Qual o caminho para integrar os contrários? Vivê-los sem querer excluir um lado? Como aceitar e compreender que um e outro fazem parte da nossa vida?
Uma sugestão seria viver bem com isso e não se desgastar tanto. Fazer disso o rio a favor, fluir, canalizar a energia da vida para o melhor viver. Mas isto exige uma reflexão contínua e uma perspectiva mais ampla.
Diminuir as exigências, as comparações pode ser um início. Aquilo que muitas vezes dizem de rir de si mesmo. Uma leveza que é um surfar sem ser anestesia, uma leveza no olhar. Conquista constante diante de todas as vicissitudes cotidianas!
Quanta sabedoria! Ainda tomar os contrários como sendo tão genuinamente seus. Ser humilde de ver e admitir que é assim. E sendo assim o que pode ser feito? O que é possível ser? O que vier…ora mais um, ora mais outro. Saber ser… deixar ser… Quanto desapego! E para as outras pessoas? É melhor não se esforçar em explicações, quando muito dizer: É, hoje foi assim. Hoje estou assim! Claro, sem que isto seja uma bela desculpa para não ter que se incomodar com o outro, ceder em algo que caberia!
Do constrangimento para a liberdade. Provavelmente é esse o movimento. Enquanto isso, vai se colhendo e acolhendo os jeitos de ser. O bom e o ruim é que nada fica assim, sempre do mesmo jeito, então se der vergonha de ter sido de um jeito é só lembrar que já vai ser de outro na próxima circunstância. Que bom que aí a impermanência nos proporciona um alívio! Afinal o outro não está lembrando, e ele também não foi sempre nem só assim nem só de outro jeito.
Então o que precisamos é nos direcionar para algumas ações libertadoras que nos auxiliam a amar os contrários e chegar à inteireza, a uma integração próspera de vida. Ou seja: o reconhecimento de nossa própria condição impermanente, a aceitação de si como falhível e também das mesmas condições de impermanência e vulnerabilidade do outro, a flexibilidade para ver todo esse movimento de si e do outro e a humildade de compreender o quanto somos ainda incoerentes e tão próximos uns dos outros em nossos contrários.
Amar os contrários implica numa tarefa difícil, porém necessária para o nosso crescimento pessoal. Para finalizar, segue abaixo um modo poético para inspirar essa jornada!
Aprender a amar
Aprender a amar o pequeno, o do meio, o grande.
Aprender a amar a cada dia, cada instante, cada suspiro.
Aprender a amar o movimento, o repouso, os altos, os baixos.
Aprender a amar os que vão, os que vêm, o que é e o que não é.
Aprender a amar o feio, o bonito, a preguiça, a diligência, o lento, o rápido.
Aprender a amar o som, o silêncio, o sim, o não, o tudo, o nada, o vazio, o cheio.
Aprender a amar em sua inteireza é simplesmente, AMAR.