Apegar-se a alguém por medo da solidão, por medo de perder aquilo pelo que tanto lutou ou pelo que teima em continuar lutando, pode lhe causar muito mais dor do que soltar a pessoa com a qual você está. Sabemos que nos ensinaram a nos esforçarmos pelos relacionamentos, que frases como “você não está dando tudo de si” ou “deve dar 200% se for necessário, para que a chama não apague”, são fortemente instaladas em nossa mente.
Mas, do que serve aguentar tanto? Do que você tem medo? Imaginar-se soltando essa pessoa lhe causa um verdadeiro pânico. Porém, você não é consciente de que pode ser sumamente libertador. As mudanças implicam colocar um pé fora da nossa zona de conforto. Mudar nossa vida, para que ela tome um novo rumo. Isso dá muito medo e, por isso, ainda acreditamos que é melhor o mau conhecido do que o bom que ainda vamos conhecer.
Porém, apegar-se a alguém por medo deixa claro que não estamos com esse alguém porque o amamos, mas sim por uma forte necessidade de não enfrentarmos nossos medos. Isso não é justo, nem para nós e nem para a outra pessoa. Viveremos em uma mentira, em um relacionamento hipócrita onde, ao invés de avançar, estaremos dando grandes passos para trás.
A ansiedade, o estresse, as recriminações e os conflitos se tornarão cada vez mais presentes, o que é normal! Não estamos onde queremos estar, ainda que tentemos nos convencer disso. Muitas vezes esse medo da incerteza, da mudança, é fruto de determinadas crenças que estão nos freando. Porque quando um relacionamento muda, o que vem a nossa mente?
Que a chama se apagou, que é preciso lutar para recuperar o amor de antes que agora se encontra bem apagado… Não queremos ficar sós, essa é a realidade.
O fato de nos prendermos aos outros deixa claro que esses contos de nossa infância deixaram uma profunda marca em nós. Continuamos sonhando com esse final feliz, por isso evitamos caminhar, soltar e tocar algo em nossas relações. Desejamos que estas sejam para a vida toda…
Porém, isso só acontece com os relacionamentos de casal. Nas relações de amizade, por exemplo, sabemos que os amigos vão e vêm. Ainda que doa, não temos esse apego que manifestamos por nosso parceiro. “É minha metade da laranja”, “Sem você não sou nada”, “Não sei o que faria se não tivesse te conhecido”, “Você me faz muito feliz”…
Todas estas frases fazem referência ao medo de soltar e à necessidade de se apegar como for ao outro para poder experimentar esse conto de fadas tão irreal.
Às vezes nosso medo é tão grande que inclusive iniciamos relacionamentos com outras pessoas para não nos sentirmos sós e fracassados em nossa tentativa de encontrar aquele que nos complete.
Não tenha medo de soltar, de estar consigo mesmo. Antes de mergulhar em um leque de relacionamentos você estava só e não tinha problema, não é verdade?
Porém, assim que entrou nesse mundo de emoções, de relacionamentos, sonhos, parece que ficar só não é mais uma opção. Porque o tempo passa e, talvez, você não encontre ninguém que te queira.
Ainda que seja fácil dizer que você se sente mal, não continue nessa situação. Por mais que você sonhe que tudo ficará bem, não é isso que acontecerá, o certo é que você precisa passar por esta aprendizagem.
Viver na pele o sofrimento de cada decepção, se esforçar e lutar por relações já quebradas.
Imagem de capa: Shutterstock/kittirat roekburi
TEXTO ORIGINAL DE MELHOR COM SAÚDE
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