso que isso poderia acontecer em qualquer escola”, diz ele.
Mário se considera mais seguro com as mudanças na segurança da escola: “Colocaram câmeras e aumentaram as rondas. Pra entrar na escola está muito mais difícil. Tem seguranças que ficam na porta averiguando quem entra e quem sai. Não podemos ficar sem camiseta da escola lá dentro. Antes era mais livre nesse sentido, mas é pra poder identificar os alunos”.
Jéssica*, de 15 anos, acredita que “uma coisa que mudou muito pra gente é a união. Desde que aconteceu, todos ficaram juntos e a gente se ajuda quando precisa”. Ela disse que, “assim, fica mais fácil enfrentar a dor”.
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações do texto de Guilherme Padin, do R7.
Foto destacada: du Garcia/R7
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