Ultimamente, em tempos de busca pelo sucesso a qualquer preço, de necessidade de fama, grana e popularidade, fica difícil encontrarmos quem não se aproxima da gente com segundas intenções. Isso porque muitos procuram, mais do que amizade, por algo que possamos lhes oferecer em troca, em termos materiais mesmo, ou porque temos amizade com alguém importante, quem sabe até por conta de frequentarmos ambientes onde circulam pessoas mais interessantes monetariamente.
A verdade é que estamos rodeados de pessoas que não conseguem simplesmente apreciar e aproveitar o que há ao seu redor, sem querer tirar algum proveito disso. Trata-se daqueles que vivem pendurados em favores políticos, que se filiam a sindicatos intencionando desfrutar de privilégios, que se aproximam de endinheirados para viver uma vida que não é sua, que sugam além do permitido a solicitude alheia. Desconhecem, portanto, o gostar porque sim.
O pior é quando a pessoa interesseira começa a querer ser o que o outro é, ter a vida do outro, roubar-lhe a existência toda. A inveja, quando intensificada, torna-se patológica e se vale de expedientes isentos de escrúpulos, o que pode trazer muitos dissabores ao alvo dessa negatividade. Saudável é admirarmos o outro, a ponto de nos sentirmos motivados a conseguir o que desejamos por nossos próprios esforços. Porém, quem se aproxima de alguém somente para obter vantagens para si não é digno de consideração.
Mesmo que, algumas vezes, sintamos inveja de alguém, precisamos nos conscientizar de que temos capacidade de obter muito do que sonhamos, sem precisar usar de meios antiéticos, pois a manutenção de nosso caráter é que nos ajudará a alcançar aquilo que nos cabe. Tudo o que vier até nós de forma ilegal, forçada, sem naturalidade, não valerá a pena, uma vez que sempre saberemos a procedência daquilo tudo. Caso tenhamos um mínimo de caráter, ficaremos intranquilos com essa situação.
Nada daquilo que começa errado tem muitas chances de dar certo. Casamento por conveniência, amizade por interesse, riqueza ilícita, muito difícil imaginar que essas pessoas possam viver com paz de espírito ou dormir com a consciência tranquila, caso elas possuam integridade e caráter ético. Conviver com o que se fez ou se deixou de fazer será sempre inevitável, ou seja, ter a certeza de que somos e temos aquilo que conseguimos de forma limpa e por nosso próprio mérito nos manterá mais felizes e completos. Porque, então, ainda que com pouco, teremos a sensação de muito, de satisfação plena e de realização pessoal.