Por Marcos Antonio Françóia
Algumas pessoas não parecem fazer nenhum esforço para sentir-se bem consigo mesmas. Outras, no entanto, olham no espelho e nunca ficam felizes com o que vêem.
“Auto-estima é o conjunto de crenças e atitudes que você tem em relação a si mesmo e ao pensamento de outros com relação às suas capacidades”, avalia o professor Marcos Antonio Françóia, e continua “poderia dizer que auto-estima é ter amor próprio, é se gostar, é ser positivo em relação aos acontecimentos da vida, por piores que pareçam.
Auto-estima é levantar ao amanhecer e lembrar que você está vivo para mais um dia e agradecer ao Ser Supremo por sua vida. É olhar-se no espelho e se achar lindo e gostosão, mesmo com uns centímetros a mais na cintura, cabelos faltando ou muitos já brancos. Ter auto-estima é ter autoconfiança, é ser feliz, ter auto-respeito, ser seguro, ser humilde, franco e transparente. É gostar do mundo.”
Parece impossível ficar tão de bem com a vida? Não desanime. Pelo menos até ter lido toda a entrevista que o Delas fez com o professor Françóia, um especialista em neurolinguística, cujas reflexões vão, com certeza, ajudar você a gostar mais da pessoa que vê no espelho todas as manhãs.
Auto-estima nasce com a gente ou vamos adquirindo?
Se considerarmos como nascimento o momento da nossa concepção, com pai e mãe se amando, no sentido do ato sexual, começamos a aprender a nossa auto-estima neste instante. Permita-me ficar somente nesta concepção de nascimento e início do aprendizado de auto-estima, mas se o amigo leitor quiser pode ainda incluir aprendizados passados que já trazemos conosco ao nascer.
A nossa auto-estima é construída a cada momento de nossa vida. E começa com um ato sexual amoroso, de respeito, de aceitação e responsabilidade por uma vida que pode estar sendo gerada. Depois, pelos pensamentos positivos da mãe, pelas conversas com o bebê. É construída por um pré-natal correto e por um parto tranqüilo. Até mesmo o famoso “tapinha no bumbum” ajuda a moldar nossa auto-estima. A auto-estima é construída pela nossa educação, pelos ambientes em que vivemos e pelas pessoas com quem convivemos.
Então, sem uma educação adequada ou um ambiente saudável uma criança vai ter problemas com a sua auto-estima?Sim, as chances são grandes. Porém, o mundo está cheio de exemplos de pessoas que superaram a tudo e viveram suas vidas de forma digna e feliz.
Nós temos o poder de decidir pela felicidade. Fatores inconscientes formam a nossa auto-estima, mas não significa que por ela estar baixa somente vivenciamos momentos ruins. Podemos acessar em nosso inconsciente nossos pontos fortes, nossos momentos de felicidade e de amor e, alicerçados nestes sentimentos superar nossos limites. Podemos reconstruir nossa auto-estima.
Como saber se a minha auto-estima está baixa?
Convivemos diariamente com pessoas que sinalizam uma “baixa-estima”. São pessoas que não confiam em seu potencial, que não se cuidam, pessoas que reclamam demais, pessoas que querem aparecer demais. Estes sinais, embora não signifiquem necessariamente problemas de auto-estima, sugerem alguma dificuldade nesta área. Para ilustrar vamos comentar alguns destes sinais e sugerir formas de fazer estes comportamentos trabalharem a seu favor e não contra você….
Não se vestir bem ou adequadamente.
Vestir-se bem não é usar roupa de grife ou mesmo o top da moda, mas vestir-se com roupas adequadas ao ambiente que você freqüenta, sóbrias, limpas, passadas, com cheiro de limpa, com calçados limpos;
Não procurar ter uma aparência saudável.
A roupa também ajuda a melhorar a aparência, mas não é só isso que melhora o astral. Mulheres maquiadas e penteadas sem exageros, homens de barba feita ou bem aparada, cabelo penteado, pessoas com cheiro de banho, com olhos abertos e atentos, cabeça erguida, um lindo sorriso no rosto, isto tudo melhora a aparência, e garanto, faz você se sentir um vencedor mesmo não querendo…
Viver reclamando que não consegue aprender nada, que ninguém gosta de você, que todos o desprezam, a vida está difícil etc.
