Por Christine Johnson
Os gêmeos farão 2 anos em pouco mais que dois meses, mas ainda me sinto numa batalha constante comigo mesma, ainda tenho a impressão de estar com emoções do pós-parto recente.
Eu não deveria estar feliz? Tenho três filhos saudáveis, um marido maravilhoso, amigos e família que me dão apoio, tenho casa e carro. Mesmo assim, estou cheia de raiva, muita raiva.
Todas as noites fico decepcionada comigo mesma por gritar com meus filhos, por perder a paciência por motivos que não justificam essa raiva toda. Não acredito o quanto eu berro – odeio gritaria. Não quero ser alguém que se comunica berrando.
Todos os dias eu me pergunto o que será que estou fazendo de tão errado que não consigo lidar com meus próprios filhos sem ficar frustrada e irritada. Amo tanto esses serzinhos, tanto que às vezes até dói. Eu faria qualquer coisa por meus filhos.
Não me lembro mais da última vez que dormi uma noite inteira, e quanto menos eu durmo, mais fico nervosa e emotiva. As tarefas do dia a dia viraram pesadas demais para mim. Vestir todas as crianças e sair de casa com elas sem gritaria é uma ocorrência rara por aqui. Hoje em dia, só uma ou duas vezes por semana consigo fazer e servir o jantar sem chorar.
É preciso pedir múltiplas vezes para convencer Evie, nossa filhinha de 4 anos, a fazer qualquer coisa; ela discute comigo por cada coisa que eu lhe peço para fazer, literalmente cada coisinha. “Ela só tem 4 anos”, eu lembro a mim mesma todos os dias, “tem apenas 4 anos.”
Os gêmeos choram, resmungam e exigem minha atenção de tal maneira que não consigo dar conta de nenhuma tarefa sem ter que parar muitas vezes no meio. Será que estão tão infelizes por minha culpa? Será que sou uma mãe horrível e eles não me querem?
Estou tão cansada, tão exausta. Nem me lembro da última vez que dormi uma noite inteira, e quanto menos eu durmo, mais fico nervosa e emotiva. Minha ansiedade já passou dos limites.
Theo até hoje não dorme sem ser embalado no colo e posto no berço quando já está dormindo profundamente. Ele grita alto no instante em que o deito na cama. Ele é pesado demais, não consigo mais ficar embalando ele no colo por muito tempo, meus braços ficam doloridos e dormentes. Depois de quase 22 meses brigando para fazê-lo dormir, estou completamente exaurida. As pessoas dizem que a gente deve curtir essa coisa de balançar o filho no colo porque um dia ele não vai mais querer ser balançado. Sabe de uma coisa? Eu não curto mais. Não me dá prazer nenhum sentir que meus braços vão ceder sob o peso dele.
Não há vergonha alguma em admitir que você luta com emoções iguais às minhas.
Theo não tira mais soneca, há semanas deixou de tirar. Tentei ficar embalando ele no colo até não conseguir mais e então colocá-lo no bercinho. Tudo que ele fez foi ficar andando no bercinho e balbuciando todo o tempo que eu o deixava lá. Ele passou mais de 15 dias exausto, sem tirar soneca. Houve dois dias que ele estava tão cansado que tirou a soneca, mas nesses dias, é claro, ele se recusou a dormir à noite. Depois de 22 meses lutando para fazer meu filho dormir, já cansei, não aguento mais.
Eu me esforço tanto para ser positiva. Procuro refletir sobre mim mesma e me cercar de pessoas positivas. Eu me esforço, me esforço realmente, todos os dias, o dia todo. Mas estou exausta. Não quero reclamar, me sinto culpada por me queixar, eu deveria estar feliz. Sei que sou abençoada, sortuda, etc., mas estou cansada demais e sem paciência. Quero me sentir melhor, mas não sei mais como fazer, simplesmente não sei.
Desde que escrevi este blog, decidi que preciso tomar mais passos para superar a depressão, ansiedade e raiva. Estou avançando no rumo certo agora e tenho a esperança de que dentro em breve esses sentimentos serão coisa do passado.
A depressão pós-parto é real e é séria. Não há vergonha alguma em admitir que você luta com emoções iguais às minhas. Às vezes precisamos de uma ajudinha para sermos a melhor pessoa para nós mesmas e nossas famílias. Saiba que você não está sozinha. Há uma tonelada de apoio ali fora, às vezes só é preciso procurar.
Imagem de capa: Shutterstock/altanaka
TEXTO ORIGINAL DE BRASILPOST
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