Tony Ramos está recuperado do acidente vascular cerebral que o levou a se submeter a duas cirurgias na cabeça em maio passado, e já retorna aos palcos do teatro na próxima sexta-feira (12), ao lado de Denise Fraga, no que chama de ‘a peça da minha vida’. Passado o trauma, o ator de 75 anos relembrou como foi o dia em que sentiu-se mal e desmaiou.
“Eu estava no Rio de Janeiro para terminar as filmagens do filme ‘A Lista’, com a Lilia Cabral e vinha sentindo uma dor de cabeça. Quando tossia, doía a minha testa, bem na frente, às vezes na lateral. Eu dizia para a minha mulher que achava que tinha pinçado um nervo na coluna. Ela me disse ‘vai ao médico’. Mas eu não tinha tempo naquele dia, então tomei um remédio comum e fui deitar. Quando comecei a me demorar, estava chegando a hora de eu sair para a filmagem, ela subiu até o quarto e me encontrou desfalecido, entregue, desmaiado”, contou o ator em entrevista concedida à coluna de Mônica Bergamo.
“Nisso chegou o carro da produção, a Lidiane chamou nosso funcionário e pediu que ele chamasse o motorista do filme para ajudar, porque ela não aguentava o meu peso sozinha. Ligou para a minha médica por FaceTime. Quando me viu daquele jeito, ela mandou uma ambulância na mesma hora.”, relatou Tony.
O ator foi encaminhado para o Hospital Samaritano, no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. Os médicos imediatamente pediram que a sala de cirurgia fosse preparada. Tony Ramos chegou ao hospital, fez uma tomografia. Assim que os pontos do sangramento ficaram visíveis através do exame, o neurocirurgião determinou em que lugar ia perfurar o crânio do ator para drenar o sangue que estava comprimindo seu cérebro e causando as dores de cabeça.
Tony foi submetido à primeira cirurgia minutos após chegar ao hospital. Algum tempo depois, já na UTI, o ator teve uma convulsão e precisou passar por uma segunda cirurgia. Ou seja, outro buraco foi aberto na cabeça dele para drenar mais um tanto de sangue de um segundo hematoma que havia ficado escondido na tomografia, embaixo do primeiro.
“Eu tô repetindo tudo o que a minha mulher me contou, eu mesmo só me lembro do que aconteceu quando acordei na UTI, depois de o pior já ter passado.”, disse o artista.
Tony conta que deu início à fisioterapia logo que foi transferido para um quarto de hospital normal e tem feito diariamente desde então. Outro exercício que ele fez ainda na cama do hospital foi testar a memória, e passou todo o texto da peça “O Que Só Sabemos Juntos”.
“Essa peça é muito especial, porque ela invade até terrenos da minha infância, coisas que estavam guardadas na minha memória há muito tempo”, conta o ator. “É um espetáculo que nasceu na sala de ensaio, e ver isso acontecer, de uma maneira muito orgânica, mas pulsante, é uma coisa muito especial”, conta Tony.
“A gente ia fazendo exercícios, improvisos, ia vendo o que estava funcionando, aí juntava com um trecho de uma poesia do Fernando Pessoa, uma história pessoal, uma cena de filme de super-herói. Só de falar me emociona.”
Tony Ramos estava longe dos palcos há 20 anos quando surgiu o convite para construir e apresentar “O Que Só Sabemos Juntos”, uma espécie de spin-off, um produto derivado, digamos, do espetáculo anterior de Denise Fraga, também apresentado no Tuca, um enorme sucesso de público e crítica chamado “Eu de Você”.
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