“Apanhei dos meus pais e não levo nenhum trauma.”, diz confiante a moça que não gosta de multidões e tem dificuldades para interagir.
“Apanhar na infância fez parte do meu crescimento pessoal”, afirma a mulher que admite ter se envolvido em relacionamentos abusivos durante toda a sua vida.
“Apanhava uma vez só e aprendia a lição.”, relata o homem casado que aprendeu a mentir para evitar as responsabilidades e mente compulsivamente sobre coisas banais, destruindo a confiança que deve haver entre o casal.
“Umas palmadinhas moldam o caráter” , expressa o jovem executivo que sofre de crises de pânico antes de reuniões, para as quais ele precisa estar medicado para participar.
“Apanhei dos meus pais e não tenho nenhuma mágoa.”, diz a pessoa que hoje não sabe expressar seu descontentamento, que não consegue falar sobre seus sentimentos, e aceita até o inaceitável de familiares e amigos porque não consegue entrar em um debate saudável e nem defender sua própria opinião.
“Apanhei dos meus responsáveis e sou grato a eles.”, conta a pessoa que desconfia de tudo e de todos, que acredita que sempre estão falando mal ou conspirando contra ela, que sente que o azar está sempre à espreita.
“Apanhei e me tornei uma boa pessoa.”, diz com orgulho a boa pessoa que acredita que não merece coisas boas e se auto boicota sem perceber.
“Apanhei dos meus pais na infância e estou bem!”, dizem todos que defendem que crianças são os únicos seres vivos que merecem apanhar para aprender, sem perceber que perpetuar o ciclo da violência é um dos principais sinais de que não se está nada bem
“Ahhh… Mas quer dizer que todo problema que a pessoa tiver terá sido porque ela apanhou?”
Não. Claro que não, diminua os batimentos cardíacos e termine a leitura. Sempre existem as exceções.
Ser educado com violência e agressividade durante a infância pode deixar marcas que são levadas para a vida adulta, resultando em padrões de comportamento que causam danos na vida profissional e afetiva da pessoa.
Quando uma pessoa apanha na infância, rompe-se o elo da entrega e da confiança. Dor e confusão se misturam em uma compreensão distorcida do que é amor. Não significa que a pessoa, necessariamente, vai refletir isso na relação com os pais (às vezes sim), na maioria das vezes ela irá refletir isso em sua relação com outras pessoas e com a própria vida.
A criança que apanha não deixa de confiar em seus pais, deixa de confiar em si mesma. Ela passa a acreditar que não merece ser amada.
Entender o que uma educação violenta pode causar não se trata de ingratidão, seus pais fizeram o melhor que podiam com aquilo que era possível na época deles. Perceber que educar e bater não combinam não se trata de encontrar culpados, na verdade, se trata de auto responsabilização, se trata de escolher conscientemente o que fazer com aquilo que te fizeram.
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Texto adaptado por Destaques Psicologias do Brasil do original de Luzinete R. C. Carvalho, publicado em Papo de Pai.
Fotos: Reprodução.
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