“Tenho medo de acender e medo de apagar

Tenho medo de esperar e medo de partir

Tenho medo de correr e medo de cair

Medo que dá medo do medo que dá” (Lenine)

A ansiedade não é exclusividade de algumas pessoas, provavelmente todos os seres humanos já sentiram ansiedade em algum momento da vida, caracterizada por um sentimento desagradável difícil de descrever, mas que pode ser identificado por sintomas físicos automáticos e incontroláveis como: diarreia, tontura, palpitações, inquietação, taquicardia, formigamento nas extremidades, tremores, desconforto abdominal e outros. Sabe-se que cada pessoa sente de forma particular os sintomas ansiosos podendo com o tempo identificar quando está ou não passando por um momento de ansiedade (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 2007).

Para Freud, “a psique é dominada pelo afeto da ansiedade se sentir que é incapaz de lidar por meio de uma reação apropriada com uma tarefa (um perigo) que se aproxima de fora” (1895), ou seja, quando a mente percebe que não tem capacidade para enfrentar um conflito iminente, produz a ansiedade como um sinal de alerta. Cabe então a cada um identificá-la e utilizá-la a seu favor preparando-se melhor para enfrentar os desafios da vida.

Atualmente, com as novas descobertas neurológicas, sabe-se que o cérebro não distingue pensamento de realidade, ou seja, um pensamento pode gerar as mesmas emoções que uma vivência real. Dessa forma, os medos sentidos também podem gerar ansiedade independente do que acontece no mundo real.

Isso significa que muitas vezes os medos acalentados no íntimo de cada pessoa podem disparar sentimentos de ansiedade e essa pessoa pode não conseguir controlar tais sentimentos chegando aos sintomas físicos descritos anteriormente.

Todavia, a ansiedade também pode ser vista de forma positiva, como um sinal de alerta que avisa ao indivíduo a proximidade de um perigo, permitindo assim, a preparação e a tomada de decisão para enfrentar os desafios que se aproximam.

Segundo os estudiosos, há uma diferença entre medo e ansiedade, essa diferença é mais conceitual, uma vez que os sentimentos se confundem. O medo é visto como um sinal de alerta semelhante à ansiedade, só que é uma resposta a um acontecimento conhecido e iminente de ocorrer, ou seja, sente-se mede de coisas conhecidas e integrantes do mundo real. Por outro lado, a ansiedade é uma resposta a ameaças internas e desconhecidas.

Uma observação mais atenta ao próprio comportamento pode ajudar a identificar e diferenciar tais sensações permitindo um trabalho de preparação para lidar com tais sentimentos. Tais sentimentos podem ser considerados normais e necessários para a sobrevivência humana e um mecanismo de adaptação às transformações e mudanças que ocorrem no cotidiano.

No entanto, em certas condições a ansiedade passa a ser prejudicial e considerada como patologia necessitando de tratamento tanto psicológico como farmacológico, nesse caso, o indivíduo perde o controle de seus sentimentos não conseguindo diferenciar suas fantasias da realidade e sente medos que para os que estão a sua volta não se justificam. Por exemplo, o tão conhecido Transtorno de Pânico onde um indivíduo sente forte ansiedade ou medo por um breve intervalo de tempo acompanhado de sintomas somáticos como aceleração dos batimentos cardíacos e dificuldades para respirar identificada como falta de ar ou sufocamento.

No dia a dia, sentir ansiedade faz parte da vida e da sobrevivência, porque o ser humano está constantemente sendo submetido à pressão e escolhas importantes, mesmo de forma inconsciente. Afinal é assim que a sociedade dita desenvolvida se organizou, exigindo a mais e mais de seus membros, criando a falsa ilusão de que é necessário lutar, ganhar e ser sempre o primeiro lugar.

Lembre-se de que os homens e mulheres que conseguem ser felizes nem sempre são detentores de conhecimentos acadêmicos e de fortunas, em muitas vezes o que fez a diferença é simplesmente uma nova maneira de olhar e interpretar os acontecimentos. Portanto reveja seus conceitos e descubra se a ansiedade que você vive no dia a dia é normal ou patológica.

Pense nisso.

Pense agora.

Wagner Costa

Psicologo CRP/RR 20/04079 graduado pela Faculdade Cathedral (2011). Pós-graduação (Lato Sensu) em Pedagogia Hospitalar pela Universidade Gama Filho (2011) e Mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Cruzeiro do Sul (2015). Atualmente é professor da Faculdade Cathedral de Ensino Superior no curso de Psicologia, atuando também como membro do Colegiado do curso de Psicologia e representante dos docentes no Conselho Superior da Instituição. Psicanalista Clínico pela Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil. Possui formação em Programação Neurolinguistica pela Sociedade Brasilleira de Programação Neurolinguistica e atua na área de treinamento e palestras motivacionais.

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