Vá a luta! Ocupe seu espaço na vida! Se você ficar olhando o trem da vida passar ficará o tempo todo no mesmo lugar. Entre nesse trem e viva a vida como passageiro. Vigie seus pensamentos, olhe a vida com os olhos do amor, seja feliz; Fazer das doenças, de coisas negativas e até mesmo da vida alheia seus assuntos prediletos. Novamente, vigie seus pensamentos, pois o seu inconsciente pode se acostumar com tantas coisas ruins e além de te deixar de baixo astral pode resolver lhe presentear com tudo aquilo que você tanto pensa.
Levante a cabeça! Vista-se de campeão;
Não gostar ou ter medo de abraçar, de sorrir, de beijar, ou mesmo de ser abraçada ou beijada. Não gostar do dia do seu aniversário. Anuncie ao mundo que você está vivo e quer ser feliz. Este sentimento irá tomar conta de seu coração e de sua mente, lógico que sempre com uma boa dose de bom senso, mas faça, muitas pessoas vão querer estar do seu lado;
Ser arrogante, presunçoso, se achar sempre o máximo.
Aproveitar-se do desempenho alheio para se valorizar, gostar de levar vantagem em tudo, fazer questão de se mostrar muito seguro de si e gostar de estar em evidência. Este perfil de pessoas é muitas vezes confundido. Dá a impressão falsa de que você está cheio de auto-estima, mas cuidado, muita coisa pode se esconder por traz de tantas penas de pavão, como insegurança, necessidade de reconhecimento e valorização, solidão, incompetência etc.
Tipos como estes agradam por um tempo, mas um dia a máscara cai e aí uma recuperação pode ser difícil. Devemos praticar a humildade sempre. Reconhecer nossas imperfeições para mudar e valorizar os nossos pontos fortes e criar relacionamentos sinceros e duráveis. Quando traímos nossos valores, traímos nosso inconsciente e nossa auto-estima também;
Não ter objetivos, viver ao “sabor dos ventos”.
Não ter opinião e ser uma “Maria vai com as outras”. Estabeleça objetivos para sua vida, de curto e de longo prazo. Organize-se para atingi-los. Escreva o que, quando e como quer os seus objetivos. Vigie seus pensamentos e construa o seu futuro.
Não olhar nos olhos ou estar sempre de cabeça baixa ou, mesmo, não gostar de conviver socialmente, nas festinhas de amigos, restaurantes, show, turismo etc.
Valorize-se, acredite em seu potencial, não tenha nada a esconder, tenha uma vida transparente e digna, valide-se. Em estatística, validar algo é testar e reconhecer o valor do resultado.
Na vida, validar é reconhecer o seu potencial, e mais, o potencial das pessoas que convivem com você. Validar é ensinar, parabenizar, abraçar, beijar, sorrir, corrigir, encaminhar, dizer obrigado, por favor, levantar o polegar em sinal de positivo. Valide mais os outros, certamente os outros vão querer estar sempre perto de você e vão validá-lo.
Cuide bem de seus relacionamentos sociais.
Poderia citar outros exemplos que caracterizam, porém não definem uma pessoa como tendo uma baixa-estima, mas ficamos com estes. Se sua auto-estima vai mal, a culpa é sempre dos outros?A todo o momento em nossas vidas estamos sujeitos a receber através de olhares, de comentários, de avaliação escrita ou de acontecimentos uma carga de críticas que podem derrubar a nossa auto-estima. Mas nós temos o poder de decidir se estas coisas vão ou não nos afetar.
Nossa auto-estima vai mal por nossa culpa, porque nós permitimos que outros pilotem o avião de nossas vidas. Se o avião bater em algum prédio, fomos nós que permitimos. Qual é o papel dos outros no desenvolvimento ou não de nossa auto-estima?Nossa auto-estima pode ser moldada pela nossa educação e pelo ambiente em que vivemos, mas isto apenas enquanto não aprendemos a tomar decisões ou enquanto dependemos de outros para tocar nossa vida.
A partir do momento em que você tem consciência para decidir sobre o que quer e o que não quer para sua vida, você não permite que os outros afetem sua auto-estima. Não é fácil, mas é uma questão de decisão, de querer ou não estar bem.
Agora, os “outros”, ou melhor nós, temos um papel fundamental para elevar a estima dos outros. Fazemos isto dando atenção, aconselhando às vezes, pegando na mão, sorrindo, mas o fundamental e é ouvir muito. Fazendo isso estaremos elevando a nossa estima. O que mandamos para a vida ela nos devolve potencializado.
Ouvi certa vez, de um amigo, que quando partirmos desta vida seremos muito cobrados pelo bem que deixamos de fazer pelos outros, mais até do que por aquilo que realizamos de bom. Muito do que escrevo ou falo não são palavras minhas, mas ensinamentos que recebi de outros através de diálogo, livros, estudos e observações. Acredito que tenho o dever de compartilhar e isto me faz bem.
