O Natal é, na sua essência, uma época bonita porque, ao falarmos de Natal, falamos de família, de união, de generosidade para com os outros. Pena é que o espírito de natal se fosse alterando e poucos hoje o vivam de um modo saudável e feliz. Certo é que todos os anos, por esta altura, a cena se repete. As montras enfeitam-se com motivos de Natal e a televisão chama a atenção para novos e aliciantes brinquedos. Os mais pequenos começam então a elaborar a lista de desejos que querem ver satisfeitos.
No meio destas crianças, existe um grupo cujos desejos aumentam dia a dia. Hoje querem uma consola e três jogos, amanhã querem também um leitor de CDs e um álbum para colocar fotos, no outro dia acrescentam alguns filmes de DVD… a lista começa a ser tão longa que dificilmente poderá ser atendida. Quando os pais as tentam contrariar, eles optam pela chantagem emocional.
Ou fazem birras, ou então referem que todos os outros meninos lá da escola têm e, sendo assim, eles também querem. Subjacente a tudo, está a incapacidade de os mais velhos conseguirem dizer “não” nos momentos certos, estabelecendo limites claros na educação. As crianças vão crescendo com a convicção de que tudo lhes é permitido. A pressão social e o mercado aliciante de brinquedos, encontram nesta situação um terreno fértil já que é tarefa fácil fazer com que estas crianças desejem tudo o que lhes é apresentado nos meios de comunicação.
OS ADOLESCENTES
De fato, hoje em dia é muito difícil para um pai manter-se firme no que respeita as tendências de consumismo. Raros são os jovens (e mesmo crianças) que não possuem celular e que vão mudando de modelo á medida que a tecnologia vai avançando. No grupo de adolescentes é bastante mais problemático contrariar esta tendência porque trata-se também de um fator de integração no grupo. Os jovens estão sempre a par de tudo o que é novidade e gostam de possuir o modelo mais atualizado, mais que não seja para poderem mostrar aos amigos.
As marcas de roupa são também essenciais, quando se fala em adolescentes, por isso não admira que a lista de Natal inclua umas calças da marca X, ou um blusão de marca Y. Perante a enorme despesa que esta questão implica, a única alternativa reside em negociar ou seja, estabelecer um montante fixo em euros que pretende gastar e dizer ao jovem que ele próprio terá de gerir esse dinheiro. As coisas da lista que fiquem de fora podem sempre ser adquiridas mais tarde, aproveitando o facto de muitos familiares optarem por dar dinheiro como prenda de Natal.
DE PEQUENINO….
Se a questão é complicada de gerir quando se fala em jovens adolescentes, isso pode ser contornado no que respeita os mais novos. Uma criança que quer tudo, será também aquela que pouco prazer tem nas coisas que tem. O exemplo típico são aquelas cujos quartos se encontram repletos de brinquedos até ao teto, alguns ainda dentro das caixas, mas que não brincam com nada. Os brinquedos facilmente deixam de ter interesse, são colocados de lado e substituídos por outros.
Para além disso, não deixam que ninguém toque nos brinquedos antigos e mesmo que os pais lhes digam que poderiam oferecê-los a meninos pobres, a ideia não é aceite. O egoísmo cresce diariamente e acreditam que o mundo roda em torno deles. Qualquer desejo tem de ser realizado, caso contrário não conseguem ultrapassar a sensação de frustração o que, em termos de futuro é bastante problemático já que poderão vir a transformar-se em adultos com problemas sociais, quer de adaptação, quer de integração.
O QUE É QUE OS PAIS PODEM FAZER?
Comece por estabelecer só para si, um plafond do que quer gastar em brinquedos neste Natal. Fale também com os avós e explique-lhes a necessidade de colocarem um travão na tendência para o consumismo exacerbado que o neto está a cimentar. A colaboração deles é preciosa uma vez que existe sempre a tendência para colmatarem as lacunas que os pais deixam em aberto. Depois pergunte ao seu filho o que é que ele gostava de ter, aproveitando para lhe pedir que escreva uma carta ao Pai Natal. Deste modo está a manter uma bonita tradição e a estimular-lhe o espírito criativo.
Certamente ele vai basear-se nos folhetos que os supermercados distribuem, onde existe a informação do preço do artigo. Diga-lhe então que some o preço de todos os artigos da lista que elaborou, de forma a conseguir ter a noção do preço total. Estará a desenvolver-lhe o raciocínio matemático e a sensibilizá-lo para que lentamente vá aprendendo que o dinheiro tem um valor e que é fruto do trabalho dos pais. De seguida, informe-o do plafond estabelecido e dê-lhe a responsabilidade de ser ele próprio a excluir da lista os brinquedos que sejam menos importantes. No fim é só esperar pelo dia de Natal para que ele fique a saber se na árvore o desejo aparece materializado!
ESTIMULAR A GENEROSIDADE
O Natal constitui um momento precioso, no que respeita a transmissão de valores como a generosidade e o respeito pelo próximo. Pode e deve aproveitar para dizer ao seu filho que existem crianças e idosos sem possibilidades de ter comida, roupa e brinquedos. Assim, há que selecionar de entre os brinquedos usados, alguns que possam ser oferecidos a instituições de caridade. Ao mesmo tempo, quando for fazer compras ao supermercado adquira umas coisas extra para doar às instituições de caridade. Esse sim é o verdadeiro espírito de natal!
Imagem de capa: Shutterstock/TES_PHOTO