Talvez por vivermos em tempos de solidão acompanhada, nunca antes se refletiu tanto sobre a solidão, sobre estar sozinho, como se não pudéssemos bastar a nós mesmos curtindo a nossa própria companhia. Dentre as tantas cobranças que se nos impõem, estar em um relacionamento destaca-se com frequência.
Cada vez mais, a sociedade homogeniza-se, nas roupas, nos gostos, nas falas, tornando-nos cópias vazias uns dos outros, disputando um lugar no hall efêmero da fama instantânea que as redes sociais ofertam. Falas prontas, discursos politicamente corretos, vestimentas tipo uniformes, parece que nada mais pode fugir ao que se dita como o mais descolado, o mais aceitável, o mais do mesmo, somente isso.
A necessidade de ser aceito, infelizmente, ultrapassou todos os limites do bom senso, uma vez que, na ânsia de se integrar à maioria, cada vez mais as pessoas se distanciam da própria essência. E, nesse contexto, procura-se avidamente por um parceiro, porque é preciso estar namorando, é preciso ter um amor, é preciso querer uma vida a dois, segundo um bando de gente que nem se lembra da data de nosso aniversário.
É preciso, sim, aprender a ser feliz sozinho, a se divertir sem precisar de ninguém, a curtir a própria companhia, enfim, a gostar de si mesmo. É tão óbvio, mas vale sempre reforçar: quem não se ama jamais conseguirá amar alguém com a inteireza que este sentimento requer. Procurar no outro o que nos falta é inútil, porque ninguém irá nos oferecer o que deve sempre brotar de nosso próprio coração.
Quando estivermos seguros de nossas verdades, vivendo o que somos, com o que temos dentro de nós, sorriremos onde estivermos, não importando se acompanhados ou não. E o amor então virá e nos encontrará, porque será partilha, encontro, será verdadeiro. Porque estaremos prontos para receber nada menos do que merecemos, afinal, já estaremos completos e amaremos por amor, somente por amor.