Geralmente, as pessoas acreditam que a ansiedade é algo extremamente negativo e destrutivo. Contudo, isto não é verdade. A ansiedade, quando normal, é um mecanismo de defesa evolutivo que nos prepara para situações de risco em nossas vidas. Em outras palavras, é um mecanismo de sobrevivência desenvolvido por nosso organismo para atuar de forma positiva diante de situações adversas. Por exemplo, é o nível de ansiedade normal que nos faz estar e permanecer atentos ao atravessarmos uma rua ou sentirmos medo em uma viela escura na madrugada. É este sistema de vigilância que nos adverte para não subirmos em uma montanha sem nenhuma proteção, pois uma queda seria possível, obviamente com prejuízos para nossa sobrevivência física.
Com relação à motivação, é um nível saudável de ansiedade que nos faz apresentar a melhor performance, tornando-nos plenos de energia para a execução de atividades cotidianas e resolução de problemas. Deste modo, a ansiedade chamada fisiológica não é somente normal mas extremamente importante, pois em momentos pontuais ela ativa o sistema de vigilância psíquica. O problema se configura quando esta ansiedade é ativada constantemente e de modo desproporcional mesmo em situações em que não são necessárias. Sendo assim, na ansiedade patológica, nosso sistema de vigilância passa a não agir apenas em situações pontuais, que de fato seriam necessárias, mas de modo constante e desgastante, se configurando em uma patologia e acarretando muitos prejuízos funcionais na vida da pessoa.
Existem muitos tipos de ansiedade. Confira uma das principais: O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): O que é?
Um tipo de ansiedade muito comum é o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), sendo uma verdadeira tortura, uma situação de alarme constante, onde não há pausa, não há descanso, não há trégua, não há paz. Acomete mais mulheres que homens na faixa etária entre o final da adolescência e início da idade adulta. A ansiedade traz consigo seus companheiros inseparáveis: pensamentos fóbicos, medos irracionais e catastróficos, negativos, neurotizados e que obviamente apresentam a marca da disfuncionalidade. As preocupações tornam-se constantes, mesmo sem a possibilidade de resolvê-las naquele momento. Nesse contexto, sintomas físicos e psíquicos exacerbados invadem o organismo, a qualidade do sono torna-se comprometida. E sem qualidade do sono, o esgotamento se instaura, comprometendo processos cognitivos como memória e concentração. Dores musculares se fazem presentes. Com as apreensões constantes, o organismo se sente sufocado, sem forças, onde há comprometimento dos recursos psicofísicos. Muitas pessoas apresentam todos estes sintomas por anos a fio acreditando se tratar de doenças clinicas cardíacas, neurológicas ou gastrointestinais. Outras pessoas podem acreditar tratar-se simplesmente de características de personalidade: irritadiças, impacientes, negativas e constantemente preocupadas, comprometendo suas atividades cotidianas, sem sequer cogitarem que se trata de um transtorno, de uma patologia. Também pode ser confundido com algumas fases do desenvolvimento humano, como a adolescência e comportamentos de rebeldia “característicos” desta fase. Por acreditarem ser o funcionamento normal da pessoa, esta pode passar muitos anos para ser diagnosticada. E enquanto isto, a ansiedade vai se cronificando e prejudicando todas as áreas da vida da pessoa.
Quais as causas do TAG?
Predisposição genética e fatores ambientais estressantes e traumáticos são as principais causas para o desenvolvimento de um transtorno ansioso.
O Transtorno de Ansiedade Generalizada tem cura ou somente controle?
Devido à sua cronicidade, o TAG apresenta apenas controle e não cura. Geralmente, a pessoa acredita que foi curada devido a total remissão dos sintomas. Importante salientar que a remissão dos sintomas não significa cura, visto que estes podem reaparecer sendo eliciados por gatilhos de estresse do ambiente que precisam ser identificados para que possam ser trabalhados em psicoterapia.
Diagnóstico:
O diagnóstico é diferencial, excluindo outras condições médicas que apresentam alguns sintomas em comum. É extremamente importante fazer uma avaliação do paciente no tocante à desproporcionalidade dos preocupantes e reações exageradas diante de situações cotidianas, diferenciando a ansiedade normal, também conhecida como fisiológica do transtorno ansioso. Para fechar o diagnóstico de TAG, pelo menos 3 dos 6 sintomas devem-se apresentar persistentes durante 6 meses consecutivos:
Sintomas:
Nervosismo;
Problemas de memória e concentração;
Problemas para conciliar e manter o sono ou insônia propriamente dita;
Fadiga (cansaço persistente);
Tensão muscular;
Irritabilidade.
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