Dezenas de milhões de pessoas no mundo inteiro prometem a cada ano perder peso em suas resoluções de ano novo. Mas enquanto suas intenções são boas, na maioria das vezes seus resultados não são tanto assim. Estima-se que apenas 8% dos que fazem resoluções de dieta ano novo, de fato, conseguem mantê-las.
Só quem já tentou fazer uma dieta alguma vez na vida sabe como este caminho é cheio de pedras. Mesmo que a gente consiga perder algum peso inicialmente, ele acaba retornando logo – quando não acompanhado de alguns quilos extras.
Estudos mostram que quase 2 em cada 3 pessoas que perdem 5% do seu peso total ganham tudo de volta, e quanto mais peso você perde, menores são as suas chances de perdê-lo para sempre.
Segundo a neuropsicóloga e diretora do Programa de Medicina Integrativa do Orlando Health, Diane Robinson, a maioria das pessoas se concentra quase que exclusivamente sobre os aspectos físicos da perda de peso, como dieta e exercício. Mas há um componente emocional relacionado à comida que a grande maioria das pessoas simplesmente ignora, e que pode sabotar seus esforços rapidamente.
Uma pesquisa recente realizada nos estados unidos com mais 1 milhão de pessoas constatou que 31% dos americanos acham que a falta de exercício é a maior barreira para a perda de peso, seguido por aqueles que dizem que é o que você come (26%) e o custo de um estilo de vida saudável (17%).
Outros 12% disseram que a maior barreira para a perda de peso foi o compromisso de tempo necessário. Apenas 10% ressaltaram o bem-estar psicológico como um fator decisivo para o sucesso ou não de uma dieta.
Para a Diane Robinson, isso pode explicar por que tantos de nós têm dificuldade. Afinal, perder peso e manter esta conquista a longo prazo necessita pensar sobre o que nós comemos, e entender por que estamos comendo.
A partir de uma idade muito jovem, ficamos emocionalmente ligados à alimentação. Como as crianças que são muitas vezes amamentadas para parar de chorar, nós inconscientemente nos recompensamos bom comportamento com comida.
A maioria das celebrações, como aniversários, Natal, Ano Novo e etc acontecem em torno da comida, e geralmente envolvem um bolo bem confeitado que deixa todo mundo com água na boca só de imaginar.
Mesmo o simples cheiro de certos alimentos, como os biscoitos no forno da vovó, pode criar poderosas conexões emocionais que duram uma vida.
De acordo com Diane Robinson, o fato principal é que estamos condicionados a usar a comida não apenas para alimentação, mas também como uma forma de conforto emocional.
Isso obviamente não é uma coisa ruim, necessariamente, contanto que a gente saiba reconhecer e lidar com esta ligação de forma adequada.
Sempre que o cérebro experimenta o prazer por qualquer motivo, ele reage da mesma maneira: gosta muito. Quer se trate de derivados de drogas, um encontro romântico ou uma refeição satisfatória, o cérebro libera um neurotransmissor conhecido como dopamina. Nós nos sentimos bem quando esse processo é ativado, mas, segundo Robinson, quando começamos a colocar os alimentos nesta equação e fazer com que eles sejam nossa recompensa, podemos acabar criando um monstro.
Na verdade, os pesquisadores descobriram uma ligação entre problemas emocionais, como estresse, ansiedade e depressão, e maiores índices de massa corporal (IMC). Muitos de nós podem se relacionar com a ideia de exagerar no happy hour depois de um dia ruim no escritório, por exemplo, ou comer um pote de sorvete para nos ajudar a lidar com más notícias.
Esse era um mecanismo de enfrentamento comum, por exemplo, para Shekyra Decree, de Columbus, Ohio. Ela trabalha como terapeuta de saúde mental e, como podemos imaginar, seu dia a dia pode ser muito estressante. Sua forma de relaxar era comer.
Depois de reconhecer a ligação emocional que tinha com os alimentos, Shekyra Decree começou a fazer mudanças conscientes. Então, em pouco mais de um ano, ela perdeu mais de 45 kg.
Antes de atacar o ponto chave da questão, ela já tinha tentado milhares de dietas, e nada tinha funcionado para ela. O que funcionou, contudo, foi mudar a maneira de lidar com suas emoções, seu estresse e ansiedade.
A Dra. Robinson listou algumas dicas para ajudar você a reconhecer a conexão emocional que pode ter com os alimentos. Confira:
O objetivo é separar a fome da emoção (vontade de comer), e lutar contra este mecanismo de recompensa por alimento que desenvolvemos ao longo da vida.
Se você tem dificuldades, não se acanhe em procurar ajuda. Quando estamos focados nos aspectos físicos de perda de peso, muitos de nós não têm problema em fazer matrícula em uma academia ou contratar um personal, certo? O raciocínio aqui é o mesmo.
Pense na possibilidade de se juntar a um grupo de apoio, ou fazer visitar regulares a um psicólogo. Talvez o processo de colocar o corpo em forma deva começar pela mente.
Este artigo foi ilustrado com a experiência de Shekyra Decree, que está absolutamente encantada com a sua descoberta. E mais encantada ainda com os resultados. Mas, quando o assunto é dieta e emagrecimento, nem tudo funciona para todo mundo.
Da mesma forma que nenhuma dieta tinha funcionado para ela até agora, a conscientização emocional pode também não fazer diferença alguma para você.
Continue procurando o melhor método para seu organismo e não se esqueça de respeitar seu corpo e entender seus limites. [medicalxpress]
Texto original de Hypescience
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