Que outras formas existem de lidar com nossa auto-estima que não dependam tanto da aprovação ou não de terceiros?
Penso que mesmo trancando-se em casa para não ver mais a cara de ninguém ou mesmo quando partimos desta vida nunca deixamos de ser alvos de críticas e comentários destrutivos, negativos e muitas vezes injustos. A avaliação de terceiros deve ser encarada como crescimento, mesmo a avaliação negativa.
Certa vez, ouvi a seguinte frase de uma pessoa que considero muito: “Bendito sejam os vencedores que se vangloriam de suas qualidades e apontam nossos defeitos, pois mostram os nossos erros e o caminho para o sucesso.” Ouvi esta colocação de Tadashi Kadamoto. Não sei se é de sua autoria e nem se são exatamente estas as palavras, mas elas marcaram um momento em minha vida. Acredito que encarando a crítica desta forma enfrentaremos os momentos difíceis com sabedoria e dignidade. Com certeza ainda vai doer, mas com menor intensidade e por um tempo menor.
Existem formas ou técnicas ou truques para desenvolver a auto-estima?
Nas respostas anteriores já existem algumas dicas para melhorar a auto-estima, mas poderia resumir assim:
Ame-se incondicionalmente. Admire-se muito, acostume-se com sua imagem. Procure um bom fotógrafo e faça um retrato com uma roupa de “casamento”. Seja modelo por algumas horas. Admire seus traços, seus olhos, seu jeito.
Filme-se com uma câmera caseira. Converse, cante, ria e fale com você mesmo e depois assista ao filme muitas vezes, até se acostumar com sua voz e imagem. Repare que em seu jeito tem muita coisa para ser admirada e talvez você seja muito parecido com pessoas de quem que você gosta, então você também é especial;
Leia muito, leitura saudável, livros de auto-ajuda;
Olhe para os lados e perceba que há pessoas em pior situação que você. Visite orfanatos, hospitais, lares de idosos. Distribua carinho e sentirá uma energia fantástica tomando conta de você;
Desperte seu lado intelectual. Estude, faça cursos, participe de palestras, leia livros técnicos. Agregue valor a sua empresa chamada Você S/A. Você será notado, requisitado;
Tenha uma crença espiritual. Confie em seu Ser Supremo, seu Deus, o Ser de Luz, dentro de sua crença. Ele sabe responder as suas dúvidas;
Exponha-se mais, arrisque-se, mostre-se ao mundo. Viva em sociedade. Crie relacionamentos sinceros e duráveis. Escreva cartas, telefone, talvez até valha a pena arrumar um profissional especializado para te ouvir e te guiar.
Agora, cuidado! Coloque um filtro para:
Convivência com pessoas negativas, pessimistas, pessoas egoístas e interesseiras; Locais que não condizem com suas crenças e valores; Vícios diversos; Sede de poder, de possuir exageradamente coisas materiais; Despreocupação com sua saúde. Filtre e extraia o que é positivo.
Falamos sobre gente que aparenta uma boa auto-estima, mas que funciona como uma máscara que esconde problemas. Como podemos identificar se não estamos enganando a nós mesmos? Também tenho meus momentos de baixa-estima, porém levanto a cabeça e vou à luta. O importante é aceitar que todos estamos sujeitos a momentos de depressão, mas devem ser apenas momentos. Não podemos confundir amar a si mesmo com egoísmo.
A pessoa que se ama tem um despertar de consciência. Ela procura crescimento, estudo, evolução espiritual e intelectual e isso a leva a se entregar, a se desprender de interesses individuais. A pessoa que realmente se ama gosta de ver os outros felizes.
Porém, pessoas que se amam egoisticamente são infelizes, buscam a posse, o domínio, gostam por interesse, para atender as suas necessidades. Amam somente por prazer e quando ele acaba também acaba o “amor”.
Ame-se! Seja feliz! Arrume um amante! Um texto que recebi recentemente de uma amiga dizia que temos que ter um amante para sermos felizes, seja um amante-trabalho, um amante-estudo, um amante-filhos-para-cuidar, livros para ler, internet para bate-papo, um amante-esporte para praticar, quadros para pintar, ou mesmo um amante-parceiro que te respeite e que pode ser até o que você já tem, mas todos devemos nos ocupar com nossos amantes e ser felizes.
TEXTO ORIGINAL DE AMIGOS DO FREUD