Nesta quarta-feira (1), a atriz Juliana Caldas recorreu a seu perfil no Instagram para fazer um longo desabafo sobre a forma como a PcD – abreviação de Pessoa Com Deficiência – é retratada no filme ‘Amor sem medida’, protagonizado por Leandro Hassum e dirigido por Ale McHaddo e disponível na Netflix.
Segundo a sinopse disponível na Netflix, o filme conta a história de Ivana, uma bela advogada que se apaixona por Ricardo, um divertido cardiologista. Apesar da conexão entre os dois, Ricardo é um homem de baixa estatura e o casal deve enfrentar a discriminação de outras pessoas e seus próprios preconceitos para viver esse amor.
Juliana iniciou seu desabafo falando sobre a falta de representatividade na produção. “Estou aqui gravando esse vídeo para dar a minha opinião sobre um filme que está na Netflix, um filme brasileiro que aborda o tema nanismo. Nossa, bacana! Só que não. Se a gente parar para pensar… A gente fala tanto hoje em dia da representatividade, da importância da representatividade no mundo, na diversidade, etc. A pessoa que faz o personagem que tem nanismo… o ator não tem nanismo, que é o próprio Leandro Hassum. Eles fizeram computação gráfica, diminuiram [o Hassum] em computação gráfica, essas coisas, para mostrar que ele tem baixa estatura.”, iniciou.
A atriz também se mostrou incomodada com a abordagem dada à Pcd no filme protagonizado por Hassum. “A maior parte do filme tem piadas totalmente capacitistas, totalmente preconceituosas e que não dá para aceitar hoje em dia. Quando a gente fala sobre o nanismo, a maior parte das vezes é nessa forma de piada e totalmente capacitista e preconceituosa. E não dá assim. Não dá mais para aceitar hoje mais um filme que faz você sentar e rir disso, rir dos outros, rir da condição do outro, sabe? O nanismo é considerado uma deficiência. Aí você rir disso hoje em dia não dá mais para aceitar. Eu não consigo, queria entender, realmente, se as pessoas sabem o que significa empatia. Porque eu, às vezes, vejo cada vez mais, que as pessoas não sabem.”, disse Juliana.
Em outro momento do seu desabafo, Juliana citou um trecho específico que detestou em Amor sem medida. “Uma das abordagens do filme é comparar o órgão genital masculino do cara com o tamanho dele. É um absurdo, a gente tenta lutar por respeito, pelo nosso espaço… Por exemplo, um espaço que poderia ter tido um ator realmente com nanismo no filme não teve. A gente tendo respeito… Agora, dia 3, é o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, e aí você tem que se deparar com um filme em que a maior parte é de piadas ridículas. Até quando? Foi assim que parei de assistir o filme, não dá. Eu acho que, enfim, você pode realmente achar que é mimimi, que é essas coisas… Mas não dá para passar batido a falta de respeito com o próximo. Ainda mais no momento no mundo de hoje, sabe? E todas as outras pautas a gente vê que são levadas a sério. E aí quando você põe a pauta de nanismo, a maioria das vezes não é levada a sério”, destacou.
“É cansativo ter que explicar o óbvio, o simples, explicar que a partir do momento que uma piada ou frase fere o outro não é legal. Espero que, no mínimo, as pessoas parem para pensar um pouco, parem para respeitar o próximo, e entender realmente o que é empatia… E exercer a empatia, porque não é só saber o seu significado. Espero que as pessoas, realmente, além de entender, coloquem em prática a empatia”, concluiu Juliana.
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Quem.